No vasto universo do cinema, algumas produções acabam passando despercebidas pelo grande público, seja pela concorrência com blockbusters ou pela distribuição limitada. No entanto, muitas dessas obras mais “discretas” carregam histórias marcantes e abordagens inovadoras que merecem atenção. Apresentamos uma seleção de filmes que, apesar de não estarem em evidência, são essenciais para quem busca qualidade e originalidade em narrativas contemporâneas.
A Vastidão da Noite (2019)
Em um recorte temporal que remonta aos anos 1950, A Vastidão da Noite captura a atmosfera de paranoia e mistério associada aos primeiros relatos de objetos voadores não identificados. Dirigido por Andrew Patterson, o filme mergulha na cidade fictícia de Cayuga, Novo México, onde os personagens Fay Crocker e Everett Sloan trabalham em uma estação de rádio amadora. A narrativa evolui quando estranhos fenômenos são relatados por ouvintes, alimentando suspeitas sobre possíveis contatos extraterrestres.
Aclamado pela crítica em festivais como o Toronto International Film Festival, o longa é um tributo nostálgico ao gênero de ficção científica, apresentando-se como um marco independente que dialoga com o cinema clássico. Disponível na Amazon Prime Video, a produção se destaca pela originalidade em seu roteiro e a construção de suspense.
O Que Ficou Para Trás (2020)
Dentro do subgênero denominado “horror social”, O Que Ficou Para Trás oferece uma crítica contundente ao trato com refugiados, utilizando elementos do terror para ilustrar as angústias e os desafios enfrentados por aqueles que buscam asilo. O diretor Remi Weekes segue a trajetória do casal Rial e Bol, que, após fugirem do conflito no Sudão do Sul, instalam-se na Inglaterra. Confrontados por eventos sobrenaturais em seu novo lar, são desafiados a lidar com seus traumas internos e externos.
Com uma recepção calorosa da crítica, especialmente no British Independent Film Awards, este filme exclusivo da Netflix revela-se tanto uma obra de suspense quanto uma reflexão social sobre deslocamentos forçados e identidade.
O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017)
A visão singular do diretor grego Yorgos Lanthimos ganha forma em O Sacrifício do Cervo Sagrado, um thriller psicológico baseado vagamente na tragédia grega de Eurípides. A trama segue o cirurgião Steven Murphy, cuja vida pacífica é abalada pelo jovem Martin Lang, filho de um ex-paciente que gradualmente aprofunda sua influência na família de Murphy, desencadeando eventos sombrios e perturbadores.
A habilidade de Lanthimos em criar atmosferas desconcertantes e performances frias confere à obra uma marca registrada que polariza o público, mas que é constantemente elogiada pela crítica. Disponível no HBO Max, o filme é um convite a explorar os limites da moralidade e culpa.
Retrato de Uma Jovem em Chamas (2020)
Em Retrato de Uma Jovem em Chamas, a diretora Céline Sciamma narra um romance entre Marianne, uma pintora, e Héloïse, uma nobre prometida em matrimônio. Situado no século XVIII, o filme desafia as convenções dos dramas românticos de época, explorando a complexidade do desejo e a resistência às normas sociais da época.
Discreto e poeticamente poderoso, o filme conta com aclamação global, destacando-se em festivais como o de Cannes. Com uma narrativa lírica e atuações distintas, Retrato de Uma Jovem em Chamas, disponível no Globoplay, traz uma visão sensível e autêntica do amor entre duas mulheres.
Shiva Baby (2021)
Shiva Baby entra em território de comédia dramática ao retratar a vida de uma jovem bissexual em meio a um evento familiar repleto de complicações. No filme, Danielle é confrontada com seu passado enquanto tenta navegar entre as expectativas de sua família e suas escolhas pessoais. As situações de constrangimento acumulam-se à medida que Danielle se depara com figuras de seu círculo íntimo, incluindo um sugar daddy, em um velório judaico.
Emma Seligman, a jovem diretora por trás da obra, traz uma visão moderna e ácida sobre crescimento e identidade, evocando risos e reflexões. A obra é exibida pela plataforma Mubi e conquistou o público com sua abordagem inovadora e performances autênticas, lideradas por Rachel Sennott.
Cada uma dessas produções revela um lado distinto do cinema contemporâneo, destacando-se por suas narrativas cativantes e realização artística. Seja qual for o gênero favorito, essas obras oferecem um olhar aprofundado sobre temas universais relevantes, ampliando o horizonte de qualquer cinéfilo que se aventurar fora do circuito tradicional.