Recentemente, a cidade de Santarém, no estado do Pará, enfrentou um significativo aumento na concentração de poluentes, chegando a 154 microgramas por metro cúbico (µg/m³). Esse valor representa uma quantidade 30,8 vezes superior ao limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A principal causa dessa poluição é a fuligem proveniente das queimadas, uma prática que está diretamente relacionada com o desmatamento ilegal na Amazônia.
A plataforma suíça IQAir, especializada em monitoramento da qualidade do ar, foi responsável por divulgar esses preocupantes dados. Com Santarém localizada no coração da Amazônia, a floresta tropical mais extensa do mundo, os impactos do desmatamento e das queimadas são amplamente exacerbados, afetando não só o meio ambiente como também a saúde pública.
Qual é a Situação das Queimadas no Estado do Pará?
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado do Pará tem se destacado como o principal epicentro das queimadas no Brasil em 2024. A temporada de incêndios, que tipicamente começa em julho, tem registrado focos acima da média histórica mensal, revelando uma tendência alarmante de intensificação das chamas.
Os incêndios florestais no Pará não apenas destroem vastas áreas de vegetação, mas também liberam grandes quantidades de poluentes no ar, resultando em impactos diretos na qualidade do ar que, por sua vez, afetam a saúde das populações locais. Doenças respiratórias, por exemplo, têm aumentado entre os residentes das áreas mais afetadas.
Por que o Desmatamento Ilegal Persiste na Amazônia?
O desmatamento ilegal na Amazônia é impulsionado por diversos fatores, incluindo a expansão agrícola, exploração madeireira e mineração. Grande parte das áreas desmatadas é queimada para limpar o terreno, o que aumenta drasticamente a quantidade de material particulado no ar.
- Expansão agrícola: A agricultura é um dos principais motores econômicos na região, levando produtores a derrubarem áreas de florestas para cultivo de soja e criação de gado.
- Exploração madeireira: A madeira da Amazônia é altamente valorizada, o que leva à exploração predatória das florestas.
- Mineração ilegal: A extração de ouro e outros minerais provoca a degradação ambiental e é frequentemente associada à invasão de terras indígenas.
A falta de fiscalização adequada e a corrupção também facilitam a persistência dessas atividades ilegais, dificultando a proteção efetiva da floresta amazônica.
Quais São as Consequências para a População Local?
A saúde pública é uma das áreas mais prejudicadas pela poluição do ar resultante das queimadas. Doenças respiratórias aumentam significativamente durante a temporada de incêndios, afetando principalmente crianças e idosos. Além disso, a qualidade do ar deteriorada pode levar a problemas de longo prazo como a redução da função pulmonar.
A degradação ambiental decorrente do desmatamento e poluição também ameaça as comunidades indígenas e ribeirinhas, que dependem diretamente dos recursos naturais da floresta para sua sobrevivência. A perda de biodiversidade impacta não só os ecossistemas locais, mas também o equilíbrio climático global.
A situação em Santarém reflete desafios maiores enfrentados pela Amazônia e todo o Brasil em termos de sustentabilidade e proteção ambiental. Abordar as causas do desmatamento e das queimadas é essencial para garantir um futuro onde o desenvolvimento econômico pode ocorrer em harmonia com a conservação da vital biodiversidade amazônica.