ISTOÉ CULTURA

Começou na última quarta-feira, 9, a Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip 2024, que esse ano tem como homenageado o cronista e jornalista carioca João do Rio (1881-1921), pseudônimo de Paulo Barreto, conhecido por capturar a vida urbana do Rio no início do século 20, numa mescla entre literatura e jornalismo, ficção e realidade.

A escolha de João do Rio como homenageado do evento reflete uma apreciação por sua capacidade única de revelar as camadas da vida urbana com uma perspectiva que desafiou as normas sociais e sexuais de sua época. Negro e possivelmente homossexual, João do Rio usou sua caneta para explorar temas frequentemente marginalizados, trazendo uma voz crítica e inclusiva para a literatura brasileira.

Uma de suas obras de maior destaque é “A Alma Encantadora das Ruas” — que recentemente ganhou uma edição pelo selo Nano, da Antofágica. O livro é uma coletânea de crônicas que explora a diversidade cultural e social do Rio de Janeiro pelas suas ruas, festas e personagens cotidianos.

Outro lançamento que vem na esteira da homenagem ao autor pela Flip é de “Gente às Janelas”, primeira parte do volume “Crônica, Folhetim, Teatro”, da coleção fora de catálogo Acervo da Carambaia. “Gente às Janelas” reúne crônicas raras do autor, coletadas de arquivos e bibliotecas nacionais e estrangeiras, frutos de quase uma década de pesquisa.

A Flip 2024 vai até domingo, 13, e tem curadoria da editora Ana Lima Cecilio, que é especialista na obra de João do Rio. Entre os autores convidados desta edição estão Jeferson Tenório, Carla Madeira, Mariana Salomão Carrara, Juan Cárdenas, Édouard Louis e Brigitte Vasallo. Para conferir a programação da Flip nesse final de semana, acesse flip.org.br

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“Gente às Janelas”, de João do Rio
Carambaia
272 págs.
R$ 69,90 (físico) / R$ 19,90 (e-book)

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“A Alma Encantadora das Ruas”, de João do Rio
Nano
232 págs.
R$ 29,90

E por falar em Flip…

A editora Fósforo acaba de lançar mais um livro da vencedora do Nobel de Literatura Annie Ernaux, que esteve no evento em Paraty em 2022, mesmo ano em que foi laureada pela Academia Sueca. Em “Olhe as Luzes, Meu Amor” (2014), a francesa que se consagrou pelos relatos familiares parte de uma observação um pouco mais generalista da população francesa a partir de suas visitas a um hipermercado dentro de um shopping center perto de Paris.

Por meio de relatos em forma de diário, Ernaux observa entre 2012 e 2013 o comportamento de clientes do estabelecimento e a maneira como o local funciona dentro daquela sociedade, trazendo a cada observação uma leitura que vai desvendando seus objetos, personalidades e funcionamento deles, e a importância que esse microcosmo do consumismo tem na sociedade contemporânea.

Aos poucos, vamos mergulhando mais profundamente nos apontamentos precisos de Ernaux, que nos conduz por corredores e gôndolas como se nos apresentasse um museu cheio de obras de grandes artistas, mas é apenas a vida mais ordinária e comum possível, que ganha profundidade através de seus olhos e caneta.

Em menos de cem páginas, Ernaux oferece uma reflexão inovadora a respeito de consumo, classe e desejo na sociedade contemporânea, com críticas ao capitalismo, ao neoliberalismo e ao patriarcado, e mesmo sem recorrer a leituras teóricas, enche a nossa cesta de compras de insumos para que possamos refletir como nossa vida, muitas vezes, é ditada até mesmo pela disposição de itens em uma prateleira ou pela sazonalidade de determinado produto.

Parece banal, mas uma simples visita a um supermercado pode dizer mais sobre cada um de nós como indivíduo e a todos como sociedade do que talvez seja comum imaginar. Nada mal para uma vencedora do Nobel, certo?

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“Olhe as Luzes, Meu Amor”, de Annie Ernaux
Tradução: Mariana Delfini
Fósforo
80 págs.
R$ 54,90

E por falar em Nobel…

Nesta quinta, 10, a Academia Sueca revelou que a sul-coreana Han Kang, de 53 anos, foi a vencedora do prêmio Nobel de Literatura, concedido pela instituição. Ela é a primeira escritora da Coreia do Sul a receber um Nobel, honraria que o país teve uma única vez, quando o ex-presidente Kim Dae-jung venceu o Nobel da Paz.

Kang é autora de diversos livros, entre eles “Atos Humanos”, “O Livro Branco” e sua obra mais conhecida, “A Vegetariana”, únicos títulos da autora lançados no Brasil até o momento, todas pela editora Todavia — que pretende lançar no próximo ano uma tradução de “We Do Not Part”, que chegou às prateleiras na Coreia do Sul em 2021.

Como já é tradicional, a Academia Sueca reconheceu a autora com o prêmio “pela sua intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”. No ano passado, o vencedor do Nobel de Literatura foi o dramaturgo norueguês Jon Fosse.

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“A Vegetariana”, de Han Kang
Tradução: Jae Hyung Woo
Todavia
176 págs.
R$ 74,90 (físico) / R$ 51,90 (e-book)

“Atos Humanos”, de Han Kang
Tradução: Ji Yun Kim
Todavia
192 págs.
R$ 70,90 (físico) / R$ 51,90 (e-book)

“O Livro Branco”, de Han Kang
Tradução: Natália T. M. Okabayashi
Todavia
160 págs.
R$ 68,90 (físico) / R$ 52,90 (e-book)

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E por falar em Jon Fosse…

Recentemente, o norueguês reconhecido pelo Nobel em 2023 “pelas suas peças e prosa inovadoras que dão voz ao indizível”, de acordo com a Academia Sueca, ganhou uma coletânea que reúne seus poemas de 1986 a 2016, pela coleção Círculo de Poemas, da editora Fósforo.

Embora Fosse seja mais conhecido por sua prosa e sua produção teatral, é, desde o início da carreira ainda adolescente, um poeta, e nunca abandonou o ofício. O mais curioso disso é o fato de que seus poemas são escritos em nynorsk, uma variante minoritária do norueguês, principal idioma do seu país, em busca de um “frescor e clareza” que, para ele, a língua “usada e usada e usada” acaba perdendo.

A edição de “Poemas em Coletânea” teve tradução direto do nynorsk de Leonardo Pinto Silva, também responsável pelas versões brasileiras dos romances “Brancura” e “A Casa de Barcos”, de Fosse.

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“Poemas em Coletânea”, de Jon Fosse
Tradução: Leonardo Pinto Silva
Círculo de Poemas
472 págs.
R$ 104,90


Música

Maestro João Carlos Martins conduz homenagem a Bach de graça

O maestro João Carlos Martins conduzirá um concerto especial gratuito em homenagem ao compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), ícone da música clássica do período barroco. O evento “Na Roda com o Maestro – Uma Homenagem a Johann S. Bach” acontece na Casa de Portugal, em São Paulo, no dia 18 de outubro às 20h, com a participação da Camerata Bachiana, faz parte da Bachiana Filarmônica SESI-SP, fundada por Martins em 2006.

A Camerata é composta por uma seleção de instrumentos que inclui cellos, oboés, violas, clarinetes, fagotes, flautas, percussão e dois violinos, conhecida por apresentar repertórios que incluem obras de Brahms, Tchaikovsky, Beethoven, entre outros.

Os ingressos são gratuitos mas devem ser retirados antecipadamente online (neste site) a partir das 7h de segunda-feira, 14, devido à capacidade limitada do local. No dia do espetáculo, haverá ainda distribuição de um livro temático sobre o concerto (limitado à quantidade disponibilizada pela organização).

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Rio Jazz Fest

O Rio Jazz Fest chega à sua terceira edição neste final de semana, dias 12 e 13 de outubro, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. O evento promove o encontro de grandes nomes da MPB e do jazz, e contará com apresentações de Marcelo D2 e Marcos Valle, além de performances de artistas consagrados como Barão Vermelho, Angela Ro Ro, Lenine, Chico César, Zeca Baleiro, Alceu Valença entre outros.

Os ingressos já estão à venda no site oficial do evento e variam de R$ 80 a R$ 320, com a possibilidade de meia-entrada e ingressos solidários mediante a doação de brinquedos ou livros infantis. Para mais informações e a programação completa do festival, acesse riojazzfest.com.br

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Gal canta Caymmi

A Universal Music acaba de relançar em vinil o icônico álbum “Gal Canta Caymmi”, tributo de Gal Costa ao lendário compositor baiano Dorival Caymmi. Originalmente lançado em 1976, o disco marcou a carreira de Gal ao ser o primeiro LP a vender mais de 100 mil cópias, consolidando sua posição na música popular brasileira. O relançamento celebra o encontro entre a poderosa voz de uma Gal de 30 anos com as canções imortais de Caymmi.

O álbum foi idealizado por Roberto Menescal e contou com a direção musical de Perinho Albuquerque, responsável por obras marcantes de artistas como Maria Bethânia, Gilberto Gil, Luiz Melodia e Caetano Veloso. Com arranjos de João Donato em canções como *”*Vatapá” e “Nem Eu”, e com grandes instrumentistas como Antonio Adolfo e Dominguinhos, o disco trouxe um repertório atemporal que inclui sucessos como “Só Louco”, que foi tema da novela “O Casarão”, da TV Globo.

“Gal Canta Caymmi” retorna em grande estilo, em vinil azul, com cinco faixas de cada lado, somando pouco mais de 30 minutos do melhor da elite da nossa MPB.

IstoÉ Cultura: Flip 2024, mais um livro de Annie Ernaux chega ao Brasil, o Nobel de Literatura e o Rio Jazz Fest

“Gal Canta Caymmi”, de Gal Costa
Universal Music
10 faixas / 32 min.
R$ 199,90


Teatro

Fãs do musical Rocky Horror Show podem conferir o espetáculo neste mês de outubro. Ele está em cartaz no Teatro Viradalata, em São Paulo, até o dia 31, com apresentações especiais para os entusiastas de terror e comédia musical. Com sessões aos sábados, às 18h e às 21h, e domingos, às 16h e às 19h, o espetáculo encerrará sua temporada em uma quinta-feira, com uma apresentação especial no Halloween às 21h.

A nova montagem brasileira é dirigida por Gustavo Caldeira, com direção vocal de Camila Caetano e direção musical de Leandro Maciel, trazendo uma releitura vibrante do clássico cult que combina humor, irreverência e interação com a plateia. Caldeira também interpreta o papel do icônico Dr. Frank N. Furter, e Camila Caetano, Janet, enquanto Lucas Neffa assume o papel de Rocky, e Dayson Nascimento, Brad.

A história, que mistura ficção científica e horror com um toque de comédia, gira em torno do casal Brad e Janet, que acaba envolvido nas estranhas e extravagantes aventuras no castelo do Dr. Frank. Sucessos como “Time Warp” e “Sweet Transvestite”, acompanhados de uma banda ao vivo, fazem parte de um repertório que continua a encantar o público e a manter viva a tradição de interação durante o espetáculo, que mantém a essência transgressora que fez do Rocky Horror Show um fenômeno mundial.

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Rocky Horror Show. Criação: Richard O’Brien. Direção: Gustavo Caldeira. Direção vocal: Camila Caetano. Direção musical: Leandro Maciel. Elenco: Gustavo Caldeira, Lucas Neffa, Dayson Nascimento e Camila Caetano. Classificação: 16 anos.

Teatro Viradalata. Rua Apinajés, 1387, Sumaré, São Paulo. Sábados, às 18h e às 21h, domingos, às 16h e às 19h, quinta-feira, 31/10, às 21h. Os ingressos variam entre R$ 50 e R$ 250, em sympla.com.br