Charles Aznavour, 93 anos, lenda da música francesa e diversas vezes premiado, recebeu outra condecoração nesta quinta-feira (26) em Jerusalém, em homenagem a ajuda dada por sua família a judeus e armênios durante a Segunda Guerra Mundial.

O autor de “La Bohème”, recebeu das mãos do presidente israelense Reuven Rivlin a medalha Raul Wallenberg, outorgada pelo comitê de mesmo nome, com sede em Nova York.

Durante três anos, os Aznavour colocaram suas vidas em risco por ajudar a esconder judeus e armênios em seu modesto apartamento parisiense, segundo o comitê, que tomou conhecimento desse fato a partir de informações de um diplomata sueco famoso por ter ajudado milhões de judeus a fugirem da Hungria nos tempos de Holocausto.

“Podemos ler no Talmud (texto central da religião judaica), que quem salva uma só vida, salva a todas”, declarou o presidente Rivlin, “você e a sua família, querido Charles, salvaram a muita, muita gente durante os sombrios dias da Segunda Guerra Mundial, na França ocupada pelos nazistas”, acrescentou.

Rivlin não conteve a alegria pessoal em receber Charles Aznavour, diferentemente de todas as outras visitas que costuma receber. “Minha mulher e eu nos identificamos com as suas músicas, as magníficas canções de Charles Aznavour”, disse ao artista, que estava completamente vestido de preto, além de estar usando grandes óculos escuros.

“‘La Bohème’ era a nossa música”, disse.

“Tenho outra para você, muito especial”, interrompeu o autor de “Os prazeres antigos”, seguidas de gargalhadas.

“Recebemos muita gente aqui”, continuou o presidente, “mas hoje é realmente uma alegria”.

“É o que disse para mim mesmo hoje de manhã ao acordar”, relatou a esposa de Rivlin, por sua vez.

“Temos tantas coisas em comum, os judeus e os armênios, em relação a felicidade, desgraça, no trabalho, música, nas artes”, disse o artista, ressaltando que ter “um pouco a impressão de que vim ao mesmo esconderijo da minha família, porque porque temos os mesmos hábitos, tanto de viver, como de comer e beber.

Aznavour, que se apresentará no sábado em Tel Aviv, decidiu receber o seu prêmio em Israel por causa de sua “forte aproximação com o país e com o povo judeu”, comunicou a presidência.