O Brasil almeja universalizar os serviços de saneamento básico até 2033. Para realizar essa meta ambiciosa, estimativas indicam que serão necessários R$ 509 bilhões em investimentos nos próximos 11 anos. No entanto, o desafio não se restringe apenas às obras de infraestrutura pública; é crucial garantir que essa infraestrutura alcance o interior das residências.
De acordo com um estudo do Instituto Trata Brasil (ITB) em conjunto com a EX Ante Consultoria Econômica, somente para equilibrar o déficit de infraestrutura de saneamento dentro das residências, serão precisos R$ 242,5 bilhões, o que representa R$ 24,3 bilhões por ano entre 2023 e 2033.
Investimentos Necessários para o Saneamento Básico Interno
Os custos de manutenção das estruturas dentro das casas podem elevar o orçamento a valores entre R$ 550,9 bilhões e R$ 607,7 bilhões entre 2023 e 2040. Segundo o presidente do ITB, é vital que políticas públicas foquem especialmente nas famílias de baixa renda para viabilizar esses investimentos.
- Famílias com renda de até R$ 2.862 representam 45% do total necessário
- Somam apenas 13% dos gastos das famílias brasileiras
- Necessidade de políticas e subsídios específicos
Como as Famílias Estão Investindo em Saneamento?
Atualmente, as famílias brasileiras destinam cerca de R$ 13 bilhões anuais para reformar e melhorar a infraestrutura de saneamento em suas casas, conforme dados de 2018 ajustados para 2023. No entanto, para sanar o déficit existente, seria necessário quase dobrar esse valor, alcançando R$ 24,5 bilhões anuais.
Esses investimentos correspondem a obras de construção ou readequação de instalações sanitárias e equipamentos, como instação de caixas d’água e ligação com a rede de esgoto, mas as famílias de baixa renda enfrentam mais dificuldades para obter os recursos necessários.
Qual é o Impacto da Falta de Saneamento nas Residências?
As empresas de saneamento básico levam a rede de água e esgoto até a porta das residências, mas caberá ao morador custear a conexão interna. Famílias com renda de até R$ 1.908 muitas vezes não possuem os recursos necessários para completar essa infraestrutura. A situação é crítica:
- 41,4% não têm acesso à água tratada
- 57,3% não possuem canalização conectada à rede de água e esgoto
- 40,8% não têm reservatórios como caixas d’água ou cisternas
- 39,3% carecem de coleta de esgoto
A deficiência no acesso à infraestrutura adequada afeta diretamente a saúde e o bem-estar das famílias. Sem um reservatório adequado, qualquer interrupção no fornecimento de água deixa a casa sem abastecimento. A falta de conexão a uma rede de esgoto gera lançamentos inadequados, resultando em contaminação e doenças.
Qual é o Impacto Socioeconômico da Falta de Saneamento?
A ausência de saneamento básico não compromete apenas a saúde física, mas também o desenvolvimento socioeconômico. Crianças que vivem em condições inadequadas de saneamento têm seu desenvolvimento físico e cognitivo afetado, o que prejudica a escolaridade e a produtividade futura. Consequentemente, essa situação impacta a renda média futura da população.
O Instituto Trata Brasil pretende usar esses dados para influenciar políticas governamentais, apresentando os resultados do estudo a instituições como a Secretaria Nacional de Habitação e a Caixa Econômica Federal. Se implementados os investimentos necessários, a indústria de materiais de construção também precisará se adaptar para atender à demanda.
Essa pesquisa foi com base na Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento (ASFAMAS) e pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).