ISTOÉ CULTURA

Poucos dias após ter lançado seu segundo álbum solo, o excelente “Caju”, Liniker anunciou que iniciaria a nova turnê com um show no Espaço Unimed, em São Paulo, local que comporta cerca de 8 mil pessoas. Quando a venda de ingressos foi aberta, ao meio-dia desta quinta-feira, 5, mais de 50 mil pessoas já estavam na fila virtual para tentar garantir seu lugar na casa.

Em cerca de uma hora, todos os 8 mil lugares para sua apresentação do dia 8 de novembro já estavam vendidos, demonstrando o fenômeno que a cantora de 29 anos tem se tornado na MPB, com seu vozeirão, sua presença de palco e carisma. Ainda no mesmo dia, uma segunda apresentação no mesmo local foi anunciada, desta vez para o dia 13 de novembro. O resultado? Mais uma vez, cada um dos 8 mil ingressos foram vendidos em uma nova fila com dezenas de milhares de interessados.

Ao fim da tarde dessa quinta, uma segunda data extra foi anunciada também no Espaço Unimed, para o dia 19 de novembro. A procura seguiu intensa, a fila virtual também na casa dos milhares, e antes do fim da noite, Liniker esgotou a terceira noite em um mesmo dia. Cerca de 24 mil ingressos vendidos em poucas horas. Feito digno de popstar internacional que não costuma vir tanto ao Brasil, ao contrário da cantora nascida em Araraquara, no interior de São Paulo, que é figurinha carimbada em Sescs, teatros e diversos festivais pelo país.

“Quero saber se você vai correr atrás de mim num aeroporto”, diz o primeiro verso da faixa título que abre seu novo álbum, com 14 faixas e cerca de 69 minutos de uma mistura enorme de ritmos, navegando entre o jazz, o samba, a bossa nova, o pagode romântico, o tecnobrega e a guitarrada, uma nova MPB linikeriana, e que conta com ilustres participações como de Anavitória, da banda BayanaSystem, de Pabllo Vittar e do hitmaker Lulu Santos, entre outros. Aparentemente, muita gente estaria disposta a correr atrás de Liniker, não só num aeroporto, mas onde quer que ela vá. E ao que tudo indica, irá muito longe.

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Ainda nesta edição… outra voz do R&B e do soul, dessa vez internacional, também fará três shows por aqui: Erycah Badu; São Paulo ganha um novo festival de jazz; Bienal do Livro começa nesse fim de semana; mostra de cinema destaca filmes feitos em diversos países da África; e Cazuza ganha um relançamento do seu último álbum em vinil. Tudo isso e mais, nas dicas dessa semana!


Literatura

Bienal do Livro de São Paulo

Começa nesta sexta-feira, 6, e vai até o próximo dia 15, a 27ª Bienal do Livro de São Paulo, realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), no Distrito Anhembi, na zona norte da capital paulista. Um dos mais tradicionais eventos literários do país, a Bienal reúne autores nacionais e internacionais, assim como editoras e livreiros, que expõem seus produtos em diversos estandes que poderão ser visitados por cerca de 600 mil pessoas pelos próximos dias.

Entre os convidados brasileiros do evento, estão confirmados nomes como Pedro Bandeira, Conceição Evaristo, Itamar Vieira Júnior, Xico Sá, Daniela Arbex, Ailton Krenak e Monja Coen, entre outros. Já os poucos destaques internacionais ficam por conta de nomes como John Scalzi, autor de “Guerra do Velho” e “A Sociedade de Preservação dos Kaiju”; Hwang Bo-Reum, de “Bem-vindos à livraria Hyunam-dong”; e Carley Fortune, autora de “Depois daquele verão”. O país convidado de honra dessa edição será a Colômbia, que terá uma área de 300m² onde uma série de atividades culturais e de negócios serão realizadas.

O público terá a chance de acompanhar diversas mesas com autores e profissionais da literatura, além de se aventurar nas prováveis enormes filas para conseguir assinaturas de seus escritores favoritos. Para conferir a programação completa e todos os detalhes do evento, acesse bienaldolivrosp.com.br.

IstoÉ Cultura: Linikermania, Bienal do Livro, shows de Erykah Badu e exposições sobre ditaduras do Brasil e da Argentina
Divulgação

27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. De 6 a 15 de setembro. De segunda a sexta, das 9h às 22h; sábados e domingo, dia 8, das 10h às 22h, e dia 15, das 10h às 21h. Ingressos: R$ 17,50 (meia entrada) e R$ 35 (inteira). Grátis para menores de 12 anos e maiores de 60, bem como funcionários e matriculados do Sesc, e seus dependentes com credencial da categoria plena.

Distrito Anhembi. Rua Olavo Fontoura, 1209, Santana, São Paulo.

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Romance que chocou a Europa no século 19 ganha nova edição

Publicado pela primeira vez na Bélgica, em 1884, “Senhor Vênus”, de Rachilde, pseudônimo de Marie Vallette-Eymery (1860-1953), causou escândalo à época ao abordar inversão de gêneros em sua narrativa. O livro, que agora ganha uma bela edição da Ercolano, contra a história de Raoule de Vénérande, uma mulher nobre da alta sociedade parisiense que surpreende a todos com seus costumes transgressores e seu empoderamento.

Órfã desde os cinco anos, Raoule foi criada por uma tia viúva e careta. Vestia roupas masculinas, lutava esgrima e cavalgava quando as mulheres só podiam usar calças compridas por meio de um requerimento oficial — o mesmo ao qual a própria Rachilde teve de se submeter em vida.

Raoule fica fascinada com a androginia e a graciosidade do delicado Jacques, rapaz sensível e aspirante a pintor. Com a ideia de tê-lo para si, ela propõe então uma espécie de mecenato a Jacques, que, nas mãos da aristocrata e da irmã alcoviteira, prostituta e alcoólatra, passará por um processo de “embonecamento”. Raoule, a marido, decide tomá-lo como esposa, ditando as regras da relação a seu bel prazer, até mesmo de maneira cruel.

Rachilde foi uma figura central no movimento literário conhecido como decadentismo, surgido no fim do século XIX. Seus trabalhos exploram temas de identidade de gênero, sexualidade e perversão, muitas vezes chocando a sociedade conservadora da época. Nascida em uma família de classe média, ela enfrentou uma infância difícil e repressiva, que influenciou profundamente sua escrita.

Autora de dezenas de obras, morreu aos 93 anos, caída no esquecimento, na medida em que sua escrita ácida se atenuava. Poucas pessoas compareceram ao seu funeral, e os editores da Mercure de France, revista literária que ela chegou a dirigir com o marido, Alfred Vallette, e que se tornou um ponto de encontro para muitos escritores e artistas da época, se contentaram em homenageá-la com um brevíssimo obituário.

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“Senhor Vênus”, de Rachilde (Marguerite Vallette-Eymery)
Tradução: Flávia Lago
Ercolano
212 págs.
R$ 99,80


Música

Erykah Badu vezes três

A cantora de R&B e soul Erykah Badu deve fazer ao menos três apresentações no Brasil em novembro deste ano. A estadunidense desembarca para uma apresentação em São Paulo, no Espaço Unimed, no dia 6, com abertura de Luedji Luna. Na sequência, ela embarca para o Rio de Janeiro, onde se apresenta no festival Rock The Mountain, no dia 8, no distrito de Itaipava, em Petrópolis. Por fim, Badu vai a Salvador, para um show no dia 11, no festival Afropunk Bahia.

Os ingressos para a apresentação em São Paulo começam a ser vendidos nesta sexta, 6, em ticket360.com. Para os shows da cantora nos festivais Afropunk e Rock The Mountain, os bilhetes podem ser adquiridos em sympla.com.br.

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Reprodução/Instagram

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São Paulo ganha novo festival de jazz

No final de setembro, mais precisamente nos dias 28 e 29, o Memorial da América Latina servirá de palco para o São Paulo Jazz Weekend, evento que traz nomes internacionais e brasileiros, como Dianne Reeves, Shai Maestro, Scott Kinsey, Hermeto Pascoal, Seu Jorge e Daniel Jobim, Arismar do Espirito Santo, Salomão Soares, entre outros.

Os ingressos já estão à venda pelo site spjw.com.br, e custam a partir de R$ 25.

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Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia

A Universal Music relança em vinil duplo o último álbum de Cazuza (1958-1990), “Burguesia”, de 1989. O trabalho contém 20 faixas e o projeto está dividido em duas vertentes muito bem exploradas na carreira do cantor, o rock e a MPB. Na primeira parte, a bolacha azul com transparência traz faixas como “Burguesia” e “Nabucodonosor” entre as faixas do lado A, e “Babylonest”, parceria com Lobão, “Como Já Dizia Djavan”, de Cazuza e Frejat, e “Perto do Fogo”, composta com a Rainha do Rock Rita Lee, são alguns dos destaques do lado B.

O segundo LP, em um amarelo também translúcido, traz a veia mais MPB do ex-Barão Vermelho, com canções como “Cobaias de Deus”, em parceria com Angela Ro Ro, “Quase um segundo”, composta por Herbert Vianna, “Esse Cara”, de Caetano Veloso, além de mais uma parceria de Cazuza com Lobão, “Azul e Amarelo” e o blues rock de Rita Lee e Paulo Coelho “Cartão Postal”.

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“Burguesia”, de Cazuza
Universal Music Brasil
20 faixas / 67 min.
R$ 349,90


Cinema

Mostra de Cinemas Africanos

Entre os dias 11 e 18 de setembro, o Cinesesc de São Paulo sedia a Mostra de Cinemas Africanos, que desembarca em Salvador entre os dias 18 e 25 do mesmo mês, em quatro salas da capital baiana. Criado em 2018, o festival surgiu em resposta à escassez de plataformas que exibem filmes africanos recém-lançados no país.

Além das exibições de filmes, a MCA tem o compromisso de promover o conhecimento no âmbito acadêmico dos cinemas africanos. O festival produz conteúdo acadêmico em português, tornando-o acessível a estudantes brasileiros, pesquisadores e aos países africanos de língua oficial portuguesa.

Nesta edição, o festival apresenta 16 longas e quatro curtas de 14 países do continente africano, com vários títulos inéditos no Brasil e uma programação especial sobre a exploração colonial, violência e epistemicídio que marcaram a história de países do continente.

A presença de convidados africanos também se mantém na programação com debates pós-sessão. Os ingressos para assistir aos filmes custam R$ 24,00 (inteira), R$ 12,00 (meia) ou R$ 8,00 (credencial plena), enquanto as atividades paralelas têm entrada franca. Para conferir a programação completa e outras informações, acesse mostradecinemasafricanos.com.

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Exposições

Ditadura nunca mais

O Memorial da Resistência de São Paulo apresenta neste sábado, 7, às 11h, a abertura de duas exposições concomitantes: Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais e Memória argentina para o mundo: o Centro Clandestino ESMA.

A mostra argentina é uma itinerância realizada pelo Museu Sítio de Memória ESMA – Ex-Centro Clandestino de Detenção, Tortura e Extermínio, em Buenos Aires e explora a história do edifício, desde a ocupação pelas Forças Armadas durante a última ditadura argentina (1976–1983) até seu reconhecimento como Patrimônio Imaterial da UNESCO, em 2023. As violações de direitos humanos cometidas contra mulheres no período também são revisitadas a partir dos testemunhos das sobreviventes.

Em paralelo, com curadoria do pesquisador e professor Diego Matos, a exposição Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais é dedicada à memória do projeto homônimo, responsável pela mais ampla pesquisa já realizada pela sociedade civil sobre a tortura no Brasil durante a Ditadura Civil-Militar (1964–1985).

Com as duas mostras, o Memorial explora as últimas ditaduras brasileira e argentina ao apresentar diferentes processos de luta e resistência protagonizados em ambos os países latino-americanos. A partir da história oral, coloca ambas as exposições em diálogo para a construção de uma memória coletiva sobre os períodos de repressão.

IstoÉ Cultura: Linikermania, Bienal do Livro, shows de Erykah Badu e exposições sobre ditaduras do Brasil e da Argentina
Mãe deposita uma flor em um dos túmulos sinalizados como “NN” (nome desconhecido), no Cemitério Parque de Grand Bourg.
Buenos Aires, 31 de outubro de 1982 (Crédito:Acervo Memoria Abierta)

Memorial da Resistência de São Paulo. Largo General Osório, 66, Santa Ifigênia, São Paulo. De quarta a segunda, das 10h às 18h. Entrada gratuita.