Saudado pelo governo Meloni como uma obra de impulso econômico, projeto provoca críticas devido aos elevados custos e riscos causados por terremotos. Se concluída, construção pode se tornar maior ponte suspensa do mundo.Um comitê de ministros italianos aprovou nesta quarta-feira (06/08) a construção de uma ponte de 3,3 quilômetros de extensão, conectando a ilha da Sicília, através do Estreito de Messina, à Itália continental.
O polêmico projeto vem sendo discutido há décadas. Agora, os planos mais recentes preveem a conclusão da ponte até 2032.
Se concluída, a Ponte do Estreito de Messina pode tomar o recorde de maior ponte suspensa do mundo da Ponte Çanakkale, na Turquia, que tem 2,02 quilômetros de extensão.
A ser financiado por meio de verbas estatais, o projeto foi saudado pela coalizão de governo liderada pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, como um impulso econômico para o sul empobrecido da Itália.
"Não é uma tarefa fácil, mas consideramos um investimento no presente e no futuro da Itália, e gostamos de desafios difíceis quando eles fazem sentido", disse Meloni, segundo seu gabinete, durante o encontro que aprovou a construção.
Em uma coletiva de imprensa em Roma, o ministro dos Transportes, Matteo Salvini, também comemorou a decisão, qualificando a ponte como "o maior projeto de infraestrutura do Ocidente".
Por que a ponte é controversa?
Críticos chamam atenção sobretudo para os riscos da construção de uma ponte suspensa com extensão recorde em uma zona de terremotos, apontando também para seus custos, os possíveis danos ambientais e o receio de que a máfia possa se infiltrar em contratos de construção.
No início desta semana, associações ambientais apresentaram uma queixa à União Europeia sobre os sérios riscos da construção da ponte para o meio ambiente local.
Nicola Fratoianni, parlamentar da coligação oposicionista Aliança Verde-Esquerda, criticou duramente o "megaprojeto que desviará uma enorme quantidade de recursos públicos" e que "corre o risco de se transformar em um gigantesco buraco negro".
Já o Partido Democrático, de centro-esquerda, alertou que o projeto "viola as normas ambientais, de segurança e europeias, além do bom senso".
Muitos acreditam que o megaprojeto, que vem sendo discutido desde a década de 1960, nunca se concretizará. Mas os ministros consideraram a aprovação de quarta-feira pelo comitê governamental o maior avanço que o projeto já teve.
O que se sabe sobre o projeto?
O custo do projeto foi estimado em 13,5 bilhões de euros (86,2 bilhões de reais).
A ponte foi projetada para atravessar uma estreita faixa de água entre a Sicília e a região da Calábria, com duas linhas ferroviárias no centro e três faixas de tráfego em cada lado.
A expectativa dos defensores da ponte é que ela reduza significativamente o tempo de viagem de ida e volta para a Sicília, que atualmente sofre atrasos devido a viagens de balsa que envolvem longas esperas.
O ministro dos Transportes Salvini estimou o início das obras já em setembro ou outubro. Ele também elogiou o projeto, juntamente com um conjunto de outras novas estradas, ferrovias e estações, como um "acelerador de desenvolvimento" para as regiões empobrecidas da Sicília e da Calábria.
Ele sinalizou inclusive o possível alcance de propósitos militares com a nova construção: "É óbvio que [o projeto] é de dupla utilização e, portanto, pode ser usado também por razões de segurança", disse em entrevista coletiva.
ip (AFP, Reuters, ots)