O Exército israelense retirou suas tropas do sul de Gaza neste domingo (7), seis meses depois de uma guerra devastadora entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas e quando as negociações para uma trégua devem ser retomadas.

As forças de segurança de Israel indicaram, no entanto, que uma “força significativa” continuará operando no território sitiado, onde Israel está “a um passo da vitória”, segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O mandatário também insistiu que não haverá um cessar-fogo até o Hamas liberar todos os reféns, no momento em que negociações para uma trégua devem ser retomadas no Cairo.

“Hoje, domingo, 7 de abril, a 98ª Divisão de Comando das FDI [Forças de Defesa de Israel] concluiu sua missão em Khan Yunis”, afirmou o Exército israelense, após meses de combate que destruíram diversas cidades, sobretudo Khan Yunis, a cidade natal do líder do Hamas, Yahya Sinwar.

Na madrugada deste domingo, no entanto, as forças de segurança israelenses bombardearam o leste do Líbano, local com forte presença do Hezbollah, informou uma fonte próxima deste movimento pró-Irã, embora a Defesa Civil não tenha reportado vítimas.

O movimento islamista é considerado uma organização “terrorista” por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, disse à ABC que, em vez de uma mudança para uma nova operação, a decisão israelense provavelmente tinha a intenção de permitir que suas tropas “descansassem e se reequipassem”.

Separadamente, o Exército israelense disse neste domingo que havia concluído uma “nova fase” de preparação para o caso de uma “guerra” na fronteira com o Líbano, onde os combates com o Hezbollah estão se intensificando.

– Retorno de deslocados –

A guerra começou em 7 de outubro, quando o Hamas invadiu o sul de Israel e matou 1.170 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

Os combatentes palestinos também capturaram 250 pessoas, das quais 129 ainda estão presas em Gaza, incluindo 34 que se acredita terem sido mortas, de acordo com autoridades israelenses.

A ofensiva aérea e terrestre lançada por Israel em resposta deixou pelo menos 33.175 pessoas mortas em Gaza, de acordo com o último balanço do Ministério da Saúde do território, que é governado pelo Hamas desde 2007.

O conflito também deixou milhares de pessoas deslocadas internamente, segundo a ONU, tendo a maioria se refugiado em Rafah, na fronteira fechada com o Egito, onde a ONU estima que estão cerca de 1,5 milhão de palestinos.

Após o anúncio do Exército israelense, dezenas de refugiados palestinos em Rafah iniciaram sua viagem de retorno a Khan Yunis a pé, de carro ou em carroças, segundo imagens da AFP.

Neste domingo, caminhões carregados com ajuda humanitária entraram em Rafah procedentes do Egito. Suprimentos médicos também chegaram ao complexo médico Kamal Adwan em Beit Lahia, no norte do território.

Israel também impôs um cerco “completo” ao território, impedindo a entrada de água, combustível e alimentos.

No final de novembro, uma primeira trégua permitiu a entrada de ajuda em Gaza e a troca de uma centena de reféns por prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses.

Mas a ajuda, que chega aos poucos e requer a aprovação de Israel, não é suficiente.

– Nova rodada de negociações –

Na quinta-feira, o presidente americano, Joe Biden, exigiu que Netanyahu chegasse a um acordo para um cessar-fogo e insistiu na necessidade de aumentar o fluxo de ajuda para Gaza.

Biden, cujo governo é o principal fornecedor de armas de Israel, também sugeriu, pela primeira vez, condicionar a ajuda dos EUA a Israel a uma redução nas mortes de civis e a uma maior entrada de ajuda humanitária no território palestino.

Os diálogos entre as duas autoridades ocorreram após Israel ter anunciado a demissão de dois oficiais responsáveis pela morte de sete trabalhadores humanitários, na sua maioria estrangeiros, no ataque contra um comboio da ONG World Central Kitchen (WCK) na Faixa de Gaza.

As negociações para uma trégua devem ser retomadas neste domingo no Cairo, onde o diretor da CIA, Bill Burns, e o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman bin Al Thani, se encontrarão com mediadores egípcios para conversas indiretas entre as delegações de Israel e do Hamas, de acordo com a mídia egípcia Al Qahera News.

O grupo islamista palestino confirmou anteriormente que suas principais exigências são um cessar-fogo completo em Gaza, a retirada das forças israelenses e o retorno dos palestinos deslocados.

Netanyahu está sob crescente pressão interna para libertar os reféns. Na noite de sábado, dezenas de milhares de pessoas se manifestaram para exigir sua renúncia, e neste domingo, familiares dos reféns reuniram-se em Tel Aviv para exigir a sua libertação.

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