As passarelas de Outono/Inverno 2025 trouxeram de volta um dos itens mais controversos da moda: a pele. Grandes nomes da moda internacional, como Gucci, Chloé, Prada, Miu Miu, Fendi e Valentino, apostaram em casacos, jaquetas e estolas de pele — reais ou sintéticas. Este retorno marca uma mudança significativa em relação às tendências dos últimos anos, onde a pele havia sido amplamente evitada.
Até mesmo marcas jovens e inovadoras, como Luar, Simone Rocha e Gabriela Hearst, aderiram a essa tendência. Gabriela Hearst, por exemplo, reutilizou casacos de mink vintage, desmanchando e retrabalhando o tecido com técnicas de tricô artesanais. Essa abordagem não apenas revitaliza peças antigas, mas também adiciona um toque de autenticidade e história às novas coleções.
Por que a pele está de volta?
O retorno das peles pode ser visto como um reflexo de mudanças sociais e culturais mais amplas. Essa tendência pode sinalizar um movimento conservador na moda, refletindo valores tradicionais que estão ressurgindo em várias esferas da sociedade. O uso de peles, portanto, pode ser interpretado como um retrocesso em termos de ética e sustentabilidade.
Historicamente, a pele foi associada ao luxo e à opulência, mas nos últimos anos, a consciência sobre os impactos ambientais e éticos levou muitas marcas a abandonarem seu uso. Em 2018, várias grifes anunciaram que deixariam de usar peles, respondendo a uma demanda crescente por práticas mais sustentáveis e éticas. No entanto, a moda é cíclica, e o retorno das peles pode ser uma resposta a essa natureza volátil da indústria.
A indústria da moda está constantemente em busca de equilíbrio entre tradição e inovação. O retorno da pele representa uma tentativa de resgatar elementos clássicos, enquanto muitos designers exploram formas de reinventar o uso deste material com um olhar moderno e consciente.
@lukexavier_ A tendência do casaco de pele #fashiontiktok #casaco #tedenciasdeoutono #fashioninspo ♬ som original – Luke Xavier
@suziize_consultora O casaco Penny Lane, inspirado na personagem de Kate Hudson no filme "Quase Famosos" (2000), está ressurgindo como uma tendência de destaque para o inverno de 2025. Originalmente conhecido como "Afghan Coat", essa peça se tornou um ícone de estilo nos anos 60. Você usaria? #dicas #look #estilo #pennylane #casaco#tendencia ♬ som original – Suzi Ize Juliano
Qual o impacto ambiental da produção de couro?
A produção de couro, especialmente os métodos modernos, apresenta riscos ambientais significativos. O processo de curtimento, que transforma peles de animais em couro, utiliza predominantemente sais de cromo. Este metal pesado, se não for gerido corretamente, pode contaminar o solo e a água, trazendo riscos à saúde humana e ambiental. Os resíduos de curtumes contêm várias substâncias nocivas como proteínas, cabelo, sal, cal e óleos, que poluem os ecossistemas circundantes se não forem tratados adequadamente. A poluição atmosférica também é um fator, pois os processos de secagem liberam produtos químicos no ar, contribuindo para problemas respiratórios e degradação ambiental.
Quais são as alternativas sustentáveis?
Com a crescente preocupação ambiental, muitas marcas estão buscando alternativas à pele verdadeira. A pele sintética, embora livre de crueldade animal, é frequentemente feita de materiais sintéticos derivados do petróleo, o que levanta preocupações ambientais. A produção de poliéster, por exemplo, contribui para a poluição plástica e a liberação de microplásticos no meio ambiente.
Algumas marcas estão explorando materiais inovadores e sustentáveis. A britânica Stella McCartney, por exemplo, utiliza um biomaterial chamado Savian, feito de urtiga, cânhamo e linho, que é vegano e livre de plásticos. Outras marcas, como a dinamarquesa Ganni, estão experimentando poliéster reciclado para simular o efeito de pele, oferecendo uma alternativa mais ecológica.
O uso de peles vintage é uma solução?
O uso de peles vintage é um tema controverso. Enquanto alguns argumentam que reutilizar peças antigas é uma forma de evitar o desperdício e a nova produção, outros acreditam que isso perpetua a demanda por um material problemático. Grupos de defesa dos direitos animais sugerem que casacos de pele antigos podem ser doados para reabilitação de animais selvagens, onde são usados para aquecer e proteger animais feridos.
Embora a reutilização de peles vintage possa se alinhar à circularidade na moda, ela também pode reforçar a estética e o desejo por peles, complicando a busca por uma moda verdadeiramente sustentável e ética. A questão central é a mensagem transmitida ao normalizar o uso de peles, mesmo que antigas.
Qual o futuro da moda e das peles?
O retorno das peles nas passarelas levanta questões importantes sobre o futuro da moda. À medida que a indústria busca equilibrar tradição e inovação, ética e estética, o debate sobre o uso de peles continua a evoluir. A moda tem o poder de influenciar comportamentos e valores sociais, e a escolha de materiais e práticas sustentáveis pode desempenhar um papel crucial na definição desse futuro.
Enquanto algumas marcas continuam a explorar alternativas sustentáveis, outras podem optar por resgatar elementos do passado. A chave para uma moda mais responsável pode estar na inovação e na disposição de desafiar normas estabelecidas, promovendo uma indústria que respeite tanto o meio ambiente quanto os valores éticos.