Em uma sala de audiência lotada e comovida, Gisèle Pélicot, de 72 anos, deu um depoimento impactante sobre os horrores que sofreu nas mãos de seu ex-marido e mais 50 homens. Desde o início das audiências, Gisèle tem sido vocal sobre a necessidade de justiça e consciência sobre os abusos perpetrados contra ela. Sua coragem tocou a todos os presentes e atraiu aplausos calorosos quando saiu do tribunal.
“Desde que cheguei a esta sala de audiência, me sinto humilhada,” declarou Gisèle ao ser questionada se havia consumido bebidas alcoólicas, negando ter sido cúmplice de Dominique. Ela expressou indignação com a tentativa da defesa de justificar os abusos sofridos por ela, afirmando que não existe distinção entre tipos de estupro.
Francesa enfrenta tribunal com cabeça erguida
Gisèle Pélicot não poupou críticas à defesa e aos abusadores. “O estupro é uma questão de tempo? Três minutos, uma hora? Estou chocada! Se fosse a mãe ou irmã deles aqui, eles teriam a mesma defesa?” Questionou Gisèle, demonstrando a hipocrisia dos argumentos de defesa dos acusados. Ela destacou que os homens que a violentaram jamais se preocuparam com consentimento e ressaltou a falta de humanidade de seus atos.
Durante a audiência, o ex-marido de Gisèle, Dominique, pediu perdão e declarou ainda amá-la, embora reconhecesse os crimes que cometeu. Gisèle, por sua vez, lamentou os 50 anos que passou ao lado de um homem de quem confiava cegamente.
Como Gisèle Pélicot sobreviveu ao abuso e ao trauma?
Gisèle Pélicot sofreu múltiplos abusos, mas conseguiu sobreviver, milagrosamente escapando da contaminação por HIV. Mesmo assim, contraiu quatro doenças sexualmente transmissíveis, necessitando de tratamento intensivo. A médica que a acompanhou confirmou a gravidade da sua condição de saúde, destacando a necessidade de antibióticos, incluindo um por via intramuscular.
Em seu depoimento, Gisèle descreveu o horror de rever os vídeos onde estava completamente drogada e sendo violentada por diversos homens. “Quando vemos essa mulher, drogada, maltratada, morta na cama… Claro que o corpo não está frio, está quente, mas eu estou como se estivesse morta,” declarou.
Qual é a resposta da sociedade a esse caso chocante?
Com a presença de dezenas de apoiadores na sala de audiência, Gisèle Pélicot tem recebido considerável suporte público. Após o seu impactante depoimento, ao sair do tribunal, foi aplaudida e recebeu um buquê de flores. Embora tenha preferido não dar declarações à imprensa, seu sorriso e agradecimentos demonstraram gratidão pelo apoio recebido.
No julgamento, além de Dominique, outros 50 homens enfrentam acusações graves. Com idades entre 26 e 74 anos, 18 dos acusados estão em prisão preventiva, enquanto outros 35 se declararam inocentes.
A luta de Giséle continua: justiça e responsabilidade
Gisèle Pélicot questionou por que nenhum dos abusadores denunciou os crimes, ressaltando a falta de responsabilidade e consciência. “Que eles reconheçam os fatos, o contrário é insuportável. Que eles tenham, pelo menos uma vez na vida, a responsabilidade de reconhecer seus atos,” frisou Gisèle.
A decisão de Gisèle de renunciar ao anonimato teve como objetivo tornar o caso público e garantir que tais horrores não se repitam. Durante todo o seu depoimento, que durou duas horas, Gisèle se mostrou firme, embora admitisse ao juiz que se sente como um “campo de ruínas” por dentro.
Descobertos em 19 de setembro de 2020, os abusos vieram à tona após Dominique ser pego filmando sob as saias de três mulheres. A partir desse incidente, a polícia encontrou imagens comprometedoras em seu computador, levando às acusações e ao julgamento atual.
- Gisèle foi aplaudida e recebeu flores de apoiadores ao sair da audiência.
- Ela contraiu quatro doenças sexualmente transmissíveis devido aos abusos.
- Dominique e mais 50 homens estão sendo julgados pelos crimes cometidos.
- 18 dos 50 abusadores estão em prisão preventiva.
- A decisão de tornarem o caso público foi fundamental para garantir justiça.
O caso de Gisèle Pélicot é um lembrete poderoso da resiliência humana e da importância de lutar por justiça, dando voz às vítimas e responsabilidade aos abusadores.