IstoÉ Cultura dessa semana se dedica mais à literatura, com os primeiros anúncios da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) e da Feira do Livro do Pacaembu, em São Paulo; uma exposição sobre a língua portuguesa e o lançamento do novo livro do escritor e tradução Caetano W. Galindo, no Museu da Língua Portuguesa; o filme e a versão em livro dos diários de Mário de Andrade, cuja morte fez 80 anos no último fevereiro.
Confira abaixo mais detalhes sobre esses assuntos.
Paulo Leminski será o autor homenageado da Flip 2025
A Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) anunciou nesta semana que o escritor, poeta e compositor curitibano Paulo Leminski (1944-1989) será o homenageado da 23ª edição do festival, que acontece entre os dias 30 de julho e 3 de agosto, em Paraty (RJ).
Autor de inúmeros livros de poesia, biografias e outros textos em prosa, como o romance experimental “Catatau”, Leminski também assinou inúmeras canções ao lado de nomes da música brasileira como Caetano Veloso, Moraes Moreira, Jorge Mautner, Guilherme Arantes e Itamar Assumpção.
Dono de uma prosa e de uma poética simples, mas longe de simplória, Leminski soube se conectar com o brasileiro por meio de sua obra, como explica a curadora literária da Flip, Ana Lima Cecílio. “A poesia é uma expressão muito cara ao Brasil, país que tem uma relação tão íntima com a música, e o Leminski é uma espécie de embaixador dessa relação, por sua compreensão profunda de que a poesia e a música se misturam para comunicar melhor”, explica.
Ainda de acordo com a curadora do evento, “sua produção em prosa e em textos críticos é fundamental para entender um contexto da produção literária brasileira, que passa pelo concretismo, tão importante na nossa poesia, mas também por um processo de multiplicação, com a poesia marginal, a autopublicação e a democratização literária como um todo”, diz Ana Lima Cecílio.
A Flip deve começar a anunciar em breve outros nomes que devem participar de sua programação, em flip.org.br.
Feira do Livro do Pacaembu anuncia primeiros nomes da programação
Quem também fez anúncios relacionados à programação literária foi a Feira do Livro do Pacaembu, que acontece em frente ao estádio de mesmo nome, na Praça Charles Miller, em São Paulo, entre os dias 14 e 22 de junho, no feriado de Corpus Christi.
O evento organizado pela Associação Quatro Cinco Um chega à sua quarta edição com destaques nacionais e internacionais da literatura, da poesia e da não ficção para debates gratuitos e encontros com o público.

Feira do Livro do Pacaembu
Entre os primeiros 40 nomes já confirmados de uma lista que, segundo a organização, deve ficar em torno de 150, estão Aline Bei, Amara Moira, Marcelo Rubens Paiva, Ignácio de Loyola Brandão, Oscar Nakasato, Ricardo Terto, Marilena Chauí, Drauzio Varella, Adriana Lisboa, Paloma Vidal e Lázaro Ramos. Entre os internacionais confirmados, teremos a presença dos portugueses Lídia Jorge, Afonso Cruz e Alexandra Lucas Coelho, da chilena Lina Meruane, do argentino Pedro Mairal, e da estadunidense Ruth Wilson Gilmore.
A lista completa com os nomes já divulgados, você encontra nas redes sociais d’A Feira do Livro, onde mais autores do Brasil e de outros países devem ser anunciados nas próximas semanas.
Exposição celebra a fala e os sotaques brasileiros
O Museu da Língua Portuguesa inaugurou nesta sexta-feira, 28, a exposição temporária “Fala Falar Falares”, com curadoria da cenógrafa e cineasta Daniela Thomas e do escritor e tradutor Caetano W. Galindo, que aborda a capacidade de se manipular o som a partir do corpo, sob uma perspectiva mais do que especial: a do português falado no Brasil e de sua variedade.
A exposição tem o objetivo de fazer o público pensar no quanto é especial a capacidade de falar – e, com a fala, criar música, cultura e se expressar de maneiras tão diferentes dentro da mesma língua. A primeira parte é dedicada a mostrar como o fenômeno da fala acontece dentro do corpo a partir de coisas essenciais para a vida: o ar e a respiração.
Em uma das instalações, os visitantes serão convidados a usar um microfone que foi calibrado para captar apenas sons de pessoas respirando – e que está ligado a uma projeção de luz que pulsa conforme este som.
Outra experiência mostra imagens captadas por uma máquina de ressonância magnética, onde é possível observar como se movimenta o interior de um corpo humano quando fala algumas frases conhecidas de canções brasileiras.

Exposição “Fala Falar Falares”, no Museu da Língua Portuguesa
Exposição temporária Fala Falar Falares. De 28 de março a setembro. De terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h). Ingressos: R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia). Grátis aos sábados e domingos, e para crianças até 7 anos. Venda de ingressos na bilheteria e em sympla.com.br
Museu da Língua Portuguesa. Estação da Luz – Luz, São Paulo. Acesso pelo Portão A.
Novo livro de Caetano W. Galindo sobre a língua portuguesa
Aproveitando o início da exposição “Fala Falar Falares”, Caetano W. Galindo lança neste sábado, 29, também no Museu da Língua Portuguesa, seu mais recente trabalho literário: “Na Ponta da Língua” (Cia. das Letras). O livro propõe compartilhar instrumentos para que os leitores sejam investigadores da história da língua portuguesa tendo o corpo humano como base.
Numa jornada que vai da cabeça aos pés, Caetano W. Galindo nos ensina os processos históricos que explicam por que nosso pescoço deixou de ser “poscoço” e a ligação inusitada entre o joelho e uma almofada.
Enquanto nos divertimos com o humor constante de sua prosa, que corre quase como uma performance cômica, mal notamos que estamos aprendendo os complexos mecanismos que regem as mudanças da língua ao longo dos séculos e os processos ocultos por trás da formação das palavras.
O evento acontece no auditório do Museu da Língua Portuguesa, e inclui um bate-papo com o autor e sessão de autógrafos.
“Na Ponta da Língua”, de Caetano W. Galindo
Companhia das Letras
272 págs.
R$ 69,90 (físico) / R$ 29,90 (e-book)
Mário de Andrade, o turista aprendiz
Aproveitando a edição praticamente toda literária desta semana, vale destacar que chega aos cinemas o filme “Mário de Andrade, o Turista Aprendiz”, dirigido por Murilo Salles. O longa é uma livre adaptação das anotações feitas pelo escritor durante sua viagem pelo rio Amazonas em 1927, anteriores à publicação de sua obra mais consagrada, “Macunaíma”, de 1928.
Mário só “passa a limpo” essas anotações em 1943, 16 anos depois de sua aventura amazonense. A partir daí, Murilo Salles toma a liberdade de propor um filme que se passa na cabeça do escritor, já que tudo o que está sendo relatado são memórias e ficção.

Cena do filme “O Turista Aprendiz”, de Murilo Salles
Já as notas de Mário de Andrade ganharam uma nova edição em livro pela Tinta da China Brasil, que recupera o manuscrito de 1943, revisto pelo autor, e é acompanhada de catorze fotografias que Mário tirou ao longo da viagem. Registro da expedição à Amazônia, “O Turista Aprendiz” mistura relatos, descrições arrebatadas de um escritor paulista na floresta, comentários mordazes e passeios pela ficção. A edição conta com apresentação da pesquisadora e tradutora Flora Thomson-DeVeaux, que verteu o livro para o inglês.
Recentemente, o podcast 451 MHz dedicou um episódio para comentar sobre o escritor e sobre a obra, em face dos 80 anos da morte de Mário de Andrade, em 25 de fevereiro. O episódio tem participações de Thomson-DeVaux, da escritora Amara Moira e da ensaísta e crítica literária argentina Beatriz Sarlo. Vale muito a ouvida.
“O Turista Aprendiz”, de Mário de Andrade
Tinta da China Brasil
224 págs.
R$ 129,90