Gracioso, amigável e em risco de extinção. Estas são algumas das características do muriqui-do-norte, o maior primata das Américas e um dos principais guardiões da Mata Atlântica. Poucos conhecem esse adorável macaco, que pode chegar a pesar 15 quilos, mas sua importância para o ecossistema é inestimável.
A presença do muriqui-do-norte nas florestas desempenha um papel crucial para a preservação da biodiversidade. O impacto da sua extinção afetaria gravemente tanto a fauna quanto a flora da região. Segundo Fernanda Pedreira Tabacow, bióloga e diretora do Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB), esse primata é um verdadeiro patrimônio natural, encontrado exclusivamente no Brasil.
Maior Primata das Américas e Exclusivo do Brasil
O muriqui-do-norte se destaca como o maior primata em tamanho das Américas e entre os primatas brasileiros. Sua estrutura física é impressionante, podendo medir até um metro e meio da cabeça à cauda.
“Quando estão em pé, esses primatas atingem a altura de uma criança de seis a sete anos. Embora a maioria dos exemplares pese entre dez e doze quilos, registros indicam que machos adultos podem chegar a pesar até quinze quilos“, explica a bióloga Fernanda. Este encantador primata habita principalmente áreas da Mata Atlântica nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Como o Muriqui-do-Norte Protege a Fauna Local?
Os muriquis-do-norte são conhecidos como “jardineiros da floresta” devido à sua capacidade de ajudar na manutenção do ecossistema. Sua dieta inclui grandes frutos de árvores, cujas sementes eles dispersam ao longo de suas jornadas pela floresta.
“Esses primatas possuem uma habilidade incrível de locomoção, viajando até um quilômetro por dia. No percurso, eles ingerem e depois dispersam sementes por meio das fezes, facilitando o crescimento de novas árvores e, consequentemente, a regeneração da floresta”, afirma Fernanda.
A Conservação da Água Potável pela Ação dos Muriquis
Você já parou para pensar na conexão entre a preservação florestal e a qualidade da água potável? A ação dos muriquis-do-norte tem um papel fundamental nesse processo. A conservação das florestas é essencial para manter as nascentes de água protegidas e funcionais.
“O desmatamento leva à perda de nascentes e ao desequilíbrio hídrico, contribuindo para problemas de secas. Ao proteger os muriquis, estamos garantindo a preservação das florestas, o que, por sua vez, protege nossas fontes de água”, destaca a bióloga.
Engenheiros da Floresta
Devido ao seu peso e comportamento, os muriquis-do-norte desempenham um papel de “engenheiros da floresta”. Ao se moverem pelas árvores, é comum que galhos mortos ou em decomposição caiam, criando um ciclo de renovação e nutrição para outras espécies.
Traços Humanizados e Ameaças de Extinção
Apesar de seu grande porte, os muriquis-do-norte são conhecidos por suas ações afetuosas e comportamento social. As fêmeas gestam por cerca de sete meses e meio, oferecendo cuidados intensivos aos filhotes após o nascimento.
“As mães cuidam dos filhotes por um longo período, mantendo um forte vínculo. Os muriquis são brincalhões e conhecidos por seus abraços, vivendo em grupos pacíficos e harmoniosos, sem muitas ocorrências de agressividade”, detalha Fernanda.
Infelizmente, a espécie está sob séria ameaça de extinção. Existem dois tipos de muriquis, sendo a espécie do norte a mais vulnerável, com menos de mil indivíduos na natureza. Antes da colonização, a população era estimada em 400 mil. A bióloga reitera a necessidade de trabalhos contínuos de monitoramento e intervenção para evitar a extinção dessa emblemática espécie da Mata Atlântica.