Nona Gaprindashvili, uma das mais renomadas enxadristas do século XX, entrou com um processo contra a Netflix, alegando difamação. Este processo pode render até 5 milhões de dólares à campeã mundial de xadrez feminino. A controvérsia surgiu a partir de uma fala na famosa série O Gambito da Rainha, estrelada por Anya Taylor-Joy.
Lançada em 2020, a produção rapidamente se tornou um sucesso, atraindo fãs de xadrez e amantes de drama em todo o mundo. Contudo, uma frase no episódio final mergulhou a série em disputas jurídicas. A fala em questão subestima a carreira de Gaprindashvili, dizendo que a jogadora, na época a campeã mundial feminina, “nunca enfrentou homens”.
Por que Nona Gaprindashvili Processou a Netflix? Entenda
O processo de Gaprindashvili destaca uma cena do episódio End Game, onde um comentarista menciona: “A única coisa incomum sobre ela [Harmon], realmente, é seu sexo. E mesmo isso não é único na Rússia. Há Nona Gaprindashvili, mas ela é a campeã mundial feminina e nunca enfrentou homens”. Para Nona, essa afirmação é não só falsa, mas também desvaloriza suas conquistas históricas no mundo do xadrez.
De acordo com o processo, em 1968, ano em que o episódio se passa, Gaprindashvili já tinha competido contra pelo menos 59 jogadores masculinos, incluindo grandes mestres do xadrez. Esses dados mostram que a afirmação da série é “grosseiramente sexista” e “depreciativa”.
A Série Desvirtuou a Realidade de Propósito?
A Netflix se defendeu dizendo que tem grande respeito pela carreira de Nona Gaprindashvili, mas que considera o processo sem mérito. No entanto, Gaprindashvili alega que a deturpação dos fatos foi deliberada, com o intuito de “aumentar o drama” da série. Além disso, retratar a enxadrista como russa, quando na realidade ela é georgiana, foi visto por muitos como um insulto adicional.
Quem é Nona Gaprindashvili?
Nascida em Zugdidi, na Geórgia, em 1941, Nona Gaprindashvili se destacou como uma prodígio do xadrez desde jovem. Ela se tornou a primeira mulher a receber o título de Grande Mestre Internacional em 1978, quebrando barreiras e abrindo caminho para futuras gerações de jogadoras. Durante sua carreira, Nona enfrentou diversos jogadores de renome, solidificando seu lugar na história do xadrez.
- Campeã Mundial Feminina de Xadrez: Gaprindashvili deteve o título por 16 anos, de 1962 a 1978.
- Pioneira: Primeira mulher a competir em torneios internacionais de forma significativa.
- Reconhecimento: Vários prêmios e homenagens ao longo de sua carreira destacam sua influência no esporte.
O que Está por Trás da Disputa Judicial?
Para muitos, o litígio transcende o caso de difamação. Ele levanta questões sobre a responsabilidade das produções culturais em respeitar fatos históricos, especialmente quando lidam com figuras reais. Ao deturpar a carreira de uma pioneira como Gaprindashvili, a Netflix acidentalmente lançou luz sobre o preconceito de gênero no esporte, mesmo que não fosse essa a intenção inicial.
Em última análise, o processo judicial pode se tornar um marco não só para Gaprindashvili buscar justiça por si mesma, mas também para outras mulheres que enfrentam desafios semelhantes ao serem relegadas ao segundo plano em suas áreas de atuação. Este caso destaca a importância de retratar histórias verídicas com precisão e respeito no entretenimento e na mídia.
À medida que a batalha legal continua, resta ver como isso influenciará futuras produções e a forma como personagens reais são dramatizados na tela. Teremos que acompanhar de perto os desenvolvimentos desse processo e suas implicações culturais.
