Nos últimos anos, o fenômeno dos nascimentos múltiplos tem chamado a atenção de pesquisadores e profissionais de saúde. Historicamente, as taxas de gemelaridade acompanharam as flutuações das taxas gerais de natalidade. No entanto, previsões recentes indicam um aumento contínuo na ocorrência de gêmeos e outros nascimentos múltiplos. Esse crescimento pode ser atribuído a diversos fatores sociais e médicos, como a gravidez em idade mais avançada e o uso crescente de tratamentos de fertilidade.
Os nascimentos múltiplos, embora menos comuns que as gestações únicas, são uma parte natural da reprodução humana. Aproximadamente uma em cada 60 gestações resulta em múltiplos, que podem variar de gêmeos a casos mais raros, como sêxtuplos. A gravidez gemelar ocorre de duas formas principais: pela fertilização de dois óvulos separados ou pela divisão de um único óvulo fertilizado.
Por que as taxas de nascimentos múltiplos estão aumentando?
O aumento nas taxas de nascimentos múltiplos pode ser explicado por vários fatores. Um dos principais é a idade materna avançada. Mulheres que engravidam mais tarde na vida têm maior probabilidade de liberar mais de um óvulo durante o ciclo menstrual, um fenômeno conhecido como hiperovulação. Além disso, tratamentos de fertilidade, como a fertilização in vitro (FIV), têm contribuído significativamente para esse aumento.
Nos primórdios dos tratamentos de fertilidade, era comum a transferência de múltiplos embriões para aumentar as chances de sucesso. Isso resultou em um aumento nas taxas de nascimentos múltiplos. Campanhas como “One at a Time” foram introduzidas para promover a transferência de um único embrião, reduzindo assim a incidência de gestações múltiplas decorrentes de tratamentos de fertilidade.

Quais são os desafios associados aos nascimentos múltiplos?
Embora o nascimento de gêmeos ou múltiplos possa ser uma alegria para muitas famílias, ele também traz desafios significativos. No Reino Unido, por exemplo, a taxa de natimortos é quase o dobro em gestações gemelares em comparação com gestações únicas. Além disso, a taxa de morte neonatal é mais de três vezes maior em gêmeos.
Os nascimentos prematuros são comuns em gestações múltiplas, com cerca de 60% dos gêmeos e quase todos os trigêmeos nascendo antes do termo. Esses bebês frequentemente necessitam de cuidados neonatais intensivos, o que pode aumentar a ansiedade dos pais e os custos financeiros. As famílias de múltiplos enfrentam despesas significativamente maiores, estimadas em pelo menos 20 mil libras a mais do que ter dois filhos únicos em sequência.
O futuro dos nascimentos múltiplos
O planejamento para o futuro da maternidade e dos cuidados nos primeiros anos de vida deve considerar as necessidades específicas das famílias com nascimentos múltiplos. Embora as taxas gerais de fertilidade possam estar em declínio, a proporção de nascimentos múltiplos pode continuar a crescer. Isso se deve, em parte, ao aumento da idade materna e ao uso de tecnologias de reprodução assistida.
É essencial que políticas de saúde e suporte social sejam adaptadas para atender às necessidades dessas famílias, garantindo que recebam o apoio necessário para enfrentar os desafios únicos que acompanham os nascimentos múltiplos.