O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, mais de 1,2 milhão de pessoas vivem com essa condição, sendo a maioria mulheres. Recentemente, uma pesquisa colaborativa entre cientistas brasileiros e americanos revelou uma diferença significativa nos níveis de carnitina livre no sangue de mulheres com Alzheimer, em comparação com homens.
A carnitina livre é uma molécula essencial para o metabolismo, responsável por transformar gordura em energia. Estudos indicam que mulheres com Alzheimer ou perda de memória leve apresentam níveis reduzidos dessa substância, o que pode estar relacionado à maior prevalência da doença entre o sexo feminino. Essa descoberta foi publicada na revista Molecular Psychiatry e levanta novas questões sobre o papel da carnitina no desenvolvimento do Alzheimer.
Por que a carnitina livre é importante?
A carnitina desempenha um papel crucial no metabolismo energético, facilitando o transporte de ácidos graxos para as mitocôndrias, onde são convertidos em energia. Essa função é vital para o funcionamento adequado das células cerebrais. A redução nos níveis de carnitina pode, portanto, impactar negativamente a saúde cerebral, contribuindo para o avanço de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.
Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de 125 participantes, divididos entre o Rio de Janeiro e a Califórnia, incluindo indivíduos saudáveis, com perda de memória leve e com Alzheimer. Os resultados mostraram que a diminuição da carnitina era evidente apenas nas mulheres, sugerindo uma possível ligação com fatores hormonais específicos do sexo feminino.
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Como a descoberta pode impactar o diagnóstico do alzheimer?
A identificação de níveis reduzidos de carnitina como um biomarcador específico para mulheres com Alzheimer pode melhorar significativamente o diagnóstico da doença. Essa informação permite que os médicos identifiquem casos mais graves com maior precisão, potencialmente levando a intervenções mais eficazes.
Embora a razão para essa alteração nos níveis de carnitina em mulheres ainda não seja completamente compreendida, acredita-se que variações hormonais, especialmente após a menopausa, possam desempenhar um papel importante. A menopausa é um período de intensas mudanças hormonais que podem afetar o metabolismo e, consequentemente, os níveis de carnitina.
Qual o próximo passo na pesquisa sobre carnitina e alzheimer?
Os cientistas agora buscam entender por que a redução de carnitina ocorre especificamente em mulheres com Alzheimer e se a suplementação dessa molécula poderia proteger contra a perda de memória. Essas investigações são fundamentais para o desenvolvimento de novas terapias, já que atualmente não existe um tratamento eficaz para a doença.
O estudo destaca a importância de considerar diferenças de gênero em pesquisas médicas, especialmente em condições como o Alzheimer, que afetam desproporcionalmente as mulheres. Continuar explorando essas diferenças pode abrir caminho para tratamentos personalizados e mais eficazes no futuro.