O Instituto Trata Brasil, divulgou o mais recente ranking de saneamento básico, focado nas cem cidades brasileiras mais populosas. Esta avaliação destacou que 15 das 20 cidades mais bem posicionadas em termos de acesso à água, coleta e tratamento de esgoto estão localizadas nos estados de São Paulo e Paraná.
Entre os destaques do levantamento estão Maringá (PR), São José do Rio Preto (SP) e Campinas (SP). A pesquisa utiliza dados de 2022 e se baseia nos critérios do Novo Marco Legal do Saneamento Básico. O estudo avalia diversos indicadores para medir a eficiência dos serviços de saneamento, garantindo uma visão geral do setor.
Como foi feita a avaliação do saneamento básico?
A metodologia aplicada pelo Instituto considera vários fatores, como a eficiência no serviço, o desperdício de água e os investimentos realizados no setor. Entre as 20 melhores cidades ranqueadas, a média de acesso à água potável é impressionante: 98,8% da população tem esse serviço. Já no quesito coleta de esgoto, a média é de 96%, e 78,4% do esgoto coletado é tratado.
Esses números mostram um esforço considerável em algumas regiões do país para alcançar um saneamento adequado. A eficiência no serviço é essencial para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e reduzir problemas de saúde pública decorrentes da falta de saneamento.
Quais são as cidades com os melhores e piores índices de saneamento?
Maringá (PR) brilhou ao saltar da 14ª posição para a liderança do ranking atual. Em contrapartida, capitais da região Norte, como Porto Velho, Macapá, Rio Branco, Belém e Manaus estão nas últimas posições. Porto Velho, por exemplo, ocupa o último lugar do ranking, ressaltando a desigualdade regional no acesso ao saneamento básico.
Top 10 Melhores Cidades no Ranking:
- 1º – Maringá (PR)
- 2º – São José do Rio Preto (SP)
- 3º – Campinas (SP)
- 4º – Limeira (SP)
- 5º – Uberlândia (MG)
- 6º – Niterói (RJ)
- 7º – São Paulo
- 8º – Santos (SP)
- 9º – Cascavel (PR)
- 10º – Ponta Grossa (PR)
Top 10 Piores Cidades no Ranking:
- 100º – Macapá
- 99º – Santarém (PA)
- 98º – Rio Branco
- 97º – Belford Roxo (RJ)
- 96º – Duque de Caxias (RJ)
- 95º – São Gonçalo (RJ)
- 94º – Belém
- 93º – Várzea Grande (MT)
- 92º – Juazeiro do Norte (CE)
- 91º – Ananindeua (PA)
Quão grave é o desperdício de água nas cidades brasileiras?
O desperdício de água no sistema de distribuição é um dos desafios cruciais enfrentados pelas cidades brasileiras. Em média, as maiores cidades perdem 35,4% da água tratada, enquanto a média nacional é de 37,8%. No entanto, nas 20 melhores cidades, o desperdício é significativamente menor, em torno de 28,4% contra 48,5% nas 20 piores.
Porto Velho e Macapá destacam-se negativamente, registrando perdas alarmantes de 77% e 71%, respectivamente. Esses dados sublinham a necessidade de investimentos em infraestrutura e tecnologias para reduzir o desperdício e melhorar a eficiência dos sistemas de água.
Quanto as cidades investem em saneamento básico?
Os investimentos em saneamento básico variam enormemente entre as cidades mais bem e as piores avaliadas. As melhores cidades investiram, em média, R$ 201,47 por habitante, enquanto as piores registraram um investimento médio de apenas R$ 73,85 por habitante. Segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico, o investimento recomendado é de R$ 231,09 por habitante ao ano, valor alcançado por apenas dez municípios.
Essas disparidades indicam que o financiamento adequado é crucial para alcançar um padrão elevado de saneamento. Mais investimentos poderiam ajudar a melhorar os índices de acesso à água potável e ao tratamento de esgoto, especialmente nas regiões mais negligenciadas.
O que dizem os dados sobre a universalização do saneamento básico?
De acordo com a presidente-executiva do Trata Brasil, Luana Pretto, o progresso rumo à universalização do saneamento básico no Brasil tem sido lento. Ela destaca que as eleições municipais deste ano são uma oportunidade crucial para discutir e priorizar a questão do saneamento básico.
O Brasil tinha como metas fornecer água potável a 99% da população e garantir a coleta e tratamento de esgoto para 90% até 2023. Contudo, a realidade ainda está aquém dessas metas, com cerca de 32 milhões de brasileiros sem acesso a água potável e mais de 90 milhões sem coleta de esgoto. Essa situação exige um esforço concentrado e contínuo para melhorar o cenário do saneamento no país.
Expectativas e desafios futuros
O estudo do Instituto destaca as disparidades regionais significativas. Enquanto 22 municípios já tratam 100% da água e outros 18 tratam mais de 99%, muitas capitais das regiões Norte e Nordeste tratam menos de 35% do esgoto gerado. As futuras políticas públicas e investimentos devem focar na redução dessas desigualdades, promovendo um desenvolvimento mais equilibrado entre as diferentes regiões do Brasil.
Essas ações são essenciais não apenas para alcançar as metas estabelecidas, mas também para garantir que todas as populações tenham acesso a serviços básicos de saneamento que são fundamentais para a saúde e a qualidade de vida.