O Exército israelense negou, nesta sexta-feira (8), ter jornalistas como alvo, depois que um relatório de especialistas deu novos detalhes sobre um ataque em que um tanque disparou e matou um jornalista e feriu outros seis no Líbano.

As Forças Armadas asseguraram que “não disparam deliberadamente contra civis, incluindo jornalistas”, depois que uma investigação da Organização Neerlandesa de Pesquisa Científica Aplicada (TNO) concluiu como “provável” que soldados israelenses tenham aberto fogo contra jornalistas com uma metralhadora, após ter disparado obuses de tanque contra eles.

O ataque, ocorrido em 13 de outubro no sul do Líbano, perto da fronteira com Israel, matou no ato Issam Abdallah, jornalista da Reuters.

Outros seis – dois da Reuters, dois da Al Jazeera e dois da AFP – ficaram feridos.

Um deles, a fotógrafa da AFP Christina Assi, de 28 anos, teve que amputar uma das pernas.

Uma investigação da AFP apontou em dezembro que, no ataque, foi utilizado um tipo de obus de tanque de uso exclusivo do Exército isralense.

Outra investigação da Reuters, com resultados preliminares da TNO, concluiu que foram disparados dois obuses de tanque da mesma posição do outro lado da fronteira.

Em seu relatório final, a TNO afirmou, na quinta-feira, que a análise de um áudio captado por uma câmera da Al Jazeera mostrou que os repórteres também foram atacados com projéteis de calibre 0.50 do tipo utilizado pelas metralhadoras Browning que podem ser acopladas aos tanques Merkava de Israel.

“Considera-se provável que um tanque Merkava, depois de disparar dois obuses, também utilizou sua metralhadora contra a posição dos jornalistas”, afirmou. “Não se pode concluir com certeza, já que não foi possível estabelecer a direção e a distância exata do tiro”.

O Exército israelense declarou nesta sexta-feira que as tropas responderam a ataques de combatentes do Hezbollah, usando “fogo de artilharia e de tanques para eliminar a ameaça”.

Em uma declaração à AFP, afirmou que foi informado “da lesão de jornalistas que se encontravam na região” após o fogo de suas tropas.

O “incidente seguirá sendo investigado” por um órgão militar, segundo o comunicado.

O Exército israelense assegurou que “considera de suma importância a liberdade de imprensa, ao mesmo tempo que esclarece que estar em uma região de guerra é perigoso”.

As ONGs Anistia Internacional e Human Rights Watch concluíram que o primeiro disparo foi provavelmente um obus de tanque lançado a partir de Israel.

Além disso, afirmaram que os jornalistas foram claramente identificados como tais e que o ataque merece uma investigação por “crimes de guerra”

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