Em um cenário de aumento significativo nos casos de dengue, o Brasil se destaca como o primeiro país a incorporar a vacina contra a doença no sistema público de saúde. Com um crescimento de mais de 100% nos casos prováveis de dengue nas primeiras semanas de 2024 em comparação com o ano anterior, o governo federal tomou medidas para conter a propagação do vírus.
O Ministério da Saúde anunciou a chegada de 750 mil doses da vacina, com o objetivo de iniciar uma campanha de imunização em 521 municípios distribuídos por 16 estados e o Distrito Federal. A expectativa é que, até o final de 2024, 3,2 milhões de jovens brasileiros, entre 10 e 14 anos, sejam imunizados com as duas doses necessárias para o ciclo completo.
Como funciona a vacina contra a dengue?
A vacina contra a dengue, conhecida como Qdenga, foi desenvolvida para proteger contra os quatro sorotipos do vírus. Ela utiliza vírus vivos atenuados, que são enfraquecidos de forma controlada para estimular uma resposta imunológica eficaz sem causar a doença. Isso permite que o corpo reaja mais rapidamente em caso de exposição real ao vírus.
Embora a eficácia global da vacina seja de 80%, os resultados variam entre os diferentes sorotipos. A proteção é mais eficaz contra o sorotipo 2, com uma taxa de 95,1%, enquanto para o sorotipo 3, a eficácia é de 48,9%. Para o sorotipo 4, ainda não há dados conclusivos devido ao número insuficiente de casos testados.

Quem pode receber a vacina?
A vacina Qdenga está disponível para pessoas entre 4 e 60 anos. No entanto, não é recomendada para gestantes, lactantes, pessoas com alergias aos componentes da vacina ou com condições imunossupressoras. Tanto indivíduos que já tiveram dengue quanto aqueles que nunca foram infectados podem ser vacinados.
O governo federal priorizou a vacinação em cidades com mais de 100 mil habitantes, alta transmissão de dengue e predominância do sorotipo DENV-2. Essa estratégia visa maximizar a eficácia da campanha de imunização, considerando os locais mais afetados pela doença.
Planos de saúde e a cobertura da vacina
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) esclareceu que os planos de saúde não são obrigados a cobrir vacinas, embora alguns contratos possam incluir imunizações. Beneficiários devem verificar com suas operadoras se há cobertura para a vacina contra a dengue.
Marcos Novais, da Associação Brasileira de Planos de Saúde, explica que a cobertura de vacinas por planos de saúde não é comum, pois a vacinação é uma necessidade universal. Isso significa que, se os planos cobrissem a vacina, estariam cobrando dos usuários de forma indireta, o que não é viável devido à rotatividade dos beneficiários.
Prevenção e controle da dengue
Além da vacinação, a prevenção da dengue depende da redução da infestação de mosquitos transmissores. Isso pode ser feito eliminando criadouros, evitando água parada e utilizando repelentes. A conscientização da população sobre essas medidas é crucial para controlar a disseminação do vírus.
Com a introdução da vacina no sistema público de saúde, o Brasil dá um passo importante na luta contra a dengue, buscando reduzir a incidência de casos graves e, consequentemente, o número de mortes causadas pela doença.