Israel prometeu, nesta quarta-feira (7), eliminar o novo líder do Hamas, Yahya Sinwar, a quem acusa de ser um dos mentores do ataque de 7 de outubro de 2023 que desatou a guerra em Gaza, nomeado após o assassinato de seu antecessor no Irã, o que elevou ainda mais as tensões no Oriente Médio.

O ataque com explosivos que matou Ismail Haniyeh não foi reivindicado, mas o Irã e o movimento islamista palestino Hamas, no poder em Gaza, o atribuem a Israel e prometeram vingança.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta quarta-feira que seu país está “determinado” a se defender e preparado “tanto defensiva como ofensivamente”.

O chefe do Estado-Maior Geral das Forças de Defesa de Israel, general Herzi Halevi, prometeu “encontrar” e eliminar Sinwar.

“Vamos nos esforçar para encontrá-lo, atacá-lo e que seja substituído como chefe do comitê político” do Hamas, disse Halevi.

Israel acusa Sinwar, de 61 anos, de ser um dos responsáveis pelo ataque brutal executado em 7 de outubro pelo Hamas em território israelense, que desencadeou a guerra em Gaza. Sinwar não aparece em público desde esse dia.

Um alto responsável do Hamas disse à AFP que a escolha de Sinwar envia uma mensagem de que o movimento “segue o caminho da resistência”.

Horas antes do assassinato de Haniyeh, um bombardeio reivindicado por Israel em um subúrbio de Beirute matou Fuad Shukr, comandante militar do movimento xiita Hezbollah, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã.

Os dois ataques inflamaram a região e ameaçam ampliar o conflito em Gaza, que já deixou quase 40 mil mortos no estreito território palestino de 2,4 milhões de habitantes.

– Hezbollah promete represálias –

Hezbollah e Irã são “obrigados a retaliar”, declarou Hassan Nasrallah, chefe do movimento armado libanês, na terça-feira.

O movimento xiita parabenizou Sinwar e afirmou que sua nomeação reafirma que “o inimigo […] não conseguiu seus objetivos”.

A comunidade internacional trabalha incansavelmente para tentar acalmar a situação e relançar as negociações para um cessar-fogo e a libertação dos reféns mantidos em Gaza pelo Hamas.

Os contatos diplomáticos se multiplicam, especialmente entre os países mediadores do conflito em Gaza: Estados Unidos, Catar e Egito.

Pela primeira vez, Antony Blinken, o secretário de Estado dos Estados Unidos – o principal aliado de Israel -, pediu publicamente a Irã e Israel que evitem uma “escalada” para um novo conflito militar.

O presidente da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), o ministro de Relações Exteriores de Gâmbia, Mamadou Tangara, declarou que o assassinato “atroz” de Haniyeh agrava “as tensões e faz com que o conflito ganhe maiores proporções e envolva toda a região”.

– ‘Como poderão se desenvolver as negociações?’-

A nomeação de Sinwar gera dúvidas sobre a perspectiva de uma trégua em Gaza, embora os Estados Unidos tenham considerado nesta quarta que ela está “mais perto do que nunca”.

“Há uma boa proposta para as duas partes e ambas devem aceitá-la para que possamos colocá-la em prática”, disse a jornalistas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

Contudo, muitos moradores da Faixa de Gaza estão pessimistas.

Sinwar, que passou 23 anos nas prisões israelenses e pertenceu ao braço armado do Hamas, “é um combatente, como fará negociações?”, questionou à AFP um deles, Mohammed al Sharif.

Por outro lado, outros cidadãos de Gaza acreditam que as discussões sobre um cessar-fogo podem ganhar impulso com Sinwar, já que ele supostamente vive no território palestino, ao contrário de Haniyeh, que estava radicado no Catar.

“Espero que isso acelere o fim da guerra, já que Sinwar vive na Faixa de Gaza, entre a população sitiada”, apontou Hani al Qani.

A guerra eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamistas mataram 1.198 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses. Entre os mortos estavam mais de 300 militares.

Também fizeram 251 reféns, dos quais 111 permanecem sequestrados em Gaza e 39 deles estariam mortos, segundo o Exército israelense.

A ofensiva israelense em Gaza deixou 39.677 mortos até agora, segundo o Ministério da Saúde deste território governado pelo Hamas desde 2007, que não detalha o número de civis e combatentes mortos.

Israel está em alerta há quase uma semana, aguardando a resposta prometida do Irã e de seus aliados.

No Líbano, os moradores tentam sair do subúrbio ao sul da capital onde Israel matou Shukr, um reduto do Hezbollah, mas os preços dos apartamentos em áreas mais seguras dispararam.

“Estamos com a resistência [Hezbollah] até a morte. Mas é normal ter medo […] e buscar refúgio”, disse à AFP Batul, uma jornalista de 29 anos, que pediu que seu sobrenome não fosse divulgado.

Vários países pediram a seus cidadãos que abandonem o Líbano e algumas companhias aéreas suspenderam os voos para Beirute.

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