Diplomatas israelenses e palestinos se enfrentaram com veemência, nesta quinta-feira (5), no Conselho de Segurança da ONU: Israel criticou uma reunião “sem sentido” para condenar a visita de um ministro ao complexo Al-Masjid em Jerusalém Oriental, enquanto os palestinos denunciaram que uma “linha vermelha” foi cruzada.

Itamar Ben Gvir, figura da extrema direita israelense e novo ministro de Segurança Nacional, chegou na terça-feira pela manhã a esse local sagrado no coração do conflito entre israelenses e palestinos, provocando uma onda de condenações internacionais, inclusive dos Estados Unidos, aliado histórico do Estado hebraico.

Após um pedido da China e dos Emirados Árabes Unidos, os 15 membros do Conselho de Segurança debateram pública e intensamente por duas horas na sede da ONU em Nova York.

“Não há absolutamente nenhuma razão para que hoje seja realizada esta sessão de emergência. Nenhuma. Fazer uma sessão do Conselho de Segurança sobre um ‘não acontecimento’ é realmente absurdo”, disse o embaixador israelense Gilad Erdan à imprensa.

O diplomata negou que a visita tenha sido uma “incursão à (esplanada da mesquita) Al-Aqsa” ou uma violação do histórico “status quo” sobre os lugares sagrados de Jerusalém.

“Todo judeu tem o direito de visitar o Monte do Templo”, insistiu, referindo-se ao local com o nome usado no judaísmo.

O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, chamou o novo governo israelense de “colonial e racista”. Criticou ainda a ONU por sua resposta em torno do conflito.

“Que linha vermelha Israel tem que cruzar para que o Conselho de Segurança finalmente diga ‘basta’ e aja em consequência? Quando vão agir?”, questionou Mansour.

Sob um status quo histórico, não-muçulmanos podem visitar o local em horários específicos, mas não podem rezar. No entanto, nos últimos anos, cada vez mais judeus, muitas vezes nacionalistas, rezaram lá em um gesto que os palestinos e vários países do Oriente Médio denunciam como uma “provocação”.

Ouvido pela AFP na saída do Conselho de Segurança, o embaixador palestino saudou uma “unanimidade para defender o status quo”, embora não tenha havido nenhuma ação concreta da ONU após sua reclamação contra Israel.