O Brasil deu um passo significativo na proteção das crianças ao incorporar a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) no Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde anunciou a decisão de incluir o imunizante Abrysvo, da Pfizer, no Calendário Nacional de Vacinação da Gestante. Essa medida visa proteger os recém-nascidos de uma das principais causas de bronquiolite infantil.
A vacina, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril de 2025, é destinada a gestantes de até 49 anos. A aplicação deve ocorrer durante o segundo ou terceiro trimestre da gravidez, permitindo que a mãe desenvolva anticorpos que serão transferidos para o bebê. Estudos clínicos demonstraram uma redução significativa nos casos de doença respiratória grave nos primeiros meses de vida do bebê.
Como a vacina contra o VSR funciona?
A vacina Abrysvo atua de forma preventiva, induzindo a produção de anticorpos na gestante que são passados para o bebê durante a gestação. Essa transferência de imunidade é crucial para proteger os recém-nascidos, especialmente nos primeiros seis meses de vida, quando são mais vulneráveis ao VSR. O vírus é responsável por uma alta taxa de hospitalizações em crianças menores de dois anos, sendo uma das principais causas de bronquiolite e pneumonia.
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Com a inclusão da vacina no SUS, espera-se uma redução significativa nas internações e complicações associadas ao VSR. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) já recomendam a vacinação de rotina entre a 32ª e a 36ª semana de gravidez.
Quais são os impactos do VSR na saúde infantil?
O VSR é um dos principais causadores de doenças respiratórias em crianças pequenas. Dados do Ministério da Saúde indicam que o vírus é responsável por cerca de 80% dos casos de bronquiolite e até 60% das pneumonias em crianças menores de dois anos. A infecção pode levar a complicações graves, necessitando de hospitalização e, em casos extremos, resultando em óbito.
Além das hospitalizações, o VSR pode deixar sequelas a longo prazo. Crianças que contraem o vírus podem desenvolver chiado no peito e outras complicações respiratórias, que podem persistir por anos. A introdução da vacina no SUS representa um avanço significativo na redução desses impactos.
Anticorpos monoclonais: uma alternativa complementar
Além da vacina, o Ministério da Saúde também incorporou o anticorpo monoclonal nirsevimabe, conhecido comercialmente como Beyfortus, ao SUS. Diferente da vacina, que estimula a produção ativa de anticorpos, o nirsevimabe fornece diretamente os anticorpos ao paciente, oferecendo uma proteção imediata.
O anticorpo é destinado a bebês prematuros e crianças com comorbidades, ampliando a proteção contra o VSR. Até então, a única opção disponível no SUS era o palivizumabe, indicado apenas para casos muito específicos. Com a nova incorporação, espera-se beneficiar cerca de 300 mil crianças, além dos 2 milhões de nascidos vivos que poderão ser protegidos pela vacina para gestantes.
O futuro da imunização contra o VSR no Brasil
A incorporação da vacina e do anticorpo monoclonal ao SUS reforça o compromisso do Ministério da Saúde em reduzir a mortalidade infantil e aliviar a pressão sobre o sistema de saúde. Durante os períodos de alta circulação do VSR, o sistema enfrenta uma sobrecarga significativa, e essas medidas são essenciais para mitigar esse impacto.
Com a implementação dessas tecnologias, o Brasil se junta a outros países da América Latina, como Argentina e Uruguai, que já incorporaram a vacina em suas redes públicas. A parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) também garante que a dose seja oferecida aos Estados membros, ampliando o acesso à imunização.