A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) iniciou, em julho de 2024, um processo para avaliar possíveis medidas em relação a marcas de pães de forma com alto teor alcoólico. Esta ação foi desencadeada após a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, também conhecida como Proteste, publicar uma análise reveladora na quarta-feira, 10 de julho de 2024. O estudo apontou que oito marcas de pães possuem concentrações de álcool que superam os limites aceitáveis de consumo.
Entre as marcas examinadas, destacam-se Visconti, Bauducco e Wickbold 5 zeros, que são comumente encontradas nas prateleiras de supermercados. Segundo a Proteste, o consumo de apenas duas fatias desses pães pode resultar em detecção de álcool em um teste de bafômetro. A Anvisa tomou conhecimento dos resultados e planeja adotar medidas, se consideradas necessárias.
Estudo Revela Níveis de Álcool em Pães de Forma
A pesquisa da Proteste examinou um total de 10 marcas de pães. Destas, apenas Plusvita e Pullman foram aprovadas em todos os testes de identificação de teor alcoólico. Marcas como Visconti, Bauducco, Wickbold 5 zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys e Wickbold apresentaram altos níveis da substância, que, se fossem bebidas, seriam consideradas alcoólicas pela legislação brasileira.
Confira a seguir as porcentagens de teor alcoólico encontradas nas marcas:
- Visconti: 3,37%
- Bauducco: 1,17%
- Wickbold Sem Glúten: 0,89%
- Wickbold Leve: 0,52%
- Panco: 0,51%
Se esses produtos fossem medicamentos fitoterápicos, estariam sujeitos a advertências devido aos níveis de álcool, especialmente considerando a segurança para crianças.
Por Que Há Álcool no Pão?
Uma dúvida frequente é sobre a presença de álcool no pão. Durante o processo de fabricação, ocorre a formação de álcool etílico, que geralmente evapora no forno. No entanto, algumas indústrias usam conservantes diluídos em álcool para evitar o mofo e garantir a durabilidade do pão. Essa prática justifica os atuais níveis elevados encontrados na pesquisa da Proteste.
Segundo Henrique Lian, diretor-executivo da Proteste, “embora a legislação brasileira permita o uso de algumas substâncias nos alimentos, é necessário que normas sejam revistas para assegurar que o etanol residual não cause problemas aos consumidores”.
Quais Medidas Devem Ser Adotadas?
A Proteste enviou os resultados do estudo não apenas para a Anvisa, mas também para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A associação sugere a implementação de um percentual máximo de álcool nos alimentos e maior fiscalização quanto ao uso de conservantes.
Posicionamentos das Marcas Envolvidas
As empresas mencionadas no estudo também se pronunciaram sobre os resultados:
- Wickbold e Seven Boys: O Grupo Wickbold, que detém ambas as marcas, reforçou que todas as receitas e áreas da empresa seguem rigorosos protocolos de segurança e qualidade.
- Bauducco e Visconti: A Pandurata Alimentos destacou que adota padrões rigorosos de segurança alimentar e possui certificações reconhecidas internacionalmente.
- Pullman e Plusvita: O Grupo Bimbo, responsável por estas marcas, afirmou que não utiliza álcool na conservação de suas receitas e segue boas práticas de fabricação.
A Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) também se manifestou, criticando a metodologia do estudo e reiterando seu compromisso com a qualidade dos alimentos.
Este é um caso que ainda promete desdobramentos à medida que as investigações pela Anvisa progredirem, e novas regulamentações podem surgir para garantir a segurança alimentar dos consumidores brasileiros.