O cultivo de arroz no Brasil é uma atividade agrícola de grande importância, especialmente concentrada na região Sul, com destaque para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No entanto, graças aos avanços em tecnologias de melhoramento genético, promovidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o cultivo de arroz tem se expandido para outras regiões do país, incluindo áreas anteriormente consideradas inadequadas para essa cultura.
José Colombari Filho, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, destaca que a produtividade do arroz no Brasil tem aumentado significativamente ao longo dos anos. No passado, o país produzia 8,6 milhões de toneladas em uma área de 6,6 milhões de hectares. Atualmente, com uma área quatro vezes menor, a produção atingiu cerca de 10,6 milhões de toneladas na safra 2022/2023. Esse aumento na produtividade é um reflexo direto das inovações tecnológicas e do melhoramento genético das cultivares.
Quais são os tipos de solo ideais para o cultivo de arroz?
O arroz é uma planta que se desenvolve melhor em solos encharcados, sendo essa uma característica essencial para o sucesso do cultivo. Mesmo com a utilização de sistemas de irrigação, é fundamental que o solo mantenha um nível adequado de umidade. Curiosamente, o arroz não prospera em solos excessivamente corrigidos ou de alta fertilidade, preferindo solos mais ácidos e equilibrados em termos de adubação.
Com o avanço das tecnologias de melhoramento genético, as novas cultivares desenvolvidas pela Embrapa têm demonstrado uma maior adaptabilidade a solos mais preparados, permitindo que o cultivo de arroz seja viável em diversas regiões do Brasil. Isso torna o país um dos poucos no mundo onde é possível produzir arroz de forma rentável em diferentes tipos de solo e clima.

Como é realizada a semeadura do arroz?
A semeadura do arroz pode ser realizada de duas maneiras principais: o método pré-germinado e o plantio direto. O método pré-germinado, desenvolvido inicialmente na Itália, consiste em lançar sementes pré-germinadas em um terreno já encharcado, dispensando a necessidade de abrir sulcos na terra. Essa técnica é especialmente útil em áreas de difícil mecanização e ajuda no controle de plantas daninhas.
Por outro lado, o plantio direto envolve o uso de tratores para inserir as sementes no solo, que deve estar drenado. Esse método é semelhante ao utilizado para outras culturas, como soja e milho, e é amplamente adotado em regiões onde a mecanização é viável.
Quais são os desafios enfrentados no cultivo de arroz?
Apesar dos avanços tecnológicos, o cultivo de arroz no Brasil ainda enfrenta desafios significativos. Um dos principais problemas é a brusone, uma doença fúngica que afeta a cultura, especialmente em climas tropicais. Antes do melhoramento genético, eram necessárias até 12 aplicações de fungicidas para controlar a doença. Atualmente, esse número foi reduzido, mas o controle ainda é feito de forma preventiva.
Outro desafio é o arroz daninho, uma variedade silvestre que compete com o arroz cultivado, afetando a produtividade. Para contornar esse problema, o melhoramento genético tem sido fundamental, permitindo o desenvolvimento de cultivares que resistem aos herbicidas usados para controlar o arroz daninho.
Qual é o impacto do cultivo de arroz em pivô central?
O uso de pivô central para a irrigação do arroz tem se mostrado uma solução eficaz em regiões centrais do Brasil, como Goiás e Minas Gerais. Essa técnica não só melhora a rotação de culturas, reduzindo a proliferação de fungos de solo, mas também contribui para o aumento da fertilidade do solo através da ciclagem de nutrientes. Além disso, a palhada de alta qualidade resultante do cultivo de arroz ajuda a acumular carbono e matéria orgânica no solo, beneficiando a saúde do ecossistema agrícola.