Os estados do Sul e Sudeste do Brasil têm enfrentado um problema significativo com a chegada da fumaça proveniente das queimadas na Amazônia, Pantanal e Cerrado. No último sábado, essa densa camada de poluição encobriu a atmosfera de diversas cidades, gerando preocupações não só pela qualidade do ar, mas também pelos aumentos nas temperaturas que estavam previstos para domingo.
Esse fenômeno de transportação de fumaça já ocorre há mais de um mês. Várias cidades do Sul têm sido afetadas pelas partículas suspensas, resultado de um grande corredor de vento que transporta a fumaça das queimadas do Norte para o Sul do país. Com a seca extrema predominando, todos os biomas estão sofrendo com incêndios em grande escala.
Por Que as Queimadas Estão se Intensificando?
Só entre sexta-feira (6) e sábado (7), foi registrado um total de 8.225 focos de incêndio no Brasil, segundo o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Mato Grosso e Pará foram os estados mais prejudicados, com 33% e 27% dos focos, respectivamente. Em julho e agosto, o número de queimadas aumentou significativamente, especialmente na Amazônia, que está enfrentando níveis de chuva muito abaixo do normal.
A redução das chuvas agrava a situação das bacias hidrográficas e deixa a vegetação mais suscetível ao fogo. Este ano, a região amazônica bateu recordes de queimadas, o que está causando uma preocupação global sobre suas consequências para o clima.
Como a Fumaça Afeta Outras Regiões do Brasil?
Imagens de satélites mostram que, além do Norte e Centro-Oeste, estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro estão sendo afetados pela fumaça. Esse movimento é devido a um forte corredor de ar que desce do Norte até o Sul do Brasil, passando pela Bolívia e Paraguai em direção ao Atlântico.
Conhecido como “rios voadores“, esse corredor de ar normalmente traz umidade da Amazônia, promovendo chuvas no Centro-Sul do país. No entanto, a seca e as queimadas fazem com que esses “rios” agora transportem fumaça e calor, ao invés de umidade.
Quais São os Impactos na Qualidade do Ar e Saúde Pública?
Um pesquisador de sensoriamento remoto, explica que a fumaça do sudoeste do Pará segue em direção ao sudoeste da Amazônia, onde se combina com incêndios no Mato Grosso e na fronteira com a Bolívia. Consequentemente, a Amazônia, que deveria ser um aliado no combate às mudanças climáticas, acaba se tornando um dos maiores contribuintes.
- Movimento da fumaça: Norte para Sul
- Concentração de queimadas: Pará e Mato Grosso
- Efeitos adversos no clima global
De acordo com a IQAir, uma empresa suíça especializada em tecnologia de qualidade do ar, a poluição atmosférica no Rio de Janeiro está seis vezes acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O meteorologista e coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), comentou que essa situação está levando a um aumento das temperaturas acima da média nas cidades.
Como Minimizar os Impactos das Queimadas?
O especialista destaca que a seca continuará a impedir a formação de chuvas em grande parte do país nos próximos dias. A previsão para a próxima semana no Centro-Sul é de permanência de uma extensa massa de ar seco, elevando as temperaturas e deixando os níveis de umidade muito baixos. Esta situação retrata não só um desafio para a saúde pública, mas também para a integridade ambiental.
- Aumento da temperatura local
- Continuidade da seca
- Impactos negativos na saúde pública
Para combater essa crise, é urgente que o Brasil adote uma abordagem mais rigorosa no controle de queimadas e na preservação dos biomas. Ações coordenadas entre governo, sociedade civil e setor privado são essenciais para mitigar os danos e proteger o meio ambiente. A preservação da Amazônia e dos outros biomas não é apenas uma questão ambiental, mas de saúde pública e qualidade de vida.