Israel e Irã trocaram ameaças nesta terça-feira (16) depois que Teerã lançou um ataque contra o seu arqui-inimigo no sábado, aumentando os temores de uma escalada no Oriente Médio com a guerra em Gaza como plano de fundo.

“Não podemos ficar com os braços cruzados ante tamanha agressão, Irã não sairá impune”, afirmou o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, no dia seguinte ao chefe militar de seu país prometer uma “resposta” à agressão iraniana.

“Disparar 110 mísseis diretamente contra Israel não ficará impune. Responderemos no momento, no local e da forma que determinarmos”, acrescentou.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, reiterou nesta terça-feira que o país responderá de forma “severa” a “menor ação” de Israel contra “os interesses do Irã”.

Os dois dirigentes deram tais declarações, apesar dos apelos por moderação da comunidade internacional, que teme uma escalada das tensões do Oriente Médio, onde Israel está em guerra com o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza há mais de seis meses.

Uma escalada no Oriente Médio teria “consequências catastróficas para toda a região”, advertiu o presidente russo, Vladimir Putin, ao seu contraparte e aliado iraniano, segundo o Kremlin.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que deseja evitar que o conflito se propague pelo Oriente Médio e que Washington não participará de nenhuma ação de represália, apesar de seu apoio inabalável a Israel.

Teerã executou no sábado à noite um ataque inédito contra o território israelense, em resposta ao bombardeio que destruiu o consulado iraniano em Damasco em 1º de abril. O ataque na capital da Síria matou sete integrantes da Guarda Revolucionária e foi atribuído a Israel.

A quase totalidade dos mais de 300 mísseis e drones foram interceptados com a ajuda dos EUA e outros países aliados, afirmaram as autoridades israelenses.

– Uma “ofensiva diplomática” –

Enquanto decide de que forma responder, Israel anunciou nesta terça-feira que iniciou uma “ofensiva diplomática” contra o Irã e pediu a 32 países que adotem sanções contra a Guarda Revolucionária da República Islâmica e seu programa de mísseis, segundo o chanceler Israel Katz.

A secretária de Tesouro americana, Janet Yellen, assegurou que Washington “não duvidará” em intensificar as sanções contra Teerã e anunciou que novas medidas desse tipo podem ser aprovadas “nos próximos dias”.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu na segunda-feira à comunidade internacional para “permanecer unida” diante da agressão do Irã, que chamou de “ameaça” para a paz mundial.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, considerou nesta terça-feira que Netanyahu e sua “sangrenta administração” eram o “principal responsável” do ataque iraniano.

O ataque da República Islâmica não freou a determinação de Netanyahu de lançar uma invasão contra Rafah, cidade do sul de Gaza onde vivem 1,5 milhão de palestinos, a maioria deslocados de guerra.

A guerra em Gaza explodiu em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas atacaram o sul de Israel e mataram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo dados oficiais israelenses.

Também fizeram 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita que estão mortos, de acordo com as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou 33.843 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo movimento islamista.

– Israel mata comandante do Hezbollah –

Desde a fundação da República Islâmica, o Irã pede a destruição de Israel, mas até agora, o Irã havia evitado atacar Israel frontalmente

Os dois países travaram confrontos indiretos, em particular em operações que envolvem os aliados de Teerã, como o movimento libanês Hezbollah e os rebeldes huthis do Iêmen.

O Hezbollah, aliado do Hamas, reivindicou a responsabilidade por um ataque duplo de drones contra posições israelenses nesta terça-feira, logo depois que o Exército de Israel informou que três pessoas ficaram feridas na explosão de “dois drones armados” enviados do Líbano.

O Exército israelense também anunciou que matou um comandante pró-iraniano do Hezbollah em um bombardeio no sul do Líbano.

Um avião da Força Aérea “bombardeou e eliminou Ismail Yusaf Baz, o comandante do setor costeiro do Hezbollah”, na região de Ain Baal, no Líbano, segundo um comunicado militar.

O Hezbollah tem trocado tiros diariamente com Israel desde o início da guerra de Gaza, há mais de seis meses.

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