IstoÉ Cultura: musical sobre Ray Charles e exposição em homenagem a Ney Matogrosso

Ale Catan
Cena de "Ray: Você não me Conhece" Foto: Ale Catan

IstoÉ Cultura traz mais uma seleção de dicas culturais que podem te ajudar a escolher o que fazer nos próximos dias, com dicas de livros como das autoras Julia Lopes de Almeida e Florbela Espanca, além do argentino César Aira, espetáculos teatrais e uma exposição que estreia em breve no MIS, em São Paulo, em homenagem ao cantor Ney Matogrosso.

ISTOÉ CULTURA

Teatro

Últimos dias do espetáculo “Ray: Você Não Me Conhece”

Baseada no livro homônimo de Ray Charles Júnior, a peça musicada “Ray: Você Não Me Conhece” chega a suas últimas apresentações no Teatro B32, em São Paulo. Em cartaz até o dia 9 de fevereiro, a peça mergulha na vida e obra do músico Ray Charles sob o olhar de seu filho primogênito, Ray Charles Júnior.

Com texto e direção de Rodrigo Portella, a obra explora não apenas os desafios e conquistas da carreira do lendário cantor, mas sobretudo a complexa relação entre pai e filho. A dramaturgia também ressalta sua luta pelos direitos civis, evidenciando seu papel como uma voz ativa contra as injustiças sociais, o que contribuiu para consolidar ainda mais seu legado.

O elenco é formado por César Mello, Sidney Santiago Kuanza, Abrahão Costa, Flávio Bauraqui, Leticia Soares, Luci Salutes, Lu Vieira, Roberta Ribeiro, e pelas crianças Caio Santos e Victor Morais. Com direção musical de Claudia Elizeu e André Muato, a montagem traz uma banda ao vivo, composta por piano, baixo, bateria e sopros, que interpretará os grandes sucessos de Ray Charles.

IstoÉ Cultura: musical sobre Ray Charles e exposição em homenagem a Ney Matogrosso

“Ray: Você não me Conhece”

Ray: Você Não Me Conhece. Dramaturgia e direção: Rodrigo Portella. Direção Musical e Arranjos: Claudia Elizeu e André Muato. Elenco: César Mello, Sidney Santiago Kuanza, Abrahão Costa, Flávio Bauraqui, Leticia Soares, Luci Salutes, Lu Vieira, Roberta Ribeiro, e pelas crianças Caio Santos e Victor Morais. Classificação: 12 anos.

Teatro B32. Av. Brigadeiro Faria Lima, 3732 – Itaim Bibi, São Pualo. Até 9 de fevereiro. Sextas e sábados, às 16h e às 20h; domingos, às 17h. Ingressos: de R$ 42 a R$ 250. teatrob32.com.br

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Peça de Jandira Martini com direção de Marcos Caruso reestreia no Tucarena

Estreia nesta sexta-feira, 31, no Tucarena, em São Paulo, uma nova temporada do espetáculo “Jandira: em Busca do Bonde Perdido”, com texto assinado pela atriz falecida há um ano Jandira Martini e direção de Marcos Caruso. Na peça, Isabel Teixeira passeia pelas memórias mais marcantes de Jandira, evocando desde as descobertas da infância, passando pelos blocos carnavalescos da cidade de Santos – sua terra natal – até os desafios pessoais e a vida dedicada ao teatro.

Segundo o ator e diretor Marcos Caruso, o espetáculo é “uma improvável abertura de sentimentos de uma das pessoas mais fechadas que conheci. Uma peça que fala de uma dor de todos nós, com um grau elevado de bom humor e poesia”.

Em seus momentos mais desafiadores, a personagem/narradora busca socorro nas palavras e pensamentos de Molière, Machado de Assis, Oscar Wilde, Shakespeare e outros deuses da escrita, sua grande paixão.

IstoÉ Cultura: musical sobre Ray Charles e exposição em homenagem a Ney Matogrosso

“Jandira: em Busca do Bonde Perdido”

 

Jandira: em Busca do Bonde Perdido. Texto: Jandira Martini. Direção: Marcos Caruso. Atriz: Isabel Teixeira. Duração: 70 min. Classificação: 12 anos.

Teatro Tucarena. Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes, São Paulo. De 31 de janeiro a 23 de fevereiro. Sextas, às 21h; sábados, às 19h; domingos, às 17h. Ingressos: R$ 50 (meia) e R$ 100 (inteira). Na bilheteria, de terça a domingo, das 15 às 20h, ou em sympla.com.br

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Livros

Julia Lopes de Almeida ganha outra reedição pela Janela Amarela

Conhecida por resgatar autores do século 19 e início do século 20 que acabaram ficando esquecidos ao longo das décadas, a editora Janela Amarela acaba de trazer uma reedição de “A Falência”, um dos livros mais famosos da autora Julia Lopes de Almeida, uma das fundadoras da ABL (Academia Brasileira de Letras), que acabou sendo invisibilizada à época justamente porque a instituição não aceitava mulheres entre seus “imortais”.

Esta reedição, baseada na primeira edição do livro, publicada em 1902, teve a ortografia atualizada e conta com notas explicativas para termos e palavras fora de uso, um cuidado editorial da casa que visa justamente apresentar aos leitores contemporâneos essas obras quase esquecidas.

Felizmente, nos últimos anos tem-se tornado cada vez mais comum esse tipo de resgate, e a própria Julia Lopes de Almeida tem recebido mais créditos pelo seu importante trabalho, inclusive figurando entre as recomendações de leitura para alguns dos vestibulares mais tradicionais do país, como da Fuvest e da Unicamp.

“A Falência” conta a história da família Theodoro. Francisco, o patriarca, rico e ambicioso negociante de café, constituiu sua fortuna à custa de muito trabalho e empenho pessoal. Casa-se com Camilla, uma jovem bela, porém sem posses, com quem tem quatro filhos. A abastada família representa a ascensão urbana da burguesia carioca no auge do ciclo do café, com toda a sua glória, mas também com seus vícios.

A obra aborda temas como a ganância, ambição, infidelidade, adultério e a independência feminina. A falência é vista não apenas pelo ponto de vista financeiro, mas também pelo social e moral.

IstoÉ Cultura: musical sobre Ray Charles e exposição em homenagem a Ney Matogrosso

“A Falência”, de Julia Lopes de Almeida
Janela Amarela
348 págs.
R$ 82,90

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“Gêmea de alma” de Fernando Pessoa, Florbela Espanca tem sonetos reunidos em livro

Para quem deseja conhecer a obra da grande poeta portuguesa Florbela Espanca, a editora José Olympio acaba de lançar a edição de “Sonetos”, que reúne as obras autopublicadas por ela em vida “Livro de Mágoas” (1919) e “Livro de Soror Saudade” (1923), além dos póstumos “Charneca em Flor” (1930) e “Reliquiae” (1931).

O livro ainda conta com dois estudos críticos que sugerem caminhos para a leitura dos poemas: o primeiro, de 1950, assinado pelo poeta, ensaísta e crítico português José Régio, é um dos ensaios inaugurais sobre a autora. E segundo, do professor de literatura portuguesa da Unifesp, poeta e crítico Leonardo Gandolfi, oferece uma leitura contemporânea sobre Florbela, que foi chamada por Fernando Pessoa de “Alma sonhadora, Irmã gêmea da minha!”, em seu poema “À memória de Florbela Espanca.

IstoÉ Cultura: musical sobre Ray Charles e exposição em homenagem a Ney Matogrosso

“Sonetos”, de Florbela Espanca
José Olympio
224 págs.
R$ 49,90

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Celebrado autor argentino ganha novas edições no Brasil

A editora Fósforo segue seu plano de publicar as obras do escritor argentino César Aira e, agora em fevereiro, lança a segunda caixa, com quatro volumes do autor: “O Divórcio”, “Parmênides”, “Aniversário” e “Um Episódio na Vida do Pintor Viajante”.

A primeira, uma “novelita” que teria sido escrita sob influência de “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, retrata a história de um professor universitário recém-divorciado que passa férias no bairro de Palermo, em Buenos Aires. Em posfácio desta edição, a escritora, cantora e multiartista Patti Smith comenta sobre “O Divórcio”: “O brilhantismo do pesadelo o torna irresistível”.

Em “Parmênides”, o político e sacerdote grego que dá nome à obra decide escrever um livro. Há muito com o propósito em mente, acredita que é a peça que falta para firmar o seu prestígio na sociedade. O religioso deseja elaborar um tratado “sobre a natureza”, mas lhe falta o conhecimento literário, o que o leva a contratar o poeta Perinola para ajudá-lo. Em meio a encontros e conversas animadas, os dois constroem uma amizade equilibrada em uma cega e mútua confiança. Assim os anos vão passando, e o livro, sonho de um e motivo de angústia para o outro, parece não deixar o mundo das ideias.

Já no terceiro volume, “Aniversário”, alguns meses depois de completar cinquenta anos, em uma conversa com sua esposa sobre fases da Lua, Aira se dá conta da dimensão da própria ignorância acerca de assuntos banais. A anedota dispara uma série de reflexões sobre as certezas, o conhecimento, a vida, a morte, a juventude, o tempo e o seu desfrutar. O ensaio lança luz sobre os principais pilares do pensamento e dos procedimento de escrita do autor.

Na novelita “Um Episódio na Vida do Pintor Viajante”, Aira traz sua perspectiva bem humorada sobre a passagem do pintor alemão Johann Moritz Rugendas pela América Latina, para documentar seu “exotismo tropical”. Na obra, o autor refaz o percurso de Rugendas, interrompendo seu destino de viagem com um episódio inesperado.

IstoÉ Cultura: musical sobre Ray Charles e exposição em homenagem a Ney Matogrosso

“O Divórcio”, “Parmênides”, “Aniversário” e “Um Episódio na Vida do Pintor Viajante”, de César Aira
Tradução: Joca Wolff e Paloma Vidal
Fósforo
160 págs.; 180 págs.; 132 págs. e 152 págs. (624 págs. no total)
R$ 169,90 (caixa física) // R$ 118,90 (e-book)

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Exposições

Exposição no MIS comemora 50 anos de carreira de Ney Matogrosso

A partir do dia 21 de fevereiro, o público poderá conferir em uma exposição no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, que celebra os 50 anos de carreira do cantor Ney Matogrosso. A mostra faz um percurso cronológico pela obra de um dos maiores intérpretes da música brasileira, passando por cada década do cantor nos palcos. Desde sua estreia com o grupo Secos & Molhados, até seu mais recente álbum solo, “Nu com Minha Música”.

Dividida em seis áreas, a exposição exibe centenas de elementos têxteis como figurinos e adereços de shows e videoclipes, além de documentos, capas de álbuns, pôsteres, CDs, trechos de entrevista e diversas fotografias de Ney em obras de Madalena Schwartz, Thereza Eugênia, Ary Brandi e Daryan Dornelles.

A curadoria é assinada pelo diretor-geral do MIS, André Sturm, o projeto expográfico é dos arquitetos Juan Cabello Arribas e Viviane Sá e os textos da exposição foram compostos pelo jornalista Julio Maria, autor de “Ney Matogrosso – a biografia”, lançada pela Companhia das Letras em 2021.

IstoÉ Cultura: musical sobre Ray Charles e exposição em homenagem a Ney Matogrosso

Ney Matogrosso nos bastidores do show “Bandido” (1975)

Exposição Ney Matogrosso. A partir de 21 de fevereiro. Terças a sextas, das 10h às 19h; sábados das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Às terças-feiras, a entrada é gratuita, assim como na terceira quarta-feira do mês. Classificação: livre.

MIS. Avenida Europa, 158 – Jardim Europa, São Paulo.