Israel, considerado pelo direito internacional como uma força de ocupação em Gaza, tem como objetivo de guerra pôr “fim” a suas “responsabilidades” neste território palestino, para criar uma “nova realidade de segurança regional”, afirmou o ministro da Defesa, Yoav Gallant, nesta sexta-feira (20).

Gallant apresentou, ante a Comissão Parlamentar de Relações Exteriores e Defesa, um plano de “três fases” para a operação militar em curso.

Suas explicações ocorrem quase duas semanas depois do início do conflito entre Israel e Hamas, após um ataque sem precedentes dos combatentes do grupo islamista palestino, que penetraram em território israelense e deixaram mais de 1.400 mortos.

A primeira etapa do plano traçado pelo ministro é o estado atual dos bombardeios sem trégua em todo enclave palestino, para depois lançar “a neutralização dos terroristas e a destruição da infraestrutura do Hamas”.

A resposta do Exército israelense ao ataque de 7 de outubro foi uma campanha de bombardeios diários à Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, que deixaram pelo menos 4.137 mortos, incluindo mais de 1.500 crianças, segundo o ministério da Saúde palestino.

A fase seguinte não durará “nem um dia, nem uma semana, nem um mês”, declarou Gallant.

O ministro da Defesa afirmou que depois de “atacar os focos de resistência”, o plano é “o fim das responsabilidades de Israel na Faixa de Gaza”.

Gallant disse que a campanha militar irá iniciar uma nova realidade de segurança para os cidadãos de Israel.

Uma fonte do ministério das Relações Exteriores de Israel, que falou com a AFP sob condição de anonimato, indicou que Israel pretende “entregar as chaves” ao Egito, um país que tem fronteiras com esse enclave e com Israel. No entanto, não há garantias de que Cairo queira essa aceitar essa situação.

O presidente egípcio, Abel Fattah al-Sissi, pronunciou-se nesta quarta-feira contra uma enorme “retirada” de palestinos de Gaza para o Egito.

O mandatário indicou que ” a ideia de forçar a população de Gaza a se deslocar em direção ao Egito levará a um deslocamento similar” de palestinos da Cisjordânia para a Jordânia, “o que tornará impossível o estabelecimento de um Estado palestino”.

Israel retirou-se unilateralmente de Gaza em 2005, retirando seus colonos e seus soldados, e pouco depois impôs um bloqueio ao enclave palestino, que se intensificou quando o Hamas tomou o poder em 2007.

A Faixa de Gaza é um pequeno território de 362km² onde vivem 2,4 milhões de pessoas e, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), tendo em conta as prerrogativas exercidas por Israel, em particular, sobre suas fronteiras, “segue ocupada”.

O Egito, que também compartilha fronteiras com a Faixa de Gaza, controla a passagem fronteiriça de Rafah, que permanece completamente fechada, inclusive à ajuda humanitária, desde o início dessa última escalada bélica.

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