Um estudo recente realizado pela Universidade de Washington revela que os cérebros dos adolescentes, especialmente das meninas, envelheceram mais rápido do que o esperado devido ao isolamento social imposto pela pandemia de coronavírus. Os pesquisadores mediram o afinamento cortical, um processo natural que acelera em situações estressantes, e constataram uma diferença significativa entre os gêneros.
O isolamento social durante a pandemia teve um impacto marcante no desenvolvimento cerebral dos jovens. A privação de interações sociais, especialmente para as meninas, pode ter acelerado o afinamento cortical, um processo que já começa na puberdade. Este afinamento, apesar de ser uma reestruturação natural do cérebro, foi acelerado de forma preocupante durante este período.
Qual o impacto do isolamento social no cérebro das meninas?
As imagens cerebrais obtidas após a flexibilização dos bloqueios em 2021 mostraram que meninas experimentaram um afinamento cortical mais acentuado que os meninos. Enquanto nos meninos houve um avanço de 1,4 anos, nas meninas este número saltou para 4,2 anos além do esperado. A responsável pelo estudo, Patricia K. Kuhl, do Instituto de Aprendizagem e Ciências do Cérebro, destaca que as adolescentes dependem mais das interações sociais para desabafar e lidar com o estresse.
Como o afinamento cortical afeta os adolescentes?
O afinamento cortical, embora parte do desenvolvimento normal do cérebro, também está associado a um aumento de condições como depressão e ansiedade quando acelerado devido ao estresse. Durante a pandemia, tanto meninos quanto meninas mostraram sinais de envelhecimento cerebral acelerado, mas o impacto foi mais notável nas meninas.
Principais descobertas do estudo
- Aceleração do afinamento cortical em 4,2 anos além do esperado nas meninas.
- Meninos apresentaram um afinamento de 1,4 anos além do esperado.
- Privação social atribuída como a principal causa do envelhecimento cerebral acelerado nas adolescentes.
- Os efeitos não foram uniformes, com maior impacto em regiões específicas do cérebro das meninas.
Quais são as implicações futuras dessas descobertas?
Os pesquisadores sugerem que, com a recuperação das interações sociais, pode haver uma normalização do desenvolvimento cerebral. No entanto, ainda é incerto se essas mudanças são permanentes. Kuhl destaca a importância de monitorar essas crianças, especialmente as meninas, para avaliar se o retorno às atividades sociais típicas pode reduzir os efeitos negativos observados durante a pandemia.
Outros fatores contribuíram para este efeito?
Além da privação social, outros fatores como aumento do tempo de tela, maior uso de mídias sociais, redução da atividade física e estresse familiar também podem ter contribuído para esse fenômeno. Bradley S. Peterson ressalta que a aceleração do afinamento cortical pode ser uma resposta adaptativa do cérebro a essas condições adversas, e não necessariamente uma mudança patológica.
O que podemos aprender com esses resultados?
Os resultados deste estudo fornecem um novo olhar sobre os efeitos da pandemia no bem-estar dos adolescentes. Embora o afinamento cortical acelerado possa ser visto como uma resposta do cérebro ao estresse, sabe-se que estabilidade emocional, cognitiva e social são cruciais para a saúde mental. É essencial continuar pesquisando para entender melhor o impacto a longo prazo dessas mudanças e como podemos apoiar nossos jovens durante e após situações de crise.
Em resumo, este estudo destaca a necessidade de prestar atenção ao desenvolvimento cerebral de adolescentes em situações de estresse extremo. A pandemia de COVID-19 trouxe desafios únicos, e entender como esses desafios afetam nossos jovens é crucial para garantir que recebam o suporte necessário.