ROMA, 22 OUT (ANSA) – O ministro das Finanças da Itália, Giovanni Tria, enviou nesta segunda-feira (22) uma carta para a Comissão Europeia, na qual defende que o governo não pretende mudar o projeto da lei orçamentária para o próximo ano.

No documento, Tria ainda garantiu que o aumento dos gastos públicos para financiar as propostas de campanha da coalizão entre o Movimento 5 Estrelas (M5S) e a Liga não coloca em risco a estabilidade financeira da Itália ou dos outros países da União Europeia.

“Acreditamos que o fortalecimento da economia italiana também é do interesse de toda a economia europeia”, diz a carta. No entanto, o ministro das Finanças, acrescentou que, se a manobra não resultar em uma evolução, o “governo compromete-se a agir através de todas as medidas necessárias para assegurar que os objetivos indicados sejam estritamente respeitados”. Para Tria, a administração da Itália “considera que as condições macroeconômicas e sociais são particularmente insatisfatórias uma década após o início da crise e considera necessário acelerar o crescimento”.

No que diz respeito ao déficit estrutural, o governo italiano “está consciente de ter escolhido uma abordagem de política orçamental que não está em conformidade com as regras de aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Foi uma decisão difícil mas necessária”, explicou Tria à UE. A Comissão Europeia confirmou o recebimento da carta e deve enviar a Roma um pedido oficial de um novo plano de orçamento amanhã (23).

Logo depois, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, prometeu fidelidade à UE , apesar das divergências sobre o projeto para 2019, mas defendeu o orçamento com alto custo, contrariando as regras fiscais. “Nós reiteramos na carta, que foi enviada apenas agora, que estamos plenamente na Europa, queremos o diálogo com as instituições da UE, queremos que esta interlocução seja conduzida no espírito de diálogo construtivo, que não questionam o papel da Comissão da UE”, explicou Conte ainda ressaltou que a Itália não pretende eventualmente sair da zona do euro. “Leia meus lábios: para a Itália não há chance de um Italexit [referência ao Brexit britânico] sair da Europa ou da zona do euro”, disse.

Em meio à polêmica, o comissário de Assuntos Econômicos da Europa, Pierre Moscovici, afirmou que não quer nenhuma crise com o país da bota sobre seu projeto de lei orçamentária. “A Comissão Europeia não quer uma crise entre Bruxelas e Roma.

Meu estado de espírito é o do diálogo construtivo”, disse ele durante entrevista à rádio France Inter. Segundo Moscovici, a comissão fará uma reunião nesta terça-feira, mas ele não pode afirmar quando a decisão será tomada. “Quando você é um membro da UE e um membro da moeda única, da zona do euro, deve respeitar uma série de regras conjuntas”.

No entanto, ele ainda acredita que “o déficit estrutural da Itália é alto demais”.

Reunião ministerial Um dia antes da decisão da União Europeia sobre a manobra orçamentária, o primeiro-ministro Giuseppe Conte, se reúne nesta noite com representantes do governo no Palazzo Chigi. O encontro conta com a presença dos ministros dos Transportes, Luigi Di Maio, do Interior, Matteo Salvini, da Infraestrutura, Danilo Toninelli, e das Finanças, Giovanni Tria.

“A rejeição da manobra é quase certa, mas se alguém está convencido do que faz, como nós, continua”, disse Salvini aos jornalistas.

Questionado sobre a possibilidade do governo italiano mudar a “cota 100” e a renda de cidadania, o vice-primeiro-ministro ressaltou que não está disposto. “Não. Todo mundo faz suas escolhas, a UE vai fazer a sua própria e nós a nossa. Eu não vejo motivos para a UE rejeitar uma manobra com 15 bilhões [de euros] de investimentos”, finalizou. (ANSA)