Israel vai expulsar passageiras de Barco das Mulheres que ia para Gaza

Israel vai expulsar passageiras de Barco das Mulheres que ia para Gaza

Israel deteve as 13 passageiras de um barco que tentava chegar à cidade palestina de Gaza para entregar ajuda, e anunciou que as expulsará.

Entre as detidas encontra-se a septuagenária norte-irlandesa Mairead Maguire, prêmio Nobel da Paz em 1976. As mulheres foram levadas a partir das 3h00 locais à prisão de Ramle (centro de Israel), indicou à AFP uma porta-voz da administração penitenciária. “Estão aqui à espera de ser expulsas”, explicou.

Duas delas, jornalistas, “foram para o aeroporto”, declarou Sabin Haddad, porta-voz da Autoridade da População e da Imigração. As demais serão detidas por 96 horas antes de ser expulsas, salvo se decidirem ir embora antes, indicou à AFP.

A bordo do pequeno veleiro interceptado havia 13 mulheres, de estudantes à prêmio Nobel, procedentes de África do Sul, Nova Zelândia e Malásia. Embarcaram na Europa para tentar chegar a Gaza, enclave palestino, submetido desde 2006 a um rígido embargo israelense, e controlado pelo Hamas, que enfrentou Israel em três guerras entre 2008 e 2014.

Seu objetivo era tentar alcançar esta região isolada do mundo, não apenas pelo bloqueio israelense, mas também por parte do Egito, e atrair a atenção de todo o mundo sobre seus 1,9 milhão de habitantes, que sofreram três guerras e estão afundados na pobreza e no desemprego.

Em Gaza, muitas pessoas estavam esperando no porto a chegada do barco com música e festejos. Também estava prevista a saída de barcos para além do limite de seis milhas, a partir do qual o exército lança disparos de advertência ou inclusive abre fogo.

– Não se dão por vencidas –

Mas na quarta-feira à noite a Marinha israelense frustrou suas esperanças e interceptou o veleiro a 35 milhas náuticas (65 km) da costa da Faixa de Gaza, antes de escoltá-lo ao porto israelense de Ashdod.

“Estamos muito decepcionadas pelos habitantes de Gaza que nos esperavam, mas não nos damos por vencidas. Enquanto houver bloqueio, haverá flotilhas”, afirmou à AFP Claude Léostic, porta-voz da operação, que já tentou chegar a Gaza por via marítima.

“Continuamos sem ter nenhum contato com as passageiras do Zaytouna-Oliva”, disse a porta-voz na manhã desta quinta-feira.

O site da operação publicou vídeos filmados antes da saída do barco, nos quais as passageiras lançam apelos para sua libertação.

“Meu nome é Ann Wright, sou ex-coronel do exército americano e ex-diplomata. Se virem este vídeo é porque as forças israelenses me sequestraram”, afirma uma delas.

– “Terrorismo de Estado” –

Após a interceptação do barco, o movimento islamita Hamas classificou a operação da Marinha de Israel de “terrorismo de Estado”.

O número dois da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, denunciou uma “agressão israelense” e pediu a libertação das passageiras.

Desde 2008 várias expedições civis tentaram, sem êxito, forçar o bloqueio do território da Faixa de Gaza. O caso mais grave foi o de uma flotilha atacada em 2010 em uma operação israelense, na qual morreram dez ativistas turcos que iam a bordo do “Mavi Marmara”.

Os acordos de Oslo, assinados por israelenses e palestinos em 1993, autorizavam que os moradores de Gaza navegassem, principalmente para pescar, a até 20 milhas náuticas da costa. Mas esta distância diminuiu muito após várias guerras.