ISTOÉ CULTURA

Foi dada a largada nesta quinta-feira, 17, à 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, com mais de 400 filmes de diversos países que podem ser assistidos em centenas de sessões até o próximo dia 30. Nesta semana, a organização divulgou que o cineasta Francis Ford Coppola, diretor de clássicos como a trilogia “O Poderoso Chefão” e “Apocalypse Now”, vem ao Brasil para participar do evento, que terá seu novo longa, “Megalópolis”, como filme de encerramento. Coppola também receberá o prêmio Leon Cakoff, que leva o nome do criador da Mostra.

A notícia deixou os mostreiros (como são chamados os frequentadores assíduos da Mostra) em polvorosa, mas não foi a única que causou esse efeito. O novo filme de Walter Salles, “Ainda Estou Aqui”, estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello e baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, terá três sessões concorridíssimas no evento, duas nesta sexta, 18, com a presença do diretor e do elenco, e uma no sábado, 19, todas já esgotadas.

“Ainda Estou Aqui” foi o filme escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar 2025 e tem gerado grandes expectativas no público, pois o cineasta já teve seu filme “Central do Brasil” concorrendo ao Oscar de Filme Estrangeiro em 1999, mesmo ano em que Fernanda Montenegro também foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz.

istoé, istoé cultura, mostra de sp, ainda estou aqui, fernanda torres, selton mello, walter salles, filme, oscar
“Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, com Fernanda Torres e Selton Mello no elenco (Crédito:Divulgação)

Dessa vez, o novo trabalho de Salles conta com o protagonismo da filha de Montenegro, Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, uma advogada que se tornou ativista política após o sequestro de seu marido, o deputado federal Rubens Paiva (Selton Mello), pela Ditadura Militar Brasileira, e que passou 40 anos procurando a verdade sobre seu desaparecimento. O longa estreou no Festival de Veneza em setembro, onde recebeu o prêmio de Melhor Roteiro.

Nas redes sociais, muita gente (convém dizer, os menos acostumados com o evento) criticou uma suposta falta de organização da Mostra em relação ao número de sessões e o local delas — Espaço Augusta de Cinema, na rua Augusta — e houve até mesmo insinuações de manipulação na venda dos ingressos, o que fez com que a organização do festival explicasse em um comunicado que o número de apresentações foi estipulado pela distribuidora do filme, a Sony Pictures, e a escolha do cinema, pela equipe do longa.

Entre mortos e feridos (ninguém morreu, ninguém se feriu), é bom ver o cinema nacional tendo uma receptividade grande do público, tendo em vista que nossos cinemas andam cada vez mais lotados de enlatados hollywoodianos (quase nada contra, eu também gosto deles) em detrimento da excelente filmografia que temos por aqui.

Para quem perdeu a oportunidade de garantir seus ingressos para as primeiras sessões de “Ainda Estou Aqui” na Mostra, vale o lembrete que ele estreia no circuito comercial no próximo dia 7 de novembro — logo aí, vai. Nesse meio tempo, você pode aproveitar para prestigiar outros longas brasileiros selecionados no festival. Para te ajudar, selecionamos 15 (e são mais de 50!) títulos que podem te interessar. A programação completa da Mostra pode ser conferida no site mostra.org.

“Os Enforcados”, de Fernando Coimbra
Em um Rio de Janeiro tomado pelo crime, o casal Valério e Regina se vê envolvido em dívidas e traições herdadas da família de Valério. Uma noite, eles encontram o plano perfeito. Mas, ao executá-lo, são sugados por uma espiral de violência que parece não ter fim.

istoé, istoé cultura, os enforcados, filme, mostra sp
Leandra Leal e Irandhir Santos no longa “Os Enforcados”, de Fernando Coimbra (Crédito:Divulgação)

***

“Lispectorante”, de Renata Pinheiro

Glória Hartman, uma mulher madura que atravessa uma crise existencial e financeira, volta à sua cidade natal, que também passa por um processo de abandono. Por meio de uma fenda nas ruínas onde morou a escritora Clarice Lispector, Glória começa a ver cenas fantásticas que vão alterar a sua vida.

***

“Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi

No sertão de Goiás, homens brutos que não conseguem lidar com as próprias fragilidades são constantemente abandonados pelas mulheres que amam. Tristes e amargurados, eles se voltam violentamente uns contra os outros.

***

“Justiça em Estado de Exceção”, de Silvio Tendler

O filme discute o papel do Poder Judiciário e dos meios de comunicação na conjuntura política do país. A quem eles se submetem? À Constituição Federal e aos interesses do povo ou aos seus aliados? A obra completa a trilogia de Silvio Tendler que conta com os títulos “Privatizações, a Distopia do Capital” (2014) e “Dedo na Ferida” (2017). Aqui, há uma análise do sistema que financia e instrumentaliza um projeto de poder que desconstrói as conquistas da democracia liberal, ataca os direitos sociais e trabalhistas, agrava as desigualdades socioeconômicas e empurra a sociedade em direção a um estado de exceção velado.

***

“Enterre Seus Mortos”, de Marco Dutra

Na pequena cidade de Abalurdes, Edgar Wilson trabalha como recolhedor de animais mortos nas estradas para mantê-las funcionando. Junto dele, o colega de profissão Tomás, ex-padre excomungado que distribui extrema unção aos seres moribundos que cruzam seu caminho, e sua chefe Nete —com quem Edgar tem um relacionamento e um desejo de fugir de Abalurdes. Ao redor deles, o mundo parece dar sinais de que um arrebatamento final se aproxima.

***

“Malês”, de Antonio Pitanga

O filme retrata uma jornada de resistência e coragem, ambientada na vibrante Salvador de 1835. Durante seu casamento, dois jovens muçulmanos são arrancados de sua terra natal na África e vendidos como escravos no Brasil. Separados pelo destino cruel, ambos lutam para sobreviver e se reencontrar, enquanto se veem envolvidos na maior insurreição de escravizados da história do Brasil: a Revolta dos Malês.

***

“No Céu da Pátria Nesse Instante”, de Sandra Kogut

Acompanhamos de perto os meses turbulentos do período eleitoral que culminaram na invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF em 8 de janeiro de 2023. Por meio do olhar e da vivência de alguns personagens envolvidos no processo das eleições, mergulhamos num Brasil de tensão e expectativa, onde coexistem realidades paralelas que têm dificuldade de se enxergar mutuamente. Um registro de um momento da história do país em que a democracia esteve seriamente em jogo.

***

“O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert

Ambientado em um mundo imaginário onde os estereótipos de gênero estão invertidos. Durante um dia de folga do clube de campo, frequentado por poderosas mulheres de negócios, enquanto as sócias almoçam, três onças escapam do onçário onde vivem. A partir daí, começa um jogo de negação, mentiras e ataques que pode acabar mal.

***

“Barba Ensopada de Sangue”, de Aly Muritiba

Após a morte do pai, Gabriel parte para a praia da Armação em busca de suas origens. O que ele acaba encontrando é uma trama complexa em torno da figura misteriosa do avô, um esqueleto de baleia e uma cidade que quer enterrar o passado a qualquer custo.

***

“A Queda do Céu”, de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha

Baseado nas palavras poderosas do xamã e líder yanomami Davi Kopenawa, o documentário retrata a comunidade watoriki durante o importante ritual funerário reahu, um esforço coletivo para segurar o céu. O filme funciona como uma contundente crítica xamânica ao garimpo ilegal e à mistura mortal de epidemias trazidas pelos forasteiros, chamadas de “xawara”. Colocando em primeiro plano a beleza da cosmologia yanomami e dos espíritos xapiri, além de destacar sua força geopolítica, o longa nos convida a sonhar longe.

***

“Baby”, de Marcelo Caetano

Após ser liberado de um centro de detenção juvenil, Wellington, 18 anos, se vê sozinho e perdido nas ruas de São Paulo, sem nenhum contato com os pais ou recursos para reconstruir a vida. Ele encontra Ronaldo, um homem maduro que lhe ensina novas formas de sobrevivência. Gradualmente, a relação entre os dois se transforma em uma paixão conflituosa.

***

“Apocalipse dos Trópicos”, de Petra Costa

Quando uma democracia termina e uma teocracia começa? O filme investiga o crescente controle exercido por lideranças evangélicas sobre a política brasileira. A diretora obtém acesso aos principais líderes políticos do país, incluindo o presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro, bem como um dos pastores mais famosos do Brasil —uma figura proeminente que parece manipular certos mandatários como fantoches. Aos poucos, observamos o papel crucial que setores fundamentalistas desempenharam na política nacional recente, revelando a teologia apocalíptica que impulsiona esses protagonistas.

istoé, istoé cultura, apocalipse nos trópicos, filme, documentário, petra costa
Cena do documentário “Apocalipse nos Trópicos”, de Petra Costa (Crédito:Divulgação)

***

“A Última Banda de Rock”, de Lírio Ferreira

Documentário sobre a trajetória da banda de rock nacional Cachorro Grande, criada em Porto Alegre em 1999 e implodida em São Paulo, no exato ano em que comemoraria 20 anos de existência. Como manda o script de todo grupo de rock que se preze, Cachorro Grande conviveu e sobreviveu entre contrastes e extremos. De maior promessa do rock’n roll brasileiro no início deste século, abrindo shows dos Rolling Stones no Brasil, passando por brigas escancaradas que moldaram o estilo da banda e criaram fissuras, culminando com a ameaça do fim.

***

“Retrato de um Certo Oriente”, de Marcelo Gomes

Em 1949, o Líbano enfrenta uma guerra iminente. Dois irmãos católicos, Emilie e Emir, embarcam para o Brasil em busca de dias melhores. Na viagem, Emilie se apaixona por Omar, um comerciante muçulmano. Tomado pelo ciúme, Emir tenta separar o casal, sempre ressaltando as diferenças religiosas. Quando estão quase chegando ao destino final, os homens se envolvem em uma briga, e Emir acaba ferido. A única opção de Emilie é descer em um vilarejo indígena, no meio da floresta, para buscar a cura para o irmão.

***

“Filhos do Mangue”, de Eliane Caffé

Um homem violento e desregrado aparece ferido e desmemoriado em uma comunidade ribeirinha. As pessoas do local o acusam de roubo e tentam, em vão, que ele recupere a memória e devolva o dinheiro. Em um julgamento popular, vem à tona uma trama que envolve violência doméstica, de gênero, tráfico humano e desvio de verba pública. Condenado ao isolamento, o homem busca um novo sentido para viver.


Música

Gloria Groove romântica…

A cantora Gloria Groove estreia neste sábado, 19, em São Paulo, a turnê “Serenata da GG”, em que sobe ao palco para cantar músicas de seu projeto de pagode romântico que leva o mesmo nome e que já conta com dois álbuns ao vivo.

“O projeto Serenata, desde sua essência, foi criado refletindo a importância da música na minha vida. Minha grande referência na concepção desse projeto sempre foi como o amor era consumido (principalmente nos programas de TV) e como os pagodes dos anos 90 eram escutados”, conta a cantora.

Segundo a artista, a proposta do show é trazer ao palco uma imersão pelo universo do amor. “Momentos foram criados para que, desde a chegada ao meu show até durante ele, o amor seja o sentimento que conduza nossas noites”, diz Gloria. Um dos pontos altos da apresentação deve ser o momento “Correio do Amor”, no qual a cantora lerá cartas dos fãs recebidas na entrada do espetáculo e atenderá a pedidos musicais feitos na hora.

istoé, istoé cultura, gloria groove
Gloria Groove estreia seu show “Serenata da GG” neste fim de semana em São Paulo (Crédito:Divulgação)

Espaço Unimed. Rua Tagipuru, 795, Barra Funda, São Paulo. Abertura da casa: 21h. Início do show: 23h. Classificação: 18 anos. Ingressos de R$ 90 a R$ 320. ticket360.com

…e Fresno EMOtiva

Quem também se apresenta no Espaço Unimed, mas nesta sexta-feira, 18, é a banda gaúcha Fresno. Comemorando 25 anos de carreira, o grupo liderado por Lucas Silveira apresenta a turnê “Eu Nunca Fui Embora”, que mistura em seu repertório músicas do disco homônimo com grandes sucessos da banda que se tornaram clássicos, como “Quebre as Correntes”, “Redenção”, “Casa Assombrada” e “Desde Quando Você se Foi”.

Nas duas partes do projeto “Eu Nunca Fui Embora”, a banda, que é até hoje um dos maiores nomes do subgênero “emocore”, vertente mais melódica e romântica do hardcore, conta com participações de artistas de peso como Pabllo Vittar, Chitãozinho & Xororó, NX Zero, Dead Fish e Filipe Catto. “A gente faz música pra cantar com a galera, e poder viver isso juntos, mesmo depois de tantos anos, é incrível”, diz Lucas.

Espaço Unimed. Rua Tagipuru, 795, Barra Funda, São Paulo. Abertura da casa: 20h30. Início do show: 22h30. Classificação: 16 anos. Ingressos de R$ 90 a R$ 240. ticket360.com

***

Festival Clássicos do Brasil

A partir desta sexta-feira, 18, até domingo, 20, acontece na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, o festival Clássicos do Brasil, com vários grandes nomes da música brasileira cantando seus maiores sucessos e celebrando a carreira de outros grandes artistas da nossa música.

Nos três dias do festival, nomes consagrados como Titãs, Alcione, IRA!, Samuel Rosa e Nando Reis se unem a artistas mais jovens, como Julia Mestre, que cantará um repertório de Rita Lee, e Ana Cañas, que canta Cazuza.

Para conferir a programação completa e os horários detalhados de cada show, acesse o site classicosdobrasilfestival.com.br. Os ingressos estão disponíveis no site oficial do festival, com preços que variam de R$ 80 a R$ 320, com opções de meia-entrada e descontos especiais, como o ingresso solidário, que garante 50% de desconto mediante a doação de 1kg de alimento não perecível.

Marina da Glória. Av. Infante Dom Henrique, S/N – Glória, Rio de Janeiro. Sexta, a partir das 18h, sábado, a partir das 17h, e domingo, a partir das 15h. ingresse.com/


Exposições

Castelo Rá-Tim-Bum 30 anos volta a São Paulo

Para celebrar um dos mais premiados programas da TV brasileira, a Fundação Padre Anchieta, em parceria com a Boldly Go Entretenimento e o Atelier Casa do Trem Cenografia, promovem a partir desta sexta a exposição Castelo Rá-Tim-Bum 30 anos.

A mostra vai ocupar mais de 600m², com 18 ambientes, mais de 200 fotos do acervo inédito, no Solar Fábio Prado, no Jardim Paulistano (zona sul da capital). Durante a experiência, mesmo os visitantes que já foram a outras edições da exposição — no MIS e no Memorial da América Latina — poderão encontrar cenários, itens e novas salas.

Nesta edição, uma das surpresas da mostra será o Hall do icônico Dr. Victor, uma homenagem ao ator Sérgio Mamberti, onde estarão expostos o figurino original, além de várias imagens e textos inéditos, além da construção em tamanho real da fachada do Castelo Rá-Tim-Bum, baseada na maquete original e que aparecia na abertura do seriado da TV Cultura. Os ingressos estão à venda no site expocasteloratimbum.com.br e custam entre R$ 20 e R$ 60.

Exposição Castelo Rá-Tim-Bum – 30 Anos. Solar Fábio Prado, av. Brigadeiro Faria Lima, 2705, Jardim Paulistano, São Paulo. De terça a sexta, das 12h às 20h (permanência até 21h), sábados, domingos e feriados, das 10h às 20h (permanência até 22h). Classificação: livre.