Com o crescimento das exportações de carros para o Brasil, as fabricantes chinesas BYD e GWM preparam suas fábricas locais para iniciar a produção em 2024. Ambas planejam montar veículos híbridos e elétricos em território nacional, sinalizando uma nova era no mercado automotivo brasileiro. A iniciativa marca um passo estratégico importante para essas empresas no contexto global, permitindo uma presença mais forte em mercados internacionais, além de garantir benefícios fiscais significativos.
O Brasil é um dos maiores mercados automotivos do mundo, com vendas que ultrapassam dois milhões de unidades anualmente, o que o torna um componente vital nas estratégias de expansão das montadoras. Apesar de condições econômicas desafiadoras nos últimos anos, as vendas de veículos continuaram a crescer, destacando a resiliência do mercado brasileiro e a importância de uma produção localizada para as montadoras chinesas.
Quais são as expectativas para a fábrica da GWM em Iracemápolis?
A GWM confirmou que sua fábrica em Iracemápolis, São Paulo, começará a operar no segundo semestre de 2024. Esta unidade servirá como um ponto inicial para o híbrido Haval 6, um modelo a gasolina. Este esforço reflete não apenas a intenção de atingir o mercado brasileiro, mas também de beneficiar-se de incentivos fiscais do programa Movendo Verde e Inovação (Mover), que busca fomentar a produção de veículos sustentáveis.
Além disso, há planos para nacionalizar parcialmente a produção, envolvendo fornecedores locais gradualmente. A expectativa é que a planta alcance uma produção de até 50 mil veículos anualmente, com uma capacidade inicial de 25 mil unidades por ano. O objetivo a longo prazo é aumentar a integração de fornecedores brasileiros e adaptar os modelos às preferências locais.
Como a BYD planeja suas operações no Brasil?
A BYD está acelerando seus planos para começar a produção em sua fábrica de Camaçari, na Bahia, que deverá iniciar neste primeiro semestre. O foco principal será a produção de um motor flex para o híbrido Song Plus, seguido pelo modelo totalmente elétrico Dolphin Mini. Com um plano robusto de criação de empregos e desenvolvimento de infraestrutura, a marca visa estabelecer uma base sólida para suas operações brasileiras.
A unidade será a maior fábrica da BYD fora da China, com capacidade inicial de fabricação de 150 mil carros por ano, expandindo para 300 mil na fase seguinte. Esta expansão estratégica não apenas reforça a competitividade da BYD no mercado nacional, mas também se alinha com uma visão de se tornar um hub de exportação regional.
O que impede a redução de preços dos veículos chineses no Brasil?
A produção local das montadoras chinesas pode não se traduzir em preços mais acessíveis para o consumidor brasileiro. Fatores como altos custos de instalação e a necessidade de manutenção de margens de lucro para cobrir investimentos iniciais são apontados como principais motivos. Apesar disso, a presença local permite que essas empresas contornem tarifas de importação, como o imposto de 35% que entrará em vigor, tornando o mercado ainda mais competitivo.
- O Haval 6 da GWM tem um preço aproximado de R$ 240 mil.
- O híbrido Song Plus da BYD está estimado em R$ 299 mil.
- O veículo elétrico Dolphin Mini custa em torno de R$ 115 mil.
Ainda assim, os desafios persistem, incluindo a carência de infraestrutura para carregamento de veículos elétricos e o elevado custo de financiamento, que dificulta a compra de carros elétricos no país.
Quais são as preocupações das fabricantes tradicionais?
Com a chegada das montadoras chinesas, as fabricantes tradicionais enfrentam novos desafios no Brasil. A importação de veículos da China causou um déficit na balança comercial do setor em 2024, algo que não ocorria desde 2021. Isso levou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) a demandar aumento no imposto de importação para nivelar a concorrência.
A capacidade de produção das montadoras já estabelecidas no Brasil está subutilizada, com ociosidade de cerca de 45%. A entrada de novas concorrentes pressiona por medidas que fortaleçam a competitividade das empresas locais no mercado.