O empresário israelense Maoz Inon perdeu seus pais no ataque do movimento islamista Hamas no sul do país em 7 de outubro, mas enquanto outros pedem vingança, ele advoga pela pregação da paz.

“Não queríamos vingança”, disse Inon à AFP em uma pequena manifestação pela paz em Shefa Amr, no norte de Israel, que uniu judeus e palestinos, um evento raro desde o início da guerra.

Inon admitiu que, inicialmente, foi difícil pedir pela paz e pelo perdão. “Mas este é o legado dos meus pais. O futuro será melhor”, argumentou.

Para ele, “a guerra não traz segurança nem proteção para o povo de Israel, nem para os palestinos. O ciclo de sangue e medo dura há mais de 100 anos”.

Seus pais, Bilha e Yakovi Inon, morreram em casa, na comunidade agrícola cooperativa de Netiv Hasara, próxima a Gaza, durante os ataques contra a barreira fronteiriça lançados pelo Hamas contra Israel.

Uma contagem da AFP com base em números oficiais israelenses indicou que aproximadamente 1.160 pessoas, a maioria civis, morreram no ataque sem precedentes. Entre as vítimas, mais de 300 eram militares.

Desde a morte de seus pais, Inon percorreu por Israel e pela Europa na tentativa de se aproximar dos palestinos, incluindo alguns de Gaza que “também perderam um pai, um irmão e famílias inteiras”, disse.

– “Devemos perdoar” –

“Aprendi algumas lições que mudaram minha vida. Uma delas é que a esperança é uma ação. Temos que trabalhar para criar esperança. Não é algo que nos é dado… Devemos criá-la. E esta concentração aqui foi exatamente um exemplo” de esperança, destacou o homem.

“Sei que israelenses e palestinos podem viver juntos porque experimentei. Por 20 anos tive colegas da Palestina, Jordânia e Egito”, disse Inon, que abriu uma rede de albergues, com uma unidade na cidade velha de Nazaré, predominantemente palestina, no norte de Israel.

Após o discurso e aplausos da multidão, Inon admitiu que reações como a sua foram escassas em Israel desde 7 de outubro. O atentado traumatizou o país e deixou muitos convencidos de que a paz com os palestinos não é uma possibilidade.

Inon acredita que a história provou ser possível alcançar a paz – até mesmo com os inimigos de Israel. Em 1978, “o Egito era o inimigo número um de Israel, muito mais poderoso que o Hamas”, e, no entanto, os países, que fazem fronteira, assinaram um acordo de paz “apenas alguns anos após a guerra de 1973”, outro conflito árabe-israelense que abalou Israel.

Para evoluir, “devemos perdoar o passado e perdoar o presente… e trabalhar muito duro para construir o futuro”, afirmou Inon. Assim como fez na Irlanda do Norte e na África do Sul, ele pede à comunidade internacional para “investir na paz” e apoiar aqueles que pedem reconciliação.

A paz se tornou quase uma missão profética para este carismático homem de negócios. Quatro noites depois de matarem seus pais, “acordei chorando, com todo o corpo dolorido. Minha esposa dormia ao meu lado” quando, em um sonho, um anjo chamado “a estrela da paz” se aproximou dele.

“Tive um sonho, e agora estou seguindo”, resumiu.

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