Há cinquenta anos – cinquenta!! – uma senhora morreu soterrada em uma encosta, em Petrópolis (RJ), após um deslizamento de terra decorrente das fortes chuvas na região. Essa semana, sua neta morreu da mesma forma.

Tragédias assim deixaram de ser novidade no Brasil. Ao contrário. Tornaram-se uma triste rotina, com data, hora e local para acontecer, ao arrepio das elites políticas e em profundo ‘de acordo’ com a sociedade civil e outras instituições.

Acabo de ler que a verba destinada ao natal, ou à propaganda oficial da prefeitura municipal de Petrópolis, é o dobro da destinada à contenção de encostas. É o velho ditado: o que não é visto não é lembrado, ou melhor, não rende votos.

No resto do Brasil, com raríssimas exceções, o cenário se repete. Políticos e governantes – novamente: com raríssimas exceções – literalmente ‘cagam e andam’ para as necessidades da população que lhes banca a boa vida que levam.

Vejam, por exemplo, o orçamento destinado ao Fundo Eleitoral. Ou aos gastos nababescos com salários e benefícios indecorosos dos Três Poderes. Ou ainda, ao custeio do indecente cartão corporativo da Presidência da República.

Tudo ali é gigantesco, e nunca falta dinheiro para nada. Essa gente gasta consigo mesma, duas, três, quatro, cinco vezes o que gasta com a população. Sugam nosso sangue, suor e lágrimas, em forma de trabalho e dinheiro, e servem-se à fartura.

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Em números exatos, os fundos eleitoral e partidário levarão mais de 6 bilhões de reais este ano. Saneamento básico, de 2016 a 2021, pouco mais de 5 bilhões de reais. Sinceramente, como podemos aguentar isso tão bovinamente?

Neste triste País a ordem se inverteu: o Estado vive do povo, e não para o povo. Pior ainda: com a conivência, cumplicidade e apoio deste mesmo povo. Os eleitos (a maioria absoluta), sabidamente, são verdadeiros parasitas insaciáveis.

Ainda assim, uma gigantesca parte do eleitorado carrega seus ídolos-algozes no colo e se engalfinha com amigos e familiares, em defesa de quem só lhe traz dissabor. Lula é Deus, Bolsonaro é mito e por aí vai, até que o cemitério nos carregue.


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