Por causa da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes impôs uma multa diária de R$ 5 milhões ao X, que começará a partir desta quinta-feira (19). A multa será computada pelo tempo que durar o descumprimento das ordens. A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) indicou que o X alterou seus endereços IP, vinculando-os a servidores da Cloudflare em vez de manter sua própria infraestrutura.
A mudança permitiu que o X voltasse a funcionar. Em resposta, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) emitiu uma nova ordem para bloquear a plataforma. Mas o que são IP e Cloudflare, afinal? Vamos entender esses conceitos antes de aprofundar nessa história complexa.
O Que É IP e Como Funciona?
O IP, ou Protocolo de Internet, é uma sequência de números que serve como endereço de um servidor. Basicamente, ao digitar o endereço de um site, o navegador traduz o link em um IP. Agora, você pode estar se perguntando: por que a mudança para a Cloudflare gera tanto rebuliço?
O Que É Cloudflare e Por Que É Importante?
A Cloudflare é uma empresa que fornece serviços de proxy reverso, agindo como intermediária entre o servidor de um site e o usuário. Segundo a Abrint, o novo sistema Cloudflare faz uso de IPs dinâmicos que mudam constantemente. Esses IPs muitas vezes são compartilhados com outros serviços legítimos, como bancos e grandes plataformas de internet. Isso torna praticamente impossível bloquear um IP sem afetar outros serviços.
Por Que o X Mudou Seus Servidores?
O X anunciou que sua infraestrutura para operar na América Latina não estava acessível para sua equipe após a suspensão no Brasil. Como resultado, a empresa moveu seus servidores para a Cloudflare, permitindo a restauração “involuntária e temporária” do serviço. A mudança, no entanto, só foi feita em servidores brasileiros, como confirmado pelo site What’s My DNS, que verifica endereços IP de domínios. Outros países continuam usando a infraestrutura própria do X.
- Proxy reverso: Intermedia a comunicação entre o usuário e o servidor original.
- Segurança e Performance: O principal objetivo é oferecer mais segurança e melhorar a performance para o site.
- IPs Dinâmicos: Mudança constante de IPs para dificultar bloqueios.
Qual o Impacto Dessa Mudança?
Thiago Ayub, diretor de tecnologia da Sage Networks, comparou a situação a tentar burlar um bloqueio no Brasil alugando um carro com outra placa para entrar despercebido. As operadoras estão em uma posição delicada, aguardando a posição da Anatel para saber quais passos seguir. Um bloqueio mal executado poderia afetar serviços legítimos.
A Abrint declarou que “os provedores não podem tomar ações por conta própria sem uma orientação oficial da Anatel, pois um bloqueio equivocado poderia afetar empresas legítimas”. Ayub acrescentou que a situação cria insegurança jurídica para os provedores, já que a ordem do STF é para usar todos os meios técnicos possíveis para inviabilizar o acesso ao X.
Quais São as Implicações Jurídicas?
Segundo David Nemer, professor da Universidade da Virgínia, a Cloudflare pode bloquear especificamente o X para usuários brasileiros, porque os equipamentos são dela. No entanto, a Anatel não pode exigir que as provedoras bloqueiem a Cloudflare, pois isso afetaria muitos outros serviços. Em resposta ao g1, a Anatel informou que “mantém a fiscalização a respeito da ordem de bloqueio” e que reporta os resultados diretamente ao STF.
Como Isso Afeta os Usuários?
Para os usuários, o problema se resume à incerteza sobre o acesso à plataforma. Especialmente os brasileiros que usam o X para comunicação pessoal ou profissional, podem enfrentar dificuldades até que essa situação seja resolvida. A empresa X continua a trabalhar com o governo brasileiro para resolver a questão e retornar ao serviço “muito em breve” para os brasileiros.
Em suma, a história do X, Cloudflare e o bloqueio no Brasil é um exemplo claro de como as interações entre tecnologia, legislação e política podem ser complexas e impactar diretamente a vida das pessoas.