O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, reiterou nesta sexta-feira sua intenção de extraditar o ex-militante italiano de extrema esquerda requerido pela Justiça de seu país após uma condenação por quatro homicídios.

Bolsonaro, que tomará posse em 1º de janeiro, respondeu a uma mensagem no Twitter do ministro do Interior e vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, que afirmou que dará “grande crédito ao presidente se ele ajudar a Itália a obter justiça ‘oferecendo’ a Battisti um futuro em nossas prisões”.

“Obrigado pela consideração de sempre, Senhor Ministro do Interior da Itália. Que tudo seja normalizado brevemente no caso deste terrorista assassino defendido pelos companheiros de ideais brasileiros! Conte conosco!”, escreveu Bolsonaro no Twitter.

Mais cedo, nesta sexta, o ministro da Justiça italiano, Alfonso Bonafede, afirmou que Roma só ficará satisfeita quando Cesare Battisti “for extraditado para a Itália”.

“O Supremo Tribunal Federal brasileiro ordenou a prisão de Cesare Battisti. Nosso pedido para rejeitar seu recurso foi aceito. É nisso que o Ministério da Justiça tem trabalhado há um longo tempo. Mas só ficaremos satisfeitos quando Battisti for extraditado para a Itália”, escreveu Bonafede no Twitter.

Na quinta-feira, o ministro Luiz Fux, do STF, decretou a prisão “com finalidade de extradição” de Battisti.

“Determino a prisão cautelar para fins de extradição do nacional italiano Cesare Battisti”, escreveu Fux na decisão, à qual a AFP teve acesso.

A medida visa impedir qualquer “tentativa de fuga” de Battisti, que o presidente eleito Jair Bolsonaro prometeu extraditar.

A prisão de Battisti foi solicitada ao Supremo pela Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge.

Battisti, 63 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro homicídios na década de 1970 – dos quais se declara inocente – quando militava no grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).

O italiano passou quase 30 anos como fugitivo entre México e França, onde teve uma bem sucedida carreira de escritor de romances policiais, até fugir para o Brasil, em 2004.

Em 2010, a justiça autorizou sua entrega à Itália, mas o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe concedeu status de refugiado político.

Mas após sua eleição, no final de outubro, Jair Bolsonaro prometeu extraditar Battisti, um gesto pelo qual Matteo Salvini agradeceu muito.

Em outubro do ano passado, o mesmo Fux impediu o cumprimento de uma medida cautelar que autorizava a extradição de Battisti, até que o Supremo se pronunciasse sobre o caso.

No final de outubro, em entrevista à italiana Radio Rai, Battisti chamou Bolsonaro de “charlatão” e afirmou que como presidente não teria autoridade para extraditá-lo, já que ele estava protegido pelo Supremo.

“Vamos torcer para que sua extradição seja rapidamente confirmada. Aqui, as prisões de seu país o aguardam de braços abertos”, comentou Giorgia Meloni, líder do partido de extrema direita Fratelli d’Italia (FDI).