O episódio da demorada saída do grupo de brasileiros na região Sul da Faixa de Gaza, via Egito, desafia quem tem memória curta para a literatura diplomática. Quem fez a lista para o cronograma de transporte dos estrangeiros foi o Governo de Israel – e eles não se esquecem da simpatia do presidente Lula da Silva com o finado Yasser Arafat, o líder da Fatah a quem o brasileiro visitou mais de uma vez. Tampouco esquecem as declarações de parlamentares da esquerda do Brasil em apoio à luta armada palestina. Deu no que deu. Quando notaram a demora provocada neste sentido, o ex-chanceler Celso Amorim gastou lábia, e o embaixador Mauro Vieira, idem, até o grupo conseguir autorização para atravessar a fronteira esta semana. Erra quem culpar Lula da Silva ou politizar ideologicamente as tentativas diplomáticas exaustivas da dupla – o que não deixa de ser um equívoco, também, o histórico de maior proximidade com os palestinos. O Itamaraty, agora, terá o desafio de equilibrar essas relações.

Itamaraty notou a antipatia de Israel com o Governo do PT e intensificou o diálogo no Oriente Médio. Lula tem desafio de equilibrar as relações

O poder econômico do Galeão

O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, em sua operação normal (antes do esvaziamento de voos) gerava negócios com 22 mil empregos no entorno – número que caiu para 8 mil nos últimos anos. A conta é do secretário de Trabalho do Município, Éverton Gomes. Agora, novo desafio com o revés da Portaria do Governo que, até dias atrás, priorizava centenas de voos para o Galeão. Não para nisso. O Rio tem sofrido com decisões sem a devida atenção às consequências nos mercados locais. Se o estádio de São Januário fechar, por problemas que o Vasco terá de resolver, serão 10 mil empregos atingidos na região de São Cristóvão e no Centro.

Falta um Gilbertinho?

Israel tem boa memória

Tem gente graúda que passa pelas maçanetas do Palácio do Planalto com saudade de Gilberto Carvalho, o conhecido chefe de Gabinete das Eras Lula I e II. Seu jeito ativo nas agendas é confrontado com o pacato, hoje, do chefe da Casa Civil, Rui Costa, que faz as vezes de dono da agenda do presidente. Ele demora até dois meses para dar respostas.

Um olho no bilhete, outro no saguão

Israel tem boa memória

A Agência Nacional de Aviação Civil e a Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça, estão alerta máximo com a iminência das férias de fim de ano e o aumento considerável da demanda por voos domésticos. O fantasma da falência da Itapemirim em outubro passado deixou milhares no chão. Mas as companhias em operação não se ajudam, a despeito do bom momento. Levantamento da Coluna na Senacon mostra que ocupam a 5ª posição no ranking de reclamações no mercado. Até outubro, o setor registrou 77.306 queixas, com um índice de solução de 81,83% (menos mal). Os campeões dessa lista são os bancos.

Missão dada a presidente da Caixa

Novo presidente da Caixa, o paraibano Carlos Antônio Vieira
Novo presidente da Caixa, Carlos Antônio Vieira (Crédito:Agência Brasil)

O novo presidente da Caixa, Antônio Vieira, é conhecido na instituição pelo estilo bonachão, afável e pouco político. Dificilmente ascenderia. Não é segredo de que seu padrinho é Arthur Lira. Outra característica de Vieira é sua neutralidade em assuntos polêmicos, mesmo amparado pelos corpos técnico, jurídico e pelo Conselho de Administração do banco – até por vice-presidentes. Mas há uma missão dada, da qual não poderá fugir, e pela qual terá de dar satisfação: controlar com mão de ferro a diretoria de Habitação. O presidente Lula quer a Caixa afinada com o Minha Casa, Minha Vida.

Novo diagnóstico do Dr. Luizinho

Líder do PP na Câmara e com aval do partido para articular seu nome, o deputado federal Dr. Luizinho desistiu da candidatura a prefeito do Rio de Janeiro. Avaliou que seria um alto risco trocar o domicílio eleitoral da Baixada Fluminense, que lhe garante 100 mil votos, para a capital.

Prestação de contas

Presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) vai impetrar ação para solicitar o afastamento da presidente eleita do Tribunal de Contas do Amazonas, Yara Lins. O irmão dela está envolvido em escândalos de corrupção na área da saúde na pandemia. Omar apontou provas ao STJ que ligariam a dupla às empresas sob suspeita.

Com mãos no manche

A Receita Federal avalia comprar um jato para usar em grandes operações de fiscalização. Falta bom senso ao órgão, caso vingue a ideia. Porque há os jatos da Polícia Federal. Além do mais, conta figurão do Governo, deveria investir em braços para fiscalização de portos e aeroportos, o grande gargalo, e não em mãos para manche.

NOS BASTIDORES

General de pijama

O general Braga Netto sonhava se eleger senador por Minas em 2026, com ajuda do eleitorado jovem do deputado Nikolas Ferreira e dos conservadores. O TSE lhe atropelou.

O resort da toga

Se havia dúvidas de o novo TRF (6ª região, em BH) ter gastos desnecessários, eis a prova: desembargadores se hospedaram fecharam resort em Tiradentes para evento. Cada suíte saiu por mais de R$ 3 mil.

Muito além das cercas

Vem aí uma nova guerra dos ruralistas contra o MST. O presidente da Frente Parlamentar Invasão Zero, deputado Zucco (Rep-RS), ingressou na PGR com pedido de investigação contra o ministro Paulo Teixeira (MDA), que defendeu as invasões.

De volta ao lar

O último carro de JK voltou ao Memorial que leva seu nome. O Exército reformou o Galaxie. Um tenente o dirigiu em passeio por Brasília, com André Kubitschek, bisneto do ex-presidente, como carona.