Prestes a completar 30 anos de existência, a banda CPM 22 é dona de hits e de uma pegada incontestável no rock brasileiro. Com sucessos como “Um minuto para o fim do mundo”, “Tarde de outubro” e “Regina Let’s Go”, a banda tem como vocalista Fernando Badauí, que concordou em participar de um “raio-X” sobre sua trajetória profissional e pessoal em entrevista ao IstoÉ Gente Como a Gente — projeto do site IstoÉ Gente que aborda o lado pessoal e espontâneo de personalidades brasileiras.

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Durante a entrevista, Badauí falou sobre o verdadeiro significado do nome da banda, além de momentos marcantes da carreira, como a briga com Chorão, a recusa em participar do Rock in Rio 2011 e a música “Honrar teu nome”, feita após o falecimento de seu pai. Conhecido por sua voz ativa quando o assunto é futebol, o artista também avaliou a atuação dos jogadores da atualidade.

Acompanhe a entrevista completa:

IstoÉ Gente: Qual é a origem do nome ‘CPM 22’? 

Fernando Badauí: Não tem muitas versões. O nome do CPM 22 é um nome que começou com uma sigla que não queria dizer nada. Quando eu conheci o Wally, fundador da banda junto comigo, ele usava essa sigla, tinha até um boné ‘CPM’. Tinha um significado idiota, de moleque, que ele brincava com os primos dele. Sei dessa história até aí. 

Chegou um momento em que eu falei: ‘Cara, esse nome… Não tem nome, né? Sei lá, tem que achar um significado pra isso’. A gente tentou pensar em outros nomes para mudar, e não achamos nada que nos deixasse confiantes. A gente ‘desencanou’, fez a primeira demo e abriu uma caixa postal lá em Barueri, que era o número 1022.

Um dia, andando de carro, a gente viu uma placa de carro ‘CPM 1022’, aquelas placas antigas. E falamos: ‘Vamos pegar esse nome aí, usar provisoriamente como o nome da caixa postal, que é o nosso endereço mesmo, e depois a gente muda’. E acabou não mudando. 

É um problema isso, cara. F*da-se, já foi. É melhor do que o nome bobo também, que você depois se arrepende, né? Pelo menos é uma sigla que não quer dizer p*rra nenhuma. É legal que você vê a banda e você não pensa no nome, você pensa na banda, sei lá. Tem gente que fica arrumando desculpa porque o nome é uma b*sta. Não é uma b*sta, não é, não [risos]. Se tornou legal.

O CPM 22 já recebeu críticas por transitar entre músicas hardcore e melódicas para rádio?

FB: Na verdade a gente já fazia esse tipo de música antes de entrar numa rádio, numa gravadora. A gente lançou as mesmas músicas que já tocávamos num cenário mais alternativo, underground, com outras bandas de hardcore. A gente já era uma banda de punk rock, de hardcore melódico, com letras cotidianas. Isso não teve nada de diferente na gravadora.

Com o fato de assinar com uma gravadora, começar a tocar na rádio e ter furado essa bolha de quem ouve só esse tipo de música mais segmentada, vieram as críticas por conta de um contexto mais ideológico do que realmente o tipo de música que a gente fazia, porque as nossas influências são bandas que também são melódicas. Descendents, Social Distortion, bandas que falam de amor, de coisas cotidianas, de uma forma nada ‘careta’. É o que a gente tentou fazer e de certa forma a gente conseguiu, porque eu não sou nada careta. Mas também amo, sofro, como todo mundo. 

As críticas não tiveram nada a ver com o tipo de música e sim com o começo. A gente também era uma banda jovem, formada por caras de vinte e poucos anos. As pessoas mais velhas, que já estavam num cenário mais underground, davam uma torcida de nariz, porque a gente acabou entrando num mundo que, teoricamente, a gente briga contra, sabe?

A gente é uma banda que nasceu em 1995, mas poucos anos depois já tinha internet, a coisa já mudou completamente de figura no mercado fonográfico. A bolha do underground também estourou por conta da internet, e começou a chegar em públicos que não ouviam punk rock ou hardcore.

Antes da internet, para se ter uma divulgação minimamente ampla, você precisava de uma gravadora, de um certo investimento. Sobretudo no Brasil, onde o cenário underground era muito underground mesmo, diferente dos Estados Unidos, da Inglaterra, onde o cenário underground se movimenta dentro de uma economia própria.

A gente estava no Brasil e queria viver de música. Eu queria a minha voz amplificada e, para isso, a gente dependia de uma gravadora que investisse uma grana. Com o tempo, você tem a capacidade de provar que você realmente é uma banda de verdade. Mas isso foi muito no começo, depois no segundo, terceiro discos, a coisa já começou a melhorar e hoje em dia nem se fala mais nisso. A gente toca em vários eventos, tanto de bandas muito grandes, festivais gigantescos, como em um cenário bem underground. 

Você sofreu com restrições impostas pelas gravadoras no início da carreira?

A nossa briga com a gravadora no começo foi por causa da concepção de mixagem que eles tinham. Hoje a coisa já mudou um pouco. O Brasil é muito louco, né? Muito careta nesse sentido. Os caras ficavam com medo de botar guitarra pra tocar na rádio. A gente tinha que fazer versões no disco: fazer uma mixagem que a gente achava adequada e mandar versões com violão e voz para a rádio tocar, porque parece que vai agredir o ouvido de alguém, vai sangrar o ouvido, sabe?

É uma concepção que, até os anos 2000, ainda rolava muito. Um certo medo de assustar o público da rádio. Isso aconteceu muito nas rádios mais populares. Mas a gravadora nunca se meteu na nossa composição, a não ser tipo: ‘Esse refrão é legal para c*ralho, acho que é legal fazer ele mais uma vez no final’. Esse tipo de coisa que a produção tem que fazer mesmo. 

Falar ‘vocês têm que fazer uma música assim’, isso nunca aconteceu, nem com o Rick Bonadio, que é mais focado em lançar artistas para se tornarem mainstream. A briga era mais assim: ‘Põe um pouco mais de guitarra aí, abaixa um pouco essa voz, tá muito alto’. Nunca‘essa música aqui é ruim, faça outra’. Isso nunca aconteceu e nem vai acontecer enquanto estiver na banda.

Você acredita que seu jeito ‘na lata’ já impediu o CPM 22 de acessar alguns espaços do mainstream?

FB: Não, tô dando entrevista para a IstoÉ, pô [risos]. A gente faz eventos com bandas de hardcore e toca no Rock in Rio, toca no João Rock, em vários festivais, faz eventos corporativos de marcas super famosas e milionárias. Acho que uma publicidade pessoal possa atrapalhar um pouco, mas, como banda, não.

Por que o CPM 22 só estreou no Rock in Rio em 2015, se a banda foi convidada para o festival em 2011? 

FB: Porque eles queriam colocar a gente no dia do Slayer, Motörhead, não lembro mais quem. Não era o momento, a gente achou que poderia ter uma rejeição. Talvez não, talvez hoje eu aceitaria. Na época, a gente achou que era melhor ir em um dia que tivesse um pouco mais a ver. A gente tocou com Queens of the Stone Age, com  System of a Down. 

Foi um receio da época, acho que talvez hoje eu aceitaria, pela confiança no momento da banda, com a sonoridade que temos hoje, a formação, os discos que a gente lançou depois disso. Hoje a gente toca com quem for.

Como você vê a entrada de tantos novos gêneros além do rock no Rock in Rio?

FB: O festival nunca foi só de rock. Claro, era 80% rock, mas tem outros estilos, como Stevie Wonder, do c*ralho tocar no Rock in Rio. Artistas assim, que talvez não tenham aquela sonoridade do rock mais tradicional — guitarra, baixo, bateria e voz —, quem não gosta de um artista desses?

Mas esse ano eu achei que exagerou um pouco. O sertanejo não faz muita coisa pelos outros estilos, sabe? Eles vivem no mundo deles. Então acho que gera uma rejeição por conta disso, também. 

É um assunto polêmico, eu acho que o Rock in Rio também não precisa muito disso, já é gigante por natureza. Isso não quer dizer que não seja eclético, acho que tem coisas que têm a ver. O show do Bruno Mars no Rock in Rio foi espetacular, o Justin Timberlake… São artistas que preenchem o festival com muita qualidade artística. Agora, esse dia ficou meio esquisito mesmo [risos].

Mas eu tenho o maior carinho pelo Rock in Rio, tenho grandes amigos lá dentro. Inclusive o próprio dono do evento, Roberto [Medina], já me recebeu muito educadamente na sala dele, criamos uma relação muito boa. Já tocamos três vezes lá. Torço para que dê certo e que, se eles considerarem que foi um erro, não repitam esse fato.

Você acredita que, se não tivesse tido um mal entendido com Chorão no passado, o CPM 22 teria trabalhado com o Charlie Brown Jr.?

FB: Provavelmente. Não sei se uma música junto, talvez. Chorão era um cara muito explosivo, talvez bipolar, não sei. Era um cara instável na maneira de lidar com as pessoas, tanto é que ele brigou com vários outros artistas. Foi uma pena, porque foi um mal entendido, uma inocência minha de dar uma declaração fora de entrevista. Não sei se [a jornalista] interpretou mal, se foi maldade mesmo, mas escreveu de uma forma muito tendenciosa o que eu falei.

Eu gostava do Charlie Brown Jr., gostava do Chorão. A gente levou o disco independente para ele quando a gente lançou 1999, 2000. Ficamos juntos ali no estúdio trocando ideia, fumamos um ‘bagulho’ junto, ele deu uma entrevista falando da gente, não tinha porque eu falar mal do cara.

Depois ele acabou processando a jornalista que publicou minha resposta, uma resposta muito idiota. Ela me comparou a ele, eu falei: ‘Não tem nada a ver, cara bem mais alto que eu, mais fortão’. E ela falou que eu chamei ele de gordo. O cara tinha todo um complexo, sei lá, não sei. Mas também tinha muito ‘sanguessuga’ ao lado do cara, falando besteira na orelha dele. Foi uma bola de neve, uma cagada, um mal entendido.

A gente voltou a se falar, mas pode ter atrapalhado sim na questão de fazer uma turnê junto. Antes de ele morrer a gente falou sobre isso, de fazer uma turnê junto. Falei com ele um mês antes de ele morrer, fiquei uma hora no telefone. Mas faz parte do mundo artístico esse tipo de coisa, às vezes foge do seu controle.

Mas Marcão é o meu ‘parceiraço’, meu irmão. Todos eles, Pelado, Pinguim, Graveto… Heitorzinho tocou na banda com a gente… Mas foi, paciência. Não chegou a ter treta de dedo na cara, briga, nada. Uma coisa de xingar aqui, xingar ali. O CPM também estava grande, Charlie Brown estava grande, e aí, sabe como é , inflama. Começo das redes sociais, em todo lugar que eu ia tocar tinha essa pergunta. Lançando disco, a galera curtindo, chegava em uma cidade e a primeira pergunta era sobre isso, eu mandava se f*der. Isso aí não dá, não tenho paciência.

Quais foram as suas experiências mais marcantes com bandas internacionais?

FB: O Face to Face é uma banda californiana que não é tão conhecida como é um Bad Religion, por exemplo, mas é do mesmo segmento, da mesma cena da Califórnia. E o Trevor fez uma letra para o nosso disco Suor e Sacrifício, gravou no disco com a gente, e toda vez que eles vêm para o Brasil tocar… Eu já cantei duas vezes no show com eles, músicas deles. O cara é um ídolo para mim, é uma banda que eu adoro, que me influenciou muito.

Eu lembro de trabalhar na rua, trabalhava de vendedor, e ia dirigindo e ouvindo na fitinha. Os  tons das músicas são confortáveis para mim, então, eu ficava treinando em cima das músicas do Face to Face para pegar a maneira dele cantar, de construir as métricas vocais e tentar fazer em português com aquela sonoridade. Ter o reconhecimento de um cara desse, da banda toda, de me receber no camarim, me chamar pelo nome, é incrível. 

Mas teve várias bandas que a gente sempre ouviu, e, claro, os festivais grandes. Tocar com System of a Down, Zakk Wylde… Nossa experiência com os gringos é muito legal. 

Você acha que bandas com muitos anos de trajetória acabam se tornando covers delas mesmas?

FB: Eu acho que isso pode acontecer, sim, mas não acho que é uma regra. A gente acabou de lançar o disco Enfrente, que tem a cara do CPM com outro tipo de métrica vocal, de backing vocals, de arranjos de guitarra.

A gente vai completar 30 anos ano que vem, e a banda já mudou de formação várias vezes. Isso muda a sonoridade naturalmente, mesmo dentro do mesmo estilo. Vamos fazer essa turnê, fazer uma coisa grande. Se a relação está boa, a banda está criativa, tem coisas pertinentes para dizer, eu acho que dá para seguir. Acho que não tem uma regra, mas realmente faz sentido para algumas bandas. Só não dá para fazer carreira solo e tocar as mesmas músicas [risos].

Como você acredita que o CPM 22 influencia a nova geração de músicos?

FB: É uma responsabilidade, né. Acho muito legal e fico muito feliz, independentemente de influenciar uma banda pela sonoridade ou pela vontade de ter uma banda. O CPM é uma banda que já tem essa coisa melódica, e foi possível, em outros tempos mais do que hoje, tocar em rádio, bater em primeiro lugar na MTV, essas coisas, com a sonoridade que a gente tem por natureza. Mas a gente é uma banda alternativa para um país como o nosso, com o número de habitantes não muito grande que ouve rock ou hardcore. Acho que a gente é uma banda que vem de um cenário alternativo e conseguiu ter essa visibilidade.

Acho muito interessante influenciar essas bandas, só pelo simples fato de o cara falar: ‘Pô, se os caras conseguiram, dá para ir’. 

Tem bandas que a gente influenciou que têm uma sonoridade diferente, mas pelo fato de a gente ter saído daquela cena e ter despontado de forma nacional muito grande, isso dá uma injeção de ânimo para as bandas que estão no mesmo cenário.

Me sinto muito orgulhoso e feliz quando algumas bandas falam que têm influência do CPM, que me admiram, admiram a banda. Mostra que a gente fez algo respeitável, a gente tem uma carreira sólida.

Você acha que se tornou um ídolo para os novos músicos?

FB: Acredito que sim. É meio pretensioso eu dizer isso, mas se eles me veem, me admiram de alguma forma, independentemente de ser ídolo ou não, mas me respeitam minimamente ou admiram coisas que eu faço, eu já fico muito feliz. Mas acho que me colocar como ídolo é meio pretensioso. Sei o meu valor, sei o público que a gente tem, muito grande. Sei lá, obrigado [risos].

O CPM 22 lançou ‘Honrar teu nome’ em homenagem ao seu pai. Para além da sua vida pessoal, a morte dele, em 2016, afetou o seu trabalho?

FB: Na verdade me dá mais ânimo. Meu pai era um entusiasta da minha carreira. Ele teve muito tempo em vida para assistir meu sucesso.

Eu fui um filho problemático quando fui adolescente, então ele tinha muita preocupação de se ia dar certo ou não, para o meu próprio bem. E ele viu. Foram muitos anos, muitos shows, na televisão, programas…

A música [‘Honrar teu nome’] é mais uma despedida, uma homenagem, um adeus, do que ficar chorando. Hoje eu vejo a morte de outra forma. Quanto mais você olhar para a morte como uma coisa natural — isso quando morre mais idoso, né. Quando morre jovem é problemático. Mas acho que você tem que encarar de uma forma mais nostálgica, olhar para trás e ver o que de bom foi feito por essa pessoa. Tem a tristeza inevitável, mas nessa música eu quis deixar a tristeza de lado. Apesar de ela ter uma carga emocional muito grande, ela fala mesmo sobre um agradecimento por tudo o que ele fez, e poder ter visto o meu sucesso.

A galera se identifica bastante, até quem não gosta da banda fala, ‘c*ralho, essa música é muito forte’. Para mim foi muito bom porque foi um adeus, um descarrego, e é uma coisa que vai ficar eternizada. Mas ela é meio difícil de cantar hoje em dia, é complicado.

Seu amor por futebol e voz ativa sobre o esporte são heranças do seu pai?

FB: Ah, sim. O meu amor pelo futebol vem dele. Eu nem sabia o que era futebol e já usava uniforme do Corinthians, bola do Corinthians, tudo mais. Isso foi uma coisa de família, minha família inteira é corinthiana, e eu sempre joguei bola, jogo até hoje. Ele me levava aos jogos dele, eu ficava ali jogando bola, naquele ambiente com samba depois, churrasco, e aí eu comecei a ‘pirar’ nisso. Por mais que eu seja rockeiro, goste de andar de skate, pegar onda, eu sempre gostei de jogar bola e ir para jogo também.

Como você avalia a atuação dos jogadores da atualidade?

FB: Eu sei que muitos desses jovens que estão na Seleção Brasileira passaram por muitas dificuldades na vida. Isso é fato, pela desigualdade social que a gente tem no Brasil e pela quantidade de jogadores que o Brasil forma.

Dito isso, eles são blindados de uma forma absurda. Os empresários, a família, o clube, blindam o moleque, desde 10, 13 anos de idade, como se fosse um diamante que eles vão lapidando. Eles quase não têm mais contato com o externo, a não ser com atletas que treinam com eles. Quando o cara já começa a despontar, mesmo com 12, 13 anos, ele já ganha um destaque financeiro dentro do clube que ele está jogando. Isso muda a cabeça do moleque. 

Por um lado é muito bom ver um moleque que vem do nada se tornar um astro e ganhar muito dinheiro, mas, por outro, parece que ele aprende a não dar valor tanto para as coisas.

Esses caras ganham coisa de 30 milhões de euros por ano. Absurdo, ganham muito dinheiro. E aí eu acho que talvez não tenha aquela vontade de vencer com aquela camisa. Acho que por essa blindagem que eles dão desde cedo, pelo futebol ter se tornado um negócio muito mais valioso do que 20 anos atrás, talvez os atletas da sua formação, como cidadãos, não tenham essa agressividade enorme de disputar uma eliminatória pela Seleção Brasileira.

Investir no ramo da gastronomia foi um desafio para você, como músico?

FB: Como estrutura de negócio, eu tive que aprender bastante, eu era um pouco leigo. Mas intimidade com bares é o que eu mais tenho. Para todos os lugares que eu vou viajar, ou aqui em São Paulo, onde eu moro, eu adoro frequentar bares, restaurantes. Tem o lance da cerveja artesanal, que eu sempre gostei. Teve uma vez que a gente foi tocar em Londres com o CPM em 2009, e estava um frio do c*ralho lá, estava gelado, 4ºC, e eu ficava só indo de bar em bar, porque não tinha muito o que fazer. Daí eu voltei com essa ideia de montar um bar, um pub pequeno, com um monte de cerveja. 

A gente começou pequeno, só que aí a coisa foi tomando uma proporção, cresceu, porque o Henrique [Fogaça] também estava envolvido. Ele entrou no programa [MasterChef Brasil], e aí o lugar ficou muito pequeno, e é uma coisa que você não consegue mais lutar contra. A empresa crescendo fica mais rentável, mas os problemas também aumentam, mas hoje em dia a gente sabe lidar bastante, temos uma equipe bem capacitada. Perdi algumas noites, mas eu não me arrependo de nada.

Tem algum fato sobre a sua vida que poucas pessoas sabem?

FB: Eu sou faixa preta de Muay Thai, treino há 13 anos. Muita porrada na cara, vários nocautes, nariz quebrado, mas estamos aqui, calejados e firmes. Treino toda semana, entrei faixa branca, inexperiente, e hoje eu sou faixa preta.

Praticar Muay Thai influenciou sua vida pessoal?

FB: Totalmente. Pessoal, profissional. Me deu uma capacidade física muito boa com a intensidade dos shows. Me tornei um cara um pouco mais calmo também, porque sei o quanto pode machucar um soco na cara. Me tornei uma pessoa mais paciente, e não é fácil, nessa loucura que a gente vive hoje em dia, cheio de idiota na rua brigando por coisas completamente fúteis.

Se pudesse, você faria algo diferente em sua vida?

FB: Eu poderia dizer ‘menos farra’, mas eu não acho justo, porque eu adoro uma farra [risos]. Eu acho que teria aproveitado melhor os estudos. Mais para o colegial, eu fui um aluno meio vagabundo, cabulava muita aula, saía fora, fumava maconha na escola, e me atrapalhou demais isso daí. É uma coisa que eu sempre ouvi do meu pai e de outras pessoas, não levei a sério.

Então eu vou falar o que eu não fiz: estude, cara. Eu sei que às vezes dá uma cansada, mas é muito importante. Quando eu me liguei nisso, ainda jovem, eu passei a estudar por conta própria, que é importante também.