Israel decidiu nesta quarta-feira (2) não entregar os corpos de palestinos mortos em confrontos com as forças israelenses a suas famílias, uma política que visa pressionar as autoridades palestinas e foi descrita como desumana pelos defensores dos direitos humanos.

Após uma reunião do gabinete de segurança, o ministro da Defesa e líder da coligação centrista Azul e Branco, Benny Gantz, celebrou a autorização do projeto de “não entregar (a suas famílias) os corpos dos terroristas”.

Até agora, o governo havia autorizado que fossem retidos por Israel apenas os restos mortais dos combatentes do Hamas, movimento islâmico armado no poder na Faixa de Gaza, que morreram em confrontos com vítimas israelenses.

A nova diretriz estende essa medida aos corpos de todos os palestinos, independentemente de sua filiação, mortos em confrontos com Israel e mesmo que não haja vítimas israelenses nos confrontos, indicaram as autoridades.

“Não devolver os corpos dos terroristas é parte do nosso compromisso com a segurança dos cidadãos israelenses e, claro, com o retorno dos meninos para casa”, disse ele, referindo-se a dois reféns israelenses e aos restos mortais de dois soldados israelenses detidos pelo Hamas, considerados como moeda de troca.

“Aconselho nossos inimigos a compreenderem bem e internalizarem esta mensagem”, acrescentou Gantz, cujas declarações foram criticadas pela ONG israelense Adalah.

A organização defende especialmente a família de Ahmed Erekat, sobrinho do secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) Saeb Erekat, morto há dois meses após uma tentativa de ataque com carro-bomba, segundo o Exército, cujo corpo não foi devolvido.

“Esta política de usar corpos humanos como moeda de troca viola os valores mais fundamentais e as leis internacionais que proíbem o tratamento cruel e desumano”, disse a Adalah em um comunicado.

Em confrontos recentes na cidade ocupada de Deir Abou Mashal, na Cisjordânia, três adolescentes com coquetéis molotov foram feridos pelos militares. Um dos jovens palestinos, Mohammed Hamdan, de 16 anos, morreu com os tiros, disse à AFP o chefe do conselho local Imad Zahran. Desde então seu corpo não foi devolvido à família, de acordo com fontes locais.