O câncer infantojuvenil, embora considerado raro, representa uma significativa preocupação no Brasil. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam para cerca de oito mil novos casos anuais entre crianças e adolescentes no país. Esta condição já é a principal causa de mortes por doenças nesta faixa etária, totalizando 8% dos óbitos. A dificuldade para um diagnóstico precoce e a desigualdade no acesso a tratamentos são fatores críticos nesse cenário.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a taxa de cura é significativamente menor em países de baixa e média renda, com apenas 20% das crianças obtendo sucesso no tratamento, em contraste com mais de 80% nos países desenvolvidos. Tal disparidade é atribuída, em grande medida, ao atraso no diagnóstico, conforme destaca a oncologista pediátrica Maristella Bergamo.
Quais são os principais tipos de câncer em crianças?
O Ministério da Saúde indica que os tipos de câncer mais comuns entre crianças e adolescentes são aqueles que afetam as células do sistema sanguíneo e tecidos de sustentação. Estes incluem as leucemias, tumores no sistema nervoso central e linfático. Outros tipos relevantes são o neuroblastoma, tumor de Wilms, retinoblastoma, tumor germinativo, osteossarcoma e sarcomas.
A genética desempenha um papel preponderante no desencadeamento do câncer infantojuvenil. Fatores ambientais são, em grande parte, menos influentes em comparação aos fatores hereditários e alterações genéticas, que frequentemente são transmitidos entre gerações, impactando o desenvolvimento da doença.

Como identificar sinais de alerta do câncer infanto-juvenil?
A detecção precoce do câncer em crianças pode ser desafiadora, dado que os sinais e sintomas são frequentemente semelhantes aos de outras doenças comuns na infância. Entre os sintomas preocupantes, destacam-se:
- Tumor cerebral: dor de cabeça constante, acompanhada de vômitos ou convulsões.
- Leucemia: palidez, manchas roxas na pele e febre flutuante.
- Tumores abdominais: dor abdominal, presença de nódulos ou massas.
Por que o diagnóstico precoce é desafiador?
O diagnóstico precoce do câncer em crianças enfrenta obstáculos devido ao desconhecimento tanto da população quanto dos profissionais de saúde. Muitas vezes, as condições raras, como é o caso do câncer infantojuvenil, não são imediatamente consideradas. Estudos sugerem que um pediatra pode ter contacto mínimo com casos de câncer em toda a sua carreira. Como resultado, a identificação de sintomas relacionados ao câncer tende a ser atrasada, prejudicando a eficácia do tratamento e as chances de cura.

Quais são as dificuldades no acesso ao tratamento?
Além do diagnóstico tardio, o acesso ao tratamento adequado para câncer em crianças também é limitado. Existem poucas opções de medicamentos específicos para esse público, tornando-os caros e difíceis de ser obtidos, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil. A medicina de precisão oferece terapias individualizadas por tipo de tumor, porém, o alto custo e a demora para disponibilidade comprometem significativamente as chances de cura.