ROMA, 27 OUT (ANSA) – O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, anunciou nesta segunda-feira (27) a suspensão da “situação de emergência” declarada no sul do país, pela primeira vez desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.
“Decidi adotar a recomendação [do Exército israelense] e suspender, pela primeira vez desde 7 de outubro, o estado de emergência na frente interna”, indicou um comunicado de seu gabinete.
A medida, que permitia ao Comando da Frente Interna do Exército restringir aglomerações e fechar áreas específicas, havia sido declarada em todo o país, mas permaneceu em vigor apenas no sul desde então.
Segundo o governo israelense, “a decisão de suspender a situação especial na frente interna reflete a nova realidade de segurança no sul do país, alcançada graças às ações decisivas e resolutas de nossas tropas heroicas contra a organização terrorista Hamas nos últimos dois anos”.
A ordem expira oficialmente amanhã (28), marcando o fim de mais de dois anos sem qualquer “situação especial” ativa em Israel, que implementou um cessar-fogo com o Hamas, impulsionado pelos Estados Unidos, desde 10 de outubro.
Enquanto isso, famílias de reféns israelenses pedem cautela em relação à próxima etapa do cessar-fogo em Gaza.
De acordo com o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, ainda há 13 reféns em cativeiro, apesar do prazo do acordo para devolução de todos os 48 reféns já ter expirado há duas semanas.
“As famílias pedem ao governo israelense, à administração dos EUA e aos mediadores que não prossigam para a próxima etapa do acordo até que o Hamas devolva todos os reféns”, declarou o fórum.
Em uma entrevista que será exibida na emissora pública Kan, o ex-refém Bar Kuperstein, libertado em 13 de outubro como parte do acordo, relatou ter sofrido graves espancamentos durante seu cativeiro, que durou cerca de dois anos.
Kuperstein destacou que a violência teria sido motivada em retaliação às ações do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, em relação aos prisioneiros palestinos em Israel.
“Como você pôde deixar que nos maltratassem? Você é um ministro do governo? deveria cuidar de nós. Por que não cuida de nós?”, afirmou ele.
Em resposta, Ben Gvir declarou: “Eu apoio Bar Kuperstein e todos os reféns que retornaram, mas a mídia israelense está adotando a narrativa do Hamas. Todas as atrocidades cometidas em 7 de outubro aconteceram muito antes das mudanças nas prisões.” Kuperstein ainda relatou que seus sequestradores retinham intencionalmente comida e o espancaram várias vezes. “Eles nos colocaram contra a parede e nos espancaram até a morte. Disseram que era por causa de Ben Gvir ? ‘olho por olho, dente por dente'”, afirmou, detalhando o sofrimento vivido durante o cativeiro.
A suspensão da “situação especial” marca um ponto simbólico na normalização da vida no sul de Israel, mas a questão dos reféns e a tensão em torno de Gaza continuam a gerar preocupação no país e na comunidade internacional. (ANSA).