JERUSALÉM, 22 AGO (ANSA) – O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, definiu como “mentira descarada” o relatório de um sistema ligado à ONU que declara o estado de fome na Faixa de Gaza e culpa o país judeu pela carestia no enclave palestino.
“Israel não tem uma política de fome, Israel tem uma política de prevenir a fome”, disse o gabinete do primeiro-ministro em uma publicação no X.
O posicionamento chega após um relatório da Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar (IPC), sistema global de monitoramento da fome apoiado pela ONU, declarar oficialmente o “estado de carestia” no enclave palestino por conta do bloqueio à entrada de ajuda por Israel.
O documento diz que as vidas de 132 mil crianças com menos de cinco anos estão em risco e que 55,5 mil mulheres grávidas ou lactantes estão em condições de má nutrição, enquanto pelo menos 500 mil pessoas enfrentam “condições catastróficas caracterizadas pela fome”.
“O relatório do IPC é uma mentira descarada. Desde o início da guerra, Israel permitiu que 2 milhões de toneladas de ajuda entrassem na Faixa de Gaza, mais de uma tonelada de ajuda por pessoa”, rebateu o gabinete de Netanyahu.
“Como os relatórios anteriores do IPC, este ignora os esforços humanitários de Israel e o roubo sistemático do Hamas para financiar sua máquina de guerra”, ressaltou o escritório do premiê.
A ONU, no entanto, pensa diferente. Segundo o subsecretário das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, a fome é “abertamente promovida por alguns líderes israelenses como arma de guerra”.
Já o alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, declarou que utilizar a fome como “meio de pressão” é um “crime de guerra”, e as mortes em função de uma carestia provocada deliberadamente podem ser entendidas como “homicídios dolosos”.
De acordo com ele, isso é “resultado direto das ações tomadas pelo governo israelense”, que “limitou ilegalmente a entrada e a distribuição de ajudas humanitárias na Faixa de Gaza”. (ANSA).