A partir deste mês, os interessados em financiar imóveis pela Caixa Econômica Federal enfrentarão mudanças significativas. O banco ajustou as condições para concessão de crédito imobiliário pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), elevando as exigências de entrada e alterando o percentual de financiamento.
Para adquirir um imóvel através do sistema de amortização constante (SAC) ou pelo sistema Price, os compradores precisarão desembolsar uma entrada substancialmente maior. Além disso, o banco limitou o valor máximo de avaliação dos imóveis financiáveis a R$ 1,5 milhão, alinhando-se às restrições do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Quais são as novas exigências para o financiamento?
Os mutuários que optarem pelo sistema de amortização constante deverão arcar com uma entrada de 30% do valor do imóvel, contra os 20% anteriormente exigidos. Já para o sistema Price, as mudanças são ainda mais rigorosas: a entrada passa de 30% para 50% do valor total do imóvel financiado. Essas alterações visam ajustar o orçamento do banco frente ao crescimento exponencial da concessão de crédito imobiliário registrado até 2023.
Além disso, a Caixa restringe a concessão de crédito apenas para aqueles que não possuem outro financiamento habitacional ativo com a instituição. Essa medida busca controlar a carteira de crédito e evitar uma superexposição do banco no mercado de financiamento imobiliário.
Por que essas mudanças foram implementadas?
A decisão de ajustar as regras de financiamento reflete a necessidade de controlar o orçamento da instituição, que viu um crescimento significativo na concessão de crédito. Em 2023, houve um aumento de 28,6% nos valores concedidos, alcançando um total de R$ 175 bilhões. Apenas pelo SBPE, foram liberados R$ 63,5 bilhões em financiamentos imobiliários nos primeiros nove meses do ano.
A Caixa destacou que a medida também é uma resposta ao aumento nos saques da caderneta de poupança, que registrou um volume líquido de saques de R$ 7,1 bilhões em setembro de 2023. Como as linhas de crédito imobiliário dependem diretamente dos recursos da poupança, este descompasso entre depósito e saque exigiu ações mais restritivas.
Como ficam os empreendimentos financiados pela Caixa?
Importante destacar que as mudanças não afetarão as unidades habitacionais de empreendimentos já financiados pelo banco, nos quais a própria Caixa financia diretamente a construção. Nesses casos, as condições atuais de crédito serão mantidas, garantindo continuidade e previsibilidade para construtoras e compradores já comprometidos com projetos sob a égide da Caixa.
O banco, que detém 70% do financiamento imobiliário no Brasil e 48,3% das contratações do SBPE, busca assim moderar o impacto do amplo crescimento do mercado, enquanto estuda soluções junto ao Governo e ao mercado para ampliar o crédito habitacional no país. A possível reversão das medidas em 2025 depende de um novo orçamento de crédito habitacional e das condições econômicas gerais.
Qual o impacto das novas regras da Caixa no mercado imobiliário?
As novas regras impostas pela Caixa podem influenciar tanto compradores quanto o mercado imobiliário de maneira mais ampla. A exigência de uma entrada maior restringe o acesso de muitos compradores a financiamentos, o que pode reduzir a demanda por novos imóveis no curto prazo. Além disso, a limitação do valor máximo de avaliação dos imóveis afeta diretamente a oferta e procura por imóveis de maior valor.
Por outro lado, essas restrições colocam pressão sobre outros agentes do mercado financeiro para oferecer melhores condições de crédito, podendo assim incentivar um maior equilíbrio no setor. Investidores e construtores poderão precisar adaptar suas estratégias para atender à nova realidade econômica, buscando novos modelos de financiamento ou focando em segmentos específicos do mercado.