O exército israelense anunciou nesta terça-feira ter lançado uma operação para destruir túneis do movimento xiita libanês Hezbollah em território israelense perto da fronteira com o Líbano.
A operação “Escudo do norte” é o último capítulo no confronto entre Israel e esta formação simpática ao Irã, um dos grandes inimigos de Israel, na linha azul que determina a fronteira entre Líbano e Israel.
Esse confronto teve o território sírio como principal cenário nos últimos anos, mas as autoridades israelenses também denunciam agora as atividades do Hezbollah no Irã e no Líbano.
Segundo um porta-voz do exército israelense, o tenente-coronel Jonathan Conricus, tratam-se de “túneis de ataque” que não são ainda operacionais e a população do norte de Israel não corre risco.
“Lançamos a operação “Escudo do Norte” para terminar com a ameaça dos túneis de ataque da organização terrorista Hezbollah que vão da fronteira do Líbano até Israel”, disse o porta-voz.
Conricus informou que apenas atuam em território israelense.
Com essa operação, estabelecerão um perímetro militar na zona afetada, perto da localidade de Metula, no nordeste do país.
Também reforçarão a presença militar, mas sem mobilizar soldados de reserva, explicou o porta-voz do exército. Não foi dado nenhum alerta específico à população civil israelense, acrescentou.
“Consideramos as atividades do Hezbollah como uma violação flagrante da soberania israelense, o que volta a refletir o menosprezo total de Hezbollah às resoluções da ONU”, criticou Conricus.
Em 11 de agosto de 2006, a resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU encerrou 33 dias de uma guerra que deixou 1.200 mortos no lado libanês e 160 no israelense. Esta ofensiva de Israel, iniciada após o sequestro de dois soldados, não serviu para neutralizar o Hezbollah.
Após vários conflitos, Israel e Líbano continuam tecnicamente em estado de guerra, mas a situação na fronteira se manteve relativamente calma nos últimos anos.
Israel constrói atualmente uma barreira principalmente para deter eventuais tentativas de infiltração de homens do Hezbollah.
Seu objetivo é levantar um muro, com uma extensão de 130 quilômetros, ao longo da fronteira entre Israel e Líbano, em lugar vez da atual cerca.
– “Cúmplices” do Irã –
A rivalidade entre Israel e Hezbollah se refletiu nos últimos anos na guerra da Síria, onde o movimento xiita combate ao lado do regime de Bashar Al Assad, da mesma forma que seu aliado iraniano.
O exército israelense bombardeou em várias ocasiões os comboios militares do Hezbollah e posições das forças iranianas.
Na Assembleia Geral da ONU, o primeiro-ministro israelense acusou no final de setembro o Irã de tentar equipar o Hezbollah com mísseis de precisão para bombardear Israel.
O início da operação “Escudo do norte” acontece no dia seguinte de uma reunião entre Netanyahu e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em Bruxelas, que inicialmente não havia sido anunciada.
O primeiro-ministro israelense informou que foi a Bruxelas para tratar “as ações que adotamos conjuntamente para deter as agressões do Irã e seus cúmplices”.
Netanyahu se encontra em uma situação delicada quanto à sua política interna, depois que a polícia israelense recomendou no domingo acusá-lo em um terceiro caso de corrupção.