Delegações da Rússia e da Ucrânia se reúnem novamente nesta segunda-feira (2) em Istambul, com o objetivo de negociar um fim da guerra desencadeada pela invasão das tropas russas ao país vizinho em fevereiro de 2022.
Moscou e Kiev iniciaram uma primeira rodada de conversações diretas em 16 de maio na cidade turca, mas o encontro produziu poucos resultados. Os dois países se comprometeram apenas com uma troca de 1.000 prisioneiros de cada lado.
A nova reunião acontece um dia após um ataque ucraniano “em larga escala” em território russo, que atingiu até a Sibéria.
O assalto coordenado com drones contra quatro bases militares russas danificou dezenas de aviões, incluindo caças estratégicos, segundo o Serviço de Segurança Ucranianos (SBU).
O Exército russo anunciou que derrubou 162 drones ucranianos durante a noite, muitos direcionados contra as regiões fronteiriças de Kursk e Belgorod. Kiev afirmou por sua vez que Moscou lançou 80 drones contra seu território.
O novo ciclo de negociações está programado para acontecer no palácio de Ciragan, um edifício imperial otomano na margem do Bósforo. Os representantes russos chegaram no domingo e a delegação ucraniana na manhã de segunda-feira.
O chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, conversou no domingo por telefone com seu homólogo americano, Marco Rubio, sobre as negociações, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Moscou anunciou que apresentaria um “memorando” com suas condições para um acordo de paz, um documento que se recusou a transmitir a Kiev, como havia sido solicitado antes das negociações.
As partes estão muito longe de um acordo, seja uma trégua ou uma solução de longo prazo.
As prioridades da Ucrânia são “um cessar-fogo completo e incondicional” e o “retorno dos prisioneiros” e das crianças ucranianas que, segundo Kiev, Moscou levou para seu território, afirmou no domingo o presidente Volodimir Zelensky.
O chefe de Estado ucraniano também deseja uma reunião direta com seu homólogo russo, Vladimir Putin, uma proposta que o Kremlin rejeitou diversas vezes.
Moscou descarta o “cessar-fogo incondicional” exigido por Kiev e seus aliados ocidentais. O Kremlin insiste que é necessário resolver o que chama de “causas profundas” do conflito.
A Rússia exige que a Ucrânia renuncie de forma definitiva ao processo de adesão à Otan e que entregue as cinco regiões das quais reivindica a anexação.
As condições são inaceitáveis para Kiev, que exige uma retirada total das tropas russas de seu território.
A Ucrânia também quer garantias de segurança concretas, apoiadas por seus aliados, como a proteção da Otan e a presença de tropas ocidentais em seu território, o que a Rússia não aceita.
A guerra, que começou há mais de três anos, provocou dezenas de milhares de mortes entre civis e militares dos dois lados.
O principal negociador russo em Istambul é Vladimir Medinski, o conselheiro ideológico de Putin que liderou as negociações fracassadas de 2022 e que questiona a existência da Ucrânia.
A delegação ucraniana é liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, considerado um bom negociador, apesar dos vários escândalos que afetam seu ministério.
A Ucrânia informou no domingo que atingiu quase 50 aviões militares russos e reivindicou danos avaliados em quase 7 bilhões de dólares.
O ataque, em território russo a milhares de quilômetros de distância da linha de frente, foi executado com drones introduzidos clandestinamente na Rússia e posteriormente lançados contra suas bases militares.
As consequências para as capacidades militares russas são difíceis de quantificar, mas o ataque tem uma forte carga simbólica no contexto das negociações.
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