As negociações para uma trégua em Gaza “estão em bom caminho”, garantiram nesta quinta-feira (22) os Estados Unidos, um dos mediadores entre o movimento islamista Hamas e Israel, que voltou a bombardear a cidade superlotada de Rafah, no sul do território palestino.

No total, 97 pessoas morreram nos bombardeios das últimas 24 horas, afirmou o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada desde 2007 pelo Hamas.

Os Estados Unidos, que buscam junto a Catar e Egito alcançar um cessar-fogo e a libertação dos reféns capturados pelo Hamas desde 7 de outubro, enviou à região o conselheiro do presidente Joe Biden para o Oriente Médio, Brett McGurk.

“As primeiras impressões que recebemos de Brett são que as negociações estão em bom caminho”, afirmou um dos porta-vozes da Casa Branca, John Kirby, que também detalhou que o emissário esteve ontem no Cairo e que foi nesta quinta para Israel.

Também esteve no Egito esta semana o chefe do Escritório Político do Hamas, Ismail Haniyeh.

O Ministério da Defesa israelense indicou que as discussões entre o ministro Yoav Gallant e McGurk se concentraram na libertação dos reféns e que Gallant “destacou a importância de desmantelar os últimos quatro batalhões do Hamas no centro e no sul de Gaza”.

“Aniquilar” o Hamas e libertar os reféns são os objetivos do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que insiste em seu plano de lançar uma ofensiva terrestre em Rafah, que considera o “último bastião” dos islamistas.

A comunidade internacional acompanha com preocupação a situação dos 1,5 milhão de palestinos que superlotam Rafah, a maioria deslocados pela guerra.

O conflito explodiu em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em números israelenses.

No final de novembro, uma trégua de uma semana permitiu a troca de presos palestinos detidos em Israel por uma centena de reféns. Estima-se que 130 pessoas seguem retidas em Gaza, das quais 30 teriam morrido.

Em resposta ao ataque do Hamas, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza que deixou 29.410 mortos até agora, a grande maioria civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do território.

– Moradores de Gaza ‘viverão na pobreza’, diz BM –

Segundo a ONU, 2,2 milhões dos quase 2,4 milhões de habitantes do território palestino estão ameaçados pela fome.

A situação humanitária é especialmente alarmante no norte da Faixa, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), que na terça-feira foi obrigado a suspender o envio de ajuda devido à “violência” e ao “caos” que prevalecem na região.

“Praticamente todos os moradores de Gaza viverão na pobreza, pelo menos a curto prazo”, assinalou, por sua vez, o Banco Mundial.

– ‘Solução de dois Estados’, tema no G20 –

As discussões internacionais também estão em busca de soluções a longo prazo para o conflito israelense-palestino.

No encontro de chanceleres do G20 no Rio de Janeiro, “destacou-se virtual unanimidade no apoio à solução de dois Estados como sendo a única solução possível para o conflito entre Israel e Palestina”, afirmou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, anfitrião do evento.

Uma solução que Israel não parece disposto a colocar sobre a mesa de discussões, pelo menos de imediato.

O Parlamento israelense aprovou na quarta-feira, por ampla maioria, uma resolução proposta por Netanyahu contra qualquer “reconhecimento unilateral de um Estado palestino”, que, segundo o texto, equivaleria a recompensar “o terrorismo sem precedentes” do Hamas.

A votação ocorreu poucos dias depois de o jornal americano The Washington Post ter afirmado que os Estados Unidos e vários países árabes estavam desenvolvendo um plano de paz global com um calendário para a fundação de um Estado palestino após a guerra atual entre Israel e o movimento islamista em Gaza.

Na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, três palestinos abriram fogo com armas automáticas contra veículos nesta quinta-feira, em um engarrafamento perto de um assentamento israelense próximo a Jerusalém, deixando um morto e oito feridos, segundo a polícia israelense.

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