Nos últimos anos, uma nova pesquisa lançou uma luz surpreendente sobre a construção da Pirâmide de Djoser, sugerindo o uso de tecnologia avançada na forma de um “elevador hidráulico”. Esta teoria audaciosa propõe que enormes blocos de construção foram erguidos através de um sistema de água intricado, revolucionando nossa compreensão das capacidades engenheiras dos antigos egípcios. No entanto, a comunidade arqueológica permanece dividida.
Localizada no Planalto de Saqqara, a Pirâmide de Djoser é a mais antiga das sete pirâmides monumentais do Egito. A pesquisa atual afirma que um complexo de infraestruturas, incluindo uma gigantesca represa e um sistema de tratamento de água, foi utilizado para erguer esta famosa estrutura. Se confirmada, esta teoria poderia mudar drasticamente nossa visão sobre as habilidades dos construtores egípcios e sua aplicação em monumentos posteriores, como as Pirâmides de Gizé.
A Represa Colossal: Um Barreira ou um Mecanismo?
Localizada a poucos metros da Pirâmide de Djoser, a estrutura de pedra Gisr el-Mudir, considerada a mais antiga do mundo, tem intrigado estudiosos por anos. Dr. Xavier Landreau, um dos autores do estudo, sugere que esta parede funcionou como uma gigantesca represa. Com base em dados paleoclimáticos, estimou-se que a área poderia ter recebido uma quantidade significativa de água, suficiente para operar um sistema hidráulico complexo.
Apesar dos argumentos dos autores, arqueólogos como o Dr. Zahi Hawass permanecem céticos. Hawass, que tem vasta experiência em escavações na região, não encontrou nenhuma evidência concreta que apoie a ideia de Gisr el-Mudir como uma represa. Esta discordância exemplifica o conflito entre abordagens tradicionais da arqueologia e novas perspectivas baseadas em outras disciplinas.
O Mistério do Tratamento de Água em Saqqara
No coração do complexo de Djoser está a chamada “Trincheira Profunda”, um canal esculpido na rocha que pode ter servido como uma instalação de tratamento de água. De acordo com o estudo, esta estrutura poderia ter funcionado em conjunto com Gisr el-Mudir para fornecer não apenas água potável, mas também energia hidráulica para a construção da pirâmide.
- A trincheira pode ter atuado como bacia de sedimentação.
- Possível sistema de purificação similar aos usados em tempos romanos.
Apesar da falta de consenso no campo da egiptologia, os argumentos apresentados pelos pesquisadores se alinham com técnicas conhecidas em engenharia hidráulica, sugerindo uma possível aplicação no mundo antigo.
Como Funcionava o Suposto Elevador Hidráulico?
A alegação mais intrigante do estudo é que a Trincheira Profunda alimentava dois eixos na pirâmide, permitindo o transporte vertical de blocos de construção. Este conceito se baseia em um sistema de canais subterrâneos, capazes de encher e drenar água, gerando pressão para mover pedras até o topo da estrutura.
- Água entra através de tubos esculpidos na rocha.
- Pressão se acumula, elevando blocos do nível do solo ao topo.
- Sistema de “obstrução de pedra” controlava o fluxo de água.
Ainda assim, arqueólogos, incluindo Hawass, refutam essa teoria, afirmando que a estrutura dos eixos é de fato uma câmara funerária, permanecendo céticos quanto à evidência de uso hidráulico.
O Debate Sobre a Engenharia Antiga do Egito: Possibilidade ou Curiosidade?
Embora as descobertas propostas no estudo sejam fascinantes, a falta de evidências históricas e arqueológicas tangíveis continua a alimentar o ceticismo. Landreau defende que, embora não haja provas conclusivas de que a pirâmide foi construída desta forma, a possível aplicação desses conceitos merece investigação. Contudo, críticos insistem que, para um estudo ser validado na arqueologia, é necessária a presença de evidências concretas, não apenas teóricas.
No fim, este debate ressalta o conflito entre inovação teórica e a interpretação tradicional de evidências arqueológicas, impulsionando futuras investigações sobre o passado engenhoso do Egito Antigo.