Explorar o espaço é um sonho para muitos, mas a experiência de viver fora da Terra traz desafios significativos para o corpo humano. As condições extremas do espaço, especialmente a microgravidade, afetam o organismo de maneiras que a evolução não preparou. Damian Bailey, especialista em fisiologia humana, destaca que o espaço é um ambiente sem precedentes para os humanos.
Quando os astronautas entram em órbita, seus corpos passam por mudanças notáveis. A ausência de gravidade proporciona uma sensação de alívio, como descreve o astronauta Tim Peake. Ele menciona que o coração, os músculos e os ossos parecem ter uma pausa, já que não precisam lutar contra a gravidade. No entanto, essa sensação de leveza vem com um custo.
Como a microgravidade afeta o corpo?
Na microgravidade, o corpo humano enfrenta um processo de envelhecimento acelerado. Os músculos, que não são usados para manter o corpo ereto, começam a atrofiar. Da mesma forma, o coração e os vasos sanguíneos enfraquecem, pois não precisam mais bombear sangue contra a gravidade. Os ossos, por sua vez, tornam-se mais frágeis devido à falta de resistência gravitacional.
Os astronautas perdem cerca de 1% de sua massa óssea e muscular a cada mês no espaço. Esse fenômeno é evidente quando eles retornam à Terra, muitas vezes precisando de ajuda para sair da cápsula espacial. Para mitigar esses efeitos, os astronautas seguem uma rotina rigorosa de exercícios, incluindo esteira, bicicleta ergométrica e levantamento de peso, durante sua estadia no espaço.

Quais outras mudanças o espaço provoca no corpo?
Além dos músculos e ossos, o espaço afeta o corpo de outras maneiras. O microbioma, que é o conjunto de bactérias benéficas no corpo, também sofre alterações. Os fluidos corporais, que na Terra são puxados para as pernas, no espaço se deslocam para o peito e o rosto, causando inchaço facial.
Essas mudanças de fluidos podem resultar em inchaço cerebral e alterações nos olhos, incluindo a síndrome neuro-ocular associada ao voo espacial, que pode causar visão turva e danos irreversíveis. O sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio, também é afetado, tornando desorientador o retorno à Terra.
Como é a recuperação após o retorno à terra?
O retorno à Terra marca o início de um intenso programa de recuperação para os astronautas. A fase inicial de readaptação, que envolve recuperar o equilíbrio e a força para andar, dura apenas alguns dias. No entanto, a recuperação completa da massa muscular pode levar meses, enquanto a massa óssea pode demorar anos para voltar ao normal.
Mesmo após a recuperação, algumas mudanças no corpo podem ser permanentes. A experiência de viver no espaço é única, mas vem com desafios significativos para a saúde humana. Compreender e mitigar esses efeitos é crucial para o futuro da exploração espacial.