Mulheres de 80 países competiam neste domingo (12) pela coroa do Miss Universo na cidade israelense de Eilat, ignorando os pedidos de boicote em apoio à causa palestina.
A 70ª edição deste concurso anual, celebrado pela primeira vez em Israel, deve levar em conta a pandemia do coronavírus, e especialmente a emergência provocada pela variante ômicron.
Entre as participantes estão a Miss Marrocos, Kaouthar Benhalima, e a Miss Bahrein, Manar Nadeem Deyani, cujos países normalizaram as relações com Israel no ano passado.
O ministério sul-africano dos Esportes, Cultura e Artes tinha exortado sua candidata a não ir a Eilat, argumentando “as atrocidades cometidas por Israel contra os palestinos”.
Apesar destes apelos, Lalela Mswane viajou para o balneário do Mar Vermelho, onde se celebra a cerimônia.
– “Cumplicidade” –
Organizações palestinas também pediram para as candidatas não participarem do evento.
“Exortamos a todas as participantes a se retirarem para evitar qualquer cumplicidade com o regime de apartheid de Israel e sua violação dos direitos humanos dos palestinos”, pediu a Campanha palestina para o boicote acadêmico e cultural de Israel.
Em entrevista à AFP em Jerusalém em novembro, a Miss Universo que ostenta o título atualmente, Andrea Meza, do México, afirmou que o concurso deveria ser realizado fora da política.
“O Miss Universo não é um movimento nem político, nem religioso”, declarou.
Indonésia e Malásia, países que não têm relações diplomáticas com Israel, não enviaram candidatas, mas alegaram dificuldades ligadas à pandemia.
Os Emirados Árabes Unidos – que também normalizaram as relações com Israel e aonde o primeiro-ministro, Naftali Bennett, chegou neste domingo para uma visita histórica, tampouco enviaram representante “por problemas de tempo” durante a seletiva da Miss nacional.
– Críticas –
As participantes chegaram a Israel no fim do mês passado e desde então visitaram locais, sofrendo críticas por sua falta de sensibilidade cultural.
Durante visita à cidade beduína de Rahat, usaram vestidos com bordados palestinos tradicionais, enquanto enrolaram folhas de videira, o que a miss Filipinas, Beatrice Luigi Gomez, descreveu em um tuíte como um “dia na vida de um beduíno”.
Em Israel, os beduínos, povo tradicionalmente nômade, pertencem à comunidade dos palestinos cidadãos do Estado hebreu, que se queixa há tempos de discriminação por parte das autoridades israelenses nas áreas de habitação e educação.
“O colonialismo, o racismo, a apropriação cultural, o patriarcado, o embranquecimento, tudo em um só lugar”, criticou em um tuíte Ines Abdel Razek, do grupo de defesa Instituto Palestino de Diplomacia Pública.
As participantes do concurso devem ter entre 18 e 28 anos.
Segundo cálculos dos organizadores, a cerimônia de coroação será assistida por 600 milhões de telespectadores em 172 países.