Recentemente, as principais sociedades médicas especializadas em endocrinologia e metabolismo no Brasil emitiram um alerta significativo sobre os riscos associados ao uso de medicamentos manipulados para o tratamento da obesidade e do diabetes. A preocupação centraliza-se em substâncias como semaglutida e tirzepatida, amplamente utilizadas para o controle da glicemia e do apetite. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) estão entre as entidades que alertam sobre os perigos dessa prática.
Apesar da popularidade crescente desses medicamentos, as versões manipuladas não passam por testes de bioequivalência, o que pode comprometer sua segurança e eficácia. Isto representa uma preocupação significativa para profissionais de saúde, pois a administração de medicamentos não aprovados pode resultar em consequências adversas para os pacientes.
Quais são os riscos das versões manipuladas?
Problemas de qualidade
- Dosagens imprecisas: A concentração do medicamento pode não corresponder à necessária, comprometendo a eficácia e segurança do tratamento.
- Contaminação: O processo de manipulação pode introduzir impurezas ou microrganismos que causam reações adversas.
- Substituição de compostos: Ingredientes podem ser trocados por substâncias diferentes, alterando os efeitos esperados e gerando riscos desconhecidos.
Falta de segurança
- Reações adversas: Devido aos problemas de qualidade, o uso de versões manipuladas pode levar a efeitos colaterais inesperados e perigosos.
- Ineficácia do tratamento: A manipulação inadequada pode comprometer a ação do medicamento, impedindo o controle do diabetes e da obesidade.
Venda em locais não seguros
- Sites e redes sociais: A aquisição de medicamentos manipulados por canais não confiáveis aumenta o risco de receber produtos falsificados ou de qualidade duvidosa.
- Consultórios médicos: A venda de medicamentos manipulados em consultórios, além de antiética, expõe o paciente a produtos sem garantia de eficácia e segurança.
Alerta de órgãos internacionais
- FDA (Food and Drug Administration): Já documentou casos de reações adversas e falhas no tratamento de diabetes e obesidade associadas ao uso de versões manipuladas.
Como as sociedades médicas estão reagindo?
Preocupadas com o aumento do uso desses medicamentos de forma não regulamentada, a SBEM, SBD e ABESO publicaram recomendações claras para profissionais de saúde e para o público em geral. Elas aconselham que os médicos evitem prescrever versões manipuladas de semaglutida e tirzepatida, enfatizando a importância do uso de medicamentos aprovados pela Anvisa, que são certificados para garantir tanto eficácia quanto segurança.
Além disso, as entidades pedem que os pacientes não adquiram esses produtos por meios não convencionais, como internet ou consultórios não autorizados, e que procurem sempre as versões certificadas. Tal medida visa proteger a saúde dos indivíduos e assegurar que os tratamentos tenham os resultados esperados.
Qual o papel dos órgãos reguladores?
As sociedades médicas também fazem um apelo para que os órgãos reguladores aumentem a fiscalização da venda irregular desses medicamentos. A vigilância sanitária tem um papel crucial na proteção da saúde pública, garantindo que apenas produtos testados e aprovados cheguem ao mercado de forma segura.
O uso seguro de medicamentos para o tratamento da obesidade e do diabetes deve ser sempre supervisionado por um profissional de saúde qualificado, utilizando produtos que sejam oficialmente regulamentados e testados para fornecer eficácia e segurança. A nota oficial das entidades médicas reforça essa necessidade, destacando a importância da prescrição médica e do acompanhamento profissional em todo o processo de tratamento.